ACERVO VIRTUAL HUBERTO ROHDEN E PIETRO UBALDI

Para os interessados em Filosofia, Ciência, Religião, Espiritismo e afins, o Acervo Virtual Huberto Rohden & Pietro Ubaldi é um blog sem fins lucrativos que disponibiliza uma excelente coletânea de livros, filmes, palestras em áudios e vídeos para o enriquecimento intelectual e moral dos aprendizes sinceros. Todos disponíveis para downloads gratuitos. Cursos, por exemplo, dos professores Huberto Rohden e Pietro Ubaldi estão transcritos para uma melhor absorção de suas exposições filosóficas pois, para todo estudante de boa vontade, são fontes vivas para o esclarecimento e aprofundamento integral. Oásis seguro para uma compreensão universal e imparcial! Não deixe de conhecer, ler, escutar, curtir, e compartilhar conosco suas observações. Bom Estudo!

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Palestras transcritas de Huberto Rohden ( Curso de 1977 - Série Nova Humanidade)

Comentário(s)



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Palestras Huberto Rohden (Série Nova Humanidade)



TRANSCRIÇÃO DA AULA 01 -  O Mistério do Gênesis 


CURSO NOVA HUMANIDADE
 Huberto Rohden 
Aula 1: O mistério do Gênesis
(29/03/1977)

Teilhard de Chardin, este grande cientista francês disse que a humanidade traça o seu itinerário, através de quatro estágios: hilosfera, biosfera, noosfera, logosfera.Ele gosta de falar grego, mas, nós vamos falar português:
Hilosfera – esfera da matéria
Biosfera - esfera da vida
Noosfera – esfera da inteligência
Logosfera - esfera da razão (a razão espiritual)
Então a antiga humanidade é da hilosfera, biosfera e noosfera. Cá estamos nós agora.Nós não ultrapassamos ainda o 3o estágio da noosfera. A esfera do noos, da inteligência. Chegamos até aqui. Temos que subir ao estágio que Teilhard de Chardin chama a logosfera.
O Cristo estava na logosfera e alguns grandes iniciados chegaram perto da logosfera. Se chegarem para dentro, não sabemos. Mas, nós estamos muito abaixo da logosfera. Então, em vez de falarmos da nova humanidade (logosfera) vamos falar primeiro da velha humanidade que somos nós.
A velha humanidade é do presente e do passado.Vamos esperar que a nova humanidade não muito cedo, mas algum dia, chegue até a logosfera.Tanto assim que o maior dos iniciados disse: “Vós fareis as mesmas obras que eu fiz, fareis obras, até maiores do que eu”. Isto seria uma logosfera.
Nós não sabemos se já existiu uma humanidade anterior à nossa. Isto é hipótese, mas que não podemos provar. É possível que tenha existido uma outra humanidade talvez mais avançada.Mas a nossa é essa que conhecemos. Deve ter alguns milhões de anos, não sabemos.É bastante antiga. Não pensem que seja nova. Mas é ainda a velha humanidade da hilosfera, da biosfera e da noosfera. Isto eu chamo a velha humanidade.
Agora nos perguntam: como é que nós sabemos algo da humanidade do passado? Não temos documento.Quem é que escreveu a história da humanidade de milhões de anos atrás. Ninguém escreveu, e se alguém escreveu, nós não temos livros daquele tempo. Os livros mais antigos que temos remontam há mais de 7000 anos, mais ou menos. O que aconteceu há 7000 anos atrás temos alguma notícia, mas, o que aconteceu milhões de anos atrás, não sabemos. E agora como é que vamos saber do princípio da humanidade.
Vamos mencionar dois livros antiqüíssimos que falam da origem e evolução da humanidade primitiva. Um de mais ou menos 7000 anos. Outro de 3500 anos (metade do primeiro). O primeiro livro que trata da evolução da humanidade, mas não propriamente da sua origem, nasceu na Ásia- na Índia, no oriente longínquo, e chama-se  “A Sublime Canção”. Em sânscrito “Bhagavad Gita”.Muitos conhecem este livro de 5000 anos AC. Tempo dos Vedas. Contando de lá para cá são 7000.
A Bhagavad Gita fala de dois tipos de homem; do homem ego e do homem eu como diríamos em linguagem moderna. Abri os primeiros capítulos da Bhagavad Gita e encontrareis o homem ego que se chama Arjuna e o homem Eu –que se chama Krishna.São dois heróis que vão através dos 18 capítulos. Arjuna se encontra com Krishna no campo de batalha de Kurukshetra.
Arjuna representa o homem muito atrasado, muito primitivo. O homem ego como nós diríamos.O homem da hilosfera, biosfera e noosfera.Todos devem ter o Bhagavad Gita porque é um livro muito importante. Krishna representa a logosfera, o homem plenamente realizado.Até parecido com Cristo.É o homem plenamente realizado. O verdadeiro Eu, o redentor, plenamente remido e realizado, libertado de todas as misérias.
Arjuna representa o homem muito primitivo, redimível, mas ainda não redimido. Realizável, mas ainda não realizado. A Bhagavad Gita como dizíamos remonta a 7000 anos, não em forma de livro, mas em forma de tradição oral que ia de geração em geração, lá na Índia antiga. Porque a cultura oriental tem mais ou menos 7000 anos de existência. A cultura ocidental não passa de 2 500 anos.A cultura européia tem mais ou menos 2 500 anos. Começa com a filosofia grega que é de 500 ac. E da fundação do império romano que também é de 500 aC. Isto dá a contar daqui  2500 anos, que é a cultura ocidental européia. Agora, para cá do Atlântico, nós recebemos parte da cultura européia. Nós temos 500 anos. Que são 500 anos de cultura? É a infância. Nós estamos mais ou menos na infância da cultura ocidental. A Europa está mais ou menos na adolescência e a Ásia, na maturidade porque com 7000 anos é uma cultura muito antiga.
Os grandes países da Ásia, sobretudo a Índia, China e Japão têm uma cultura muito mais antiga do que nós temos aqui no ocidente. E a Bhagavad Gita nasceu na Ásia, no oriente longínquo, na Índia - não tem autor. Krishna não é autor da Bhagavad Gita. Ele é um dos atores principais. Um dos heróis. Quem é o autor da Bhagavad Gita. Ninguém sabe. A Bhagavad Gita é o único livro que não tem autor. Nasceu da consciência espiritual da Ásia.A consciência espiritual da Ásia se cristalizou nas páginas da Bhagavad Gita. Quase 2/3 da humanidade se dirigem pela Bhagavad Gita. Atualmente (1977) tem mais ou menos três bilhões de habitantes aqui na terra. Mais ou menos dois bilhões se dirigem pela Bhagavad Gita.
Toda a Ásia, a parte mais povoada do globo (1/3 é do Ocidente e 2/3 do Oriente). Mais ou menos 1/3 se dirige pelos livros da Bíblia, pelo Antigo Testamento e pelo Novo Testamento. 2/3 da humanidade não são cristãos, apenas 1/3 é cristão. Nominalmente, pelo menos. Não vamos dizer praticamente, mais nominalmente eles dizem que são cristãos. O oriente é o que nós chamamos pagãos. Mas pagão não quer dizer ateu, por favor. Muitos pagãos são profundamente religiosos e místicos. Alguns mais do que os próprios cristãos. Quer dizer que a Bhagavad Gita já trata da evolução do homem ego para o homem Eu, que é um tema muito atual. Hoje em dia todo mundo fala em autoconhecimento e auto-realização que parece ser uma coisa nova. Aqui no ocidente é coisa nova, mas, no oriente é coisa antiqüíssima.
A Bhagavad Gita não trata de outra coisa. O homem deve conhecer-se a si mesmo para se poder realizar plenamente. Sem autoconhecimento não há auto-realização. Se eu não sei o que eu sou, não posso viver como eu devo viver como homem integral, como homem perfeito. Isto é da Bhagavad Gita. Quer dizer, o primeiro livro que trata da evolução do humanidade nasceu na Índia, 7000 anos antes da nossa era.
Agora vamos passar ao 2o livro que é mais conhecido nosso: O Gênesis. O Gênesis pareça ser do Ocidente porque é o primeiro livro da Bíblia, mas não nos esqueçamos que toda a bíblia é oriental. Nós a usamos com se fosse ocidental, mas a Bíblia nasceu na Ásia. O Gênesis foi escrito na Arábia. A Arábia é oriente médio, mas faz parte da Ásia. Quem escreveu este livro que trata da origem do mundo e da origem da humanidade? E depois também trata da evolução da humanidade (o Gênesis –mais ou menos 3500 anos antes, 1500 AC.) é um homem misterioso de que nada sabemos.
Não sabemos quem era seu pai, não sabemos quem era sua mãe. Não sabemos nada deste homem misterioso que escreveu o Gênesis, chamado Moisés. Todo mundo usa este nome, mas não sabe. Pela Bíblia sabemos que ele nasceu no Egito sob o domínio dos faraós. Não se sabe quem era o pai dele e nem se sabe quem foi a mãe de Moisés. Tudo é duvidoso. A Bíblia diz que uma princesa egípcia da corte do faraó encontrou este menino nas águas do Nilo, mas que era filho de hebreus. E ela o recolheu e o adotou como se fosse filho dela. Isto consta pelos textos da Bíblia e ela o educou durante 40 longos anos na corte do faraó...e o instruiu em toda a sabedoria dos egípcios.
Vocês sabem que a sabedoria do Egito é muito grande. Era um povo avançadíssimo em certas coisas. Até mais avançados do que hoje em dia nós somos. Conheciam coisas que hoje não conhecemos. Em magia mental os Egípcios eram acima de tudo. Eles sabiam de segredos da natureza que nós até hoje não descobrimos. Como se construíram as pirâmides até hoje é um grande problema. Nossos aparelhos mais modernos, nossos guindastes mais poderosos não são capazes levantar aqueles enormes blocos de pedras que formam as pirâmides. E por que as construíram? Para que serviam as pirâmides? Dizem que eram túmulos dos faraós, mas, isto já está em dúvida há muito tempo. Eram antes templos de iniciação, templos misteriosos de iniciação, porque os Egípcios conheciam muito de iniciação misteriosa. Quer dizer, eles já eram um povo avançadíssimo em muitas coisas. Até conheciam eletricidade e em grande parte energia atômica.
Consta em muitos textos da bíblia que eles já tinham conhecimento disso. E muitos pensam que eles são descendentes dos Atlantis, daquele continente misterioso dos Atlantis que não existe mais, que foi a pique. Não se sabe porque. E que restam algumas vidas no Oceano Atlântico. Pensam que alguns deles se salvaram e formaram a povoação do Egito mais tarde e trouxeram conhecimentos de uma outra humanidade que não existe mais.
Moisés na corte do faraó foi educado e instruído em toda a sabedoria dos egípcios durante 40 longos anos. Aos 40 anos ele teve que fugir. Ele cometeu um homicídio: um egípcio que maltratava um hebreu. Defendeu os hebreus contra os egípcios que maltratavam e matou. A polícia egípcia o perseguiu, e Moisés teve que fugir. Fugiu da África porque o Egito é da África. É engraçado. Moisés africano.
Quando nós dizemos africano, nós entendemos sempre gente de cor, mas, havia muitos africanos que não eram negros, não eram camitas mas eram de outras raças. Os fenícios não eram negros. Os egípcios não eram negros embora muito morenos. Moisés pela geografia era africano mas não na raça camita que é outro tipo de africano. Então, ele nasceu no Egito mas emigrou para a Ásia quando ele fugiu da polícia do faraó- ele foi para a Arábia, oriente médio. Ele tinha 40 anos, diz o texto. Lá ele chegou como um pobre peregrino à casa de um sheik.Os caciques árabes se chamavam sheiks, e ele se tornou pastor de rebanhos. Na casa de seu futuro sogro Ietro - mais tarde ele se casou com a filha mais velha do sheik, Zéfora.
Viveu mais de 40 anos na Arábia - 40 anos no Egito e 40 anos com o sogro, guardando rebanhos. Eu estou certo que nessa época ele escreveu o Gênesis. Estou citando isto porque quando ele fugiu do Egito ele não tinha escrito o Gênesis. Ele escreveu o Gênesis nos 40 anos que ele foi pastor na Arábia. Era um tempo muito propício para ter inspirações e revelações de outro mundo. Os pastores, geralmente são muito videntes, muitos são clarividentes. O pastor dorme de dia e vigia de noite, porque de noite é um perigo para o rebanho. Os chacais,as hienas e os  lobos invadem o rebanho de noite. São animais noturnos. Então o pastor tem que vigiar de noite e dormir de dia. De dia não há muito perigo.
Moisés certamente vigiava noites inteiras, sentado numa pedra nas estepes da Arábia, no meio do rebanho, vigiando. Agora imaginem um pastor que passa noites inteiras sentado numa pedra sob a luz das estrelas! Tem tempo para muita meditação. Quando os rebanhos estão tranqüilos, não há perigo de invasão das feras. Ele pode abismar-se em meditação do infinito e certamente Moisés se tornou um grande clarividente e até um cosmo-vidente durante os 40 anos  em que ele foi pastor na Arábia.
E neste tempo ele escreveu o Gênesis. Trata do princípio do mundo e do princípio da humanidade. Os primeiros capítulos pelo menos. Vamos tratar só dos primeiros capítulos. O princípio do Universo e o princípio da humanidade. Pergunta-se como é que Moisés podia saber do princípio do Universo e do princípio da humanidade? Ele assistiu a isso. E vocês vão dizer. Não assistiu o princípio do Universo porque o Universo não começou há  3500 anos. Começou há bilhões e bilhões de anos antes de nossa era, como é que ele assistiu o princípio do Universo? A creação dos mundos e mesmo a creação da humanidade?
Eu afirmo que ele assistiu a tudo isto. Vocês ficam espantados por eu dizer tal coisa mas eu afirmo que Moisés assistiu ao princípio do cosmo e do homem. Como assim? Nós vamos entrar nesta coisa misteriosa.
Tempo e espaço é pura ilusão. Não existe nem passado e nem existe futuro. Tudo é presente. Eu disse isto diversas vezes nas minhas aulas de tv. E D. Xênia fica espantada quando eu digo que passado e futuro não existem. Ela diz: “Então, nada é passado, nada é futuro, tudo é presente?” Tudo é presente. Sucessividade é uma ilusão. Simultaneidade é a verdade. Tudo é aqui e agora. Nada foi e nada será. E como é que falamos no passado. E como é que nós queremos falar no futuro. Quer dizer que os profetas e videntes conhecem o futuro.
Não é verdade, eles vivem no presente e por isso é que eles são profetas, são videntes. Quando nós dependemos dos nossos 5 sentidos, nós acreditamos em passado e futuro, porque os  sentidos nos dão a ilusão que uma coisa passou e que outra coisa ainda não chegou. Pelos nossos sentidos nós falamos em passado e futuro. Se nós pudéssemos conhecer alguma coisa independentemente de nossos sentidos, pelo puro espírito que não tem sentidos, que é o nosso eu .Se não dependesse dos sentidos, do nosso querido ego. Imagine! É difícil pensar nisso.Nós dependemos inteiramente dos nossos sentidos.
Como é que eu posso conhecer alguma coisa sem ver, sem ouvir, sem tanger, que são coisas dos sentidos. Os nossos sentidos são do ego físico. O nosso Eu é puro espírito. Está num invólucro de matéria e este invólucro material obriga o nosso espírito a acreditar nos sentidos, porque geralmente o nosso espírito  não pode conhecer diretamente as coisas a não ser através dos sentidos. Nós dependemos inteiramente dos nossos sentidos.
Mas, há certos homens que em momentos extremos se emancipam da escravidão dos sentidos. Há homens assim. São poucos, mas de vez em quando aparece. Há pessoas que conhecem diretamente sem os olhos, sem os ouvidos e sem o tato. Conhecem a realidade independentemente dos sentidos. Nós chamamos estes, os clarividentes. Os cosmo-videntes ou que outro nome tenham. Sempre existiam e ainda existem hoje, alguns.
Moisés deve ter sido um grande clarividente. Quando ele estava sentado 40 longos anos no meio dos seus rebanhos, das estepes da Arábia sob a luz das estrelas da meia noite, ele deve ter intensificado a sua visão cósmica a tal ponto que ele se emancipou dos sentidos. Ele não precisava ver, ele não precisava ouvir, ele não precisava tanger. Ele não precisava nem pensar. Ele entrou na intuição espiritual, porque o pensamento depende dos nossos sentidos.
Nada há no intelecto que antes não tenha estado nos sentidos” - diz o velho adágio filosófico. Isto é verdade. Nós não temos nada na inteligência que não seja derivado dos sentidos. O clarividente não precisa dos sentidos. E não precisa da inteligência. Ele entra numa nova zona que chamamos intuição espiritual. Na intuição nós recebemos diretamente do cosmos, diretamente da alma do universo.
A Alma do Universo nos invade quando nós estamos em estado de intuição espiritual. Isto é o estado mais avançado da humanidade, para além dos sentidos, e para além da inteligência, o homem  pode ter conhecimento direto. Isto se chama intuição, revelação e também inspiração.
Quando alguém está nesse estado estranho de intuição, ele nada sabe do passado. Nada passou. Tudo é presente. Também ele não sabe nada do futuro. O futuro é presente para ele e o passado é presente. Aniquilaram-se as ilusões do passado e aniquilaram-se as ilusões do futuro e entrou na grande verdade do presente.O presente é a eternidade.

2a parte

Presente é a eternidade, eternidade não é tempo. Eu sei que muitos pensam que a soma total do tempo é a eternidade. Pura bobagem! Eu tive que aprender até no catecismo. A minha professora de catecismo fazia comparações muito engenhosas para mostrar que a soma total do tempo é a eternidade e como criança a gente tem que acreditar nisso. Mas quando a gente começa a pensar independentemente descobre que a eternidade nada tem que ver com o tempo. A eternidade é aquilo onde não existe tempo. Tempo é passado e futuro. Presente não é tempo. Presente é eternidade.
Então Moisés deve ter vivido na eternidade do presente. E na eternidade ele não viu a creação do mundo como um fato passado. Ele estava vendo no momento a creação do Universo. Ele escreve: “No princípio crearam os Elohim o céu e a terra” (ele nunca fala em Deus).Os Elohin (plural) - as potências cósmicas.
No princípio crearam as potências cósmicas, o céu e a terra. Crearam é passado. Ele escreveu para os seus leitores comuns. Se tivesse escrito para si mesmo, ele não teria escrito que é passado; teria dito: neste momento os Elohim estão creando... Mas como ele tinha que escrever para os outros que não estavam na clarividência então ele escreveu: “No princípio crearam as potências cósmicas, o céu e a terra”. Quer dizer, ele assistiu a creação do universo porque ele não estava no passado nem no futuro, mas ele estava no presente.
No  presente tudo é simultâneo.Nada é sucessivo. É muito difícil a gente compreender quando está acordado com nós. Se nós estivéssemos em samadi, em êxtase que é o estado de clarividência pura, estado de interiorização pura que os hindus chamam samadi e que os gregos e romanos chamavam êxtase. Os zen-budistas chamam satori...bem tudo isto é a mesma coisa. Isto é a visão da realidade independentemente de futuro e passado. Para nós é difícil.
Eu me lembro sempre quando Kenedy foi assassinado, em Dallas, 2 semanas antes, uma clarividente norte-americana,que morava na Califórnia chamada Dean Dickison sabia que Kennedy ia ser assassinado. Ela foi a Washington e pediu que cancelasse sua viagem para o sul dos Estados Unidos. Foi à Casa Branca para falar com a secretária de Kennedy que lhe permitisse falar com o presidente e a secretária disse:
-Mas, a senhora o que quer dizer ao presidente?Eu preciso dizer  porque a Senhora quer falar com ele, porque não é fácil falar com o presidente.
-Eu preciso falar para que ele não vá a Dallas porque voltará cadáver.
-Mas, eu não posso falar ao presidente para que ele cancele uma viagem planejada, porque a senhora tem estas visões. Eu sou uma pessoa sensata. Eu não posso desmoralizar-me perante o presidente acreditando nas coisas que a senhora está falando. E não apresentou a Dean Dikson ao presidente. Ela foi para casa triste porque sabia que ele ia ser assassinado. Foi assassinado em Dallas.
E quando chegou a notícia pelo rádio que o presidente tinha sido baleado e estava gravemente, perto da morte, ela leu a notícia nos jornais e disse. Ela não só foi baleado, ele morreu. Porque para a notícia naturalmente levou algum tempo até ser publicado, mas naquele momento, ele já estava morto. Ela disse: “Ele não está gravemente ferido, ele está morto”, e ainda nenhum jornal tinha dado a notícia.
Como é que ela viu o futuro? Ela não viu o futuro, ela viu o presente. Porque para os clarividentes não há tal coisa como futuro que é pura ilusão dos nossos sentidos. Não há passado e nem há futuro. Ela viu o presente porque no presente tudo é simultâneo. Para os nossos sentidos tudo é sucessivo.
Moisés deve ter vivido terrivelmente no eterno presente quando ele escreveu o Gênesis. Uma vez numa aula eu quis concretizar esta idéia de que não há passado e futuro e usei o meu pequeno canivete que tem 8cm de comprimento.Suponhamos o seguinte: neste pequeno canivete de mais ou menos 8 cm de comprimento tem aqui, um micróbio ultramicroscópico de manhã cedo (numa ponta), e vai  fazer esta viagem. Começa aqui de manhã e vai chegar aqui (na outra ponta), de noite. O micróbio está aqui.Eu não posso ver porque ele é muito pequeno.
Ao meio dia ele está aqui no meio. Aí ele descansa  um pouco e diz: isto é passado (atrás). Isto é futuro para ele (frente). Porque ele tem uma visão muito míope. Naturalmente ele tem que dizer que aquilo que eu já percorri é passado, e aquilo que ainda vou percorrer é futuro. Isto é a visão de um micróbio.
Eu tomo este canivete diante dos olhos, não movo os olhos e vejo todo o canivete de uma vez só. Eu não preciso correr da esquerda para a direita. Não, eu vejo perfeitamente desde aqui até aqui. Para mim todo o canivete é presente. Para o micróbio, uma parte do canivete é passado e outra parte, é futuro. É o modo como alguém conhece que ele chama passado.Nada mais.Passado é o modo de conhecer sensorial.
Independente do conhecimento sensorial não existe nenhum passado e não existe nenhum futuro. Digo isto para que vocês possam mais ou menos ter uma idéia do que Moisés escreveu: “No princípio os Elohim crearam o céu e a terra”.O que ele chama “no princípio”? Antes do tempo, não existe princípio. Onde não há tempo não existe princípio. Na eternidade não existe princípio nem fim. No tempo há princípio e há fim. Quer dizer, princípio e fim são ilusões dos nossos sentidos.
Quando os Elohin (as potências cósmicas), começaram a creação, então começou o princípio e algum dia vai ter fim. Então ele diz que “No princípio os Elohim crearam o céu e a terra”. Que são os Elohim? O Gênesis nunca fala em Deus. Nós é que traduzimos Deus. O texto grego traduz Deus e o texto latino traduz Deus. Mas, no texto em que Moisés escreveu não há uma palavra de Deus. Sempre os Elohim. É plural. Elohim são poderes ou potências cósmicas como prefiro dizer. Então Moisés diz que o Universo foi creado pelas potências .Que potências ? Naturalmente não potências humanas, potências cósmicas.
O que Moisés entendeu por Elohim. Sempre no plural. Os Elohim crearam o universo. Os Elohim crearam o homem.Não é plural de pluralidade. É plural de majestade. Nós não dizemos: Vossa Majestade (uma pessoa só) Vossa Santidade, Vossa Excelência, Vossa Senhoria,  Vossa Mercê. Falamos de uma pessoa só, não de muitas pessoas.
No mundo inteiro se fala assim. Quando se quer exprimir senso de superioridade, majestade, então a gente usa o plural. E Moisés também usa sempre o plural quando fala do creador. E sempre os creadores, as potências creadoras.Em hebraico os Elohim. Então Moisés não entendeu por Deus uma pessoa, um indivíduo como as nossas pobres teologias inventaram depois. Que Deus é uma pessoa, até três pessoas. Ou pelo menos um indivíduo, uma entidade individual.Moisés não sabia nada disso.
Ele fala das potências que crearam o Universo, das potências, is\to é, o que Spinoza, o grande monista do século XVII chamaria, “A Alma do Universo”. Spinoza, aquele grande pensador luso-holandês.Os pais eram portugueses. Aliás, ele não se chamava Spinoza. Lá em Portugal era De Espinhosa. Mas como os pais emigraram para a Holanda, onde não se falava português, os holandeses latinizaram o nome. Em vez De Espinhosa, Spinoza. Ele nasceu em Amsterdã, na Holanda e se tornou o grande pensador do século XVII. Monista, não panteísta.
Spinoza diz: “Deus é a alma do Universo e o Universo é o corpo de Deus”. Grande verdade.A Alma do Universo, a parte invisível do Universo que Moisés chama os Elohim, isto é que Spinoza que também era judeu chama Alma do Universo. “A Alma do Universo creou o Universo”. Spinoza diz que Universo é a manifestação material do espírito universal. Exatamente a idéia de Moisés.Os Elohim crearam os céus e a terra. Céus no plural. Entende como a parte invisível deste universo material. O que é que chamamos isto/ a luz cósmica.
Isto foi dito por Moisés 3 500 anos antes do nosso tempo. Que no princípio os Helohim crearam a luz cósmica. E quando a luz se condensou, então apareceu a matéria, porque a matéria não é outra coisa senão luz condensada ou energia congelada como diz Einstein.
Einstein que é do século XX- faleceu em 55 (eu estive com ele mais de 1 ano em Princeton). Ele diz que a base de todos os 92 elementos da química é a luz cósmica. Isto foi dito no século XX, mas 3500 anos antes, isto foi dito por Moisés. Einstein repetiu em forma científica o que Moisés  tinha dito em forma intuitiva.
Moisés diz que os Elohim crearam o universo em 6 períodos.Cuidado com as traduções. Nós dizemos em 6 dias.Mas lá não tem nada de dias, no Gênesis. Lá está Yom, quer dizer período. O período da creação pode ter levado milhões de anos de anos, cada um. No primeiro Yom, os Elohim crearam a luz, porque os Elohim disseram: ”Haja luz” e apareceu a luz. Que luz? Não a luz do sol, porque segundo Moisés o sol e as estrelas apareceram no 4o período.Nos 3 primeiros períodos não havia nem sol nem estrelas, nem lua, nem nada disto.
Que luz era esta nos 3 primeiros períodos que podem ter tido milhões e bilhões de anos cada período?
No primeiro período os Elohim disseram “Haja luz” e houve luz. Quer dizer: Moisés supõe que toda a matéria veio da luz. Que a base de toda de todas as coisas materiais é a luz cósmica. Não a luz solar, porque a luz do sol apareceu no 4o período. É estranho que o homem que viveu 3500 anos antes de nós sabia das muitas coisas que Einstein formulou em nossos dias cientificamente. Que a base de todas as coisas materiais é luz. Não luz solar.
Luz solar é luz focalizada. A luz universal, a luz que não tem foco, a luz difundida por todo o Universo. Para nós a luz cósmica é completamente invisível. Ninguém pode ver a luz. Nós só podemos ver a luz quando ela está focalizada, quando está condensada, ou no sol ou nas estrelas, ou na lua., ou em nossa luz elétrica. Mas quando a luz não está condensada, nós não podemos ver a luz
Então, no primeiro yom diz Moisés, os Elohim crearam os céus que é a luz. Os céus no plural, a luz cósmica, e da luz cósmica veio a terra. Imagine que intuição. Ele não tinha estudado como nós. Intelectualmente, analiticamente, mas o homem de intuição cósmica recebe mensagens, perfeitamente exatas.Ele não explica nada. O que se analisa, explica; mas o que se intui não se explica. A gente recebe mensagem e pronto.Não pode explicar a ninguém como ele recebeu a mensagem. E assim podemos dizer que Moisés assistiu a creação do Universo. Não no passado, mas no presente. Porque ele estava no presente, na intuição. E depois ele assistiu a origem do Homem, também no presente. Não no passado. Para nós que dependemos dos sentidos, isto é passado. Mas, quem se emancipou da escravidão dos sentidos, não existe tal coisa como passado. Nem existe futuro. Só existe o eterno presente. O presente é a realidade, o passado e o futuro são ilusões dos nossos sentidos.
Estou dizendo isto previamente para que depois possamos compreender um pouco o que ele escreve sobre a origem da humanidade. Ele assistiu no eterno presente. A isto ele conta como sendo no passado. Ele escreve para outros que  não são intuitivos. Ele escreve para os leitores analíticos, que dependem dos sentidos. Ele não escreveu para si, que não dependia dos sentidos.
Depois vem a história da origem do homem, um perfeito paralelo a Bhagavad Gita. O homem aparece num campo de batalha. Vejam na Bhagavad Gita. Arjuna estava no campo de Kurukshetra, na Índia e encontrou-se com os seus inimigos, os Kurus. Ele era dos Devas. Os Devas são os bons espíritos. Os Kurus são os maus espíritos. Kurus com K, e não Gurus com G.
Kurus são os espíritos inferiores. Os Devas (a nossa palavra Divino tem o mesmo radical de Devas). São os espíritos superiores. Então Arjuna encontrou-se com o exército inimigo dos kurus.Ficou desanimado. “Eu vou derrotar este poderoso exército dos Kurus? Não posso. Eles são muito poderosos”. E Arjuna deixou cair o arco e a flecha, e disse: “eu não vou combater, eles roubaram meu trono e o meu reino, paciência, eu fico sem trono, sem reino, mas eu não vou derrotar os meus inimigos. Que eles tomem conta de tudo. Que me escravizem como quiserem. Eu não vou lutar”.Está na Bhagavad Gita. Ele estava tão desanimado no campo de batalha.
Aparece então Krishna, o homem plenamente realizado, o Eu superior e diz: “Que é isso Arjuna? Desanimado assim por causa da prepotência dos seus inimigos? Apanhe o arco e a flecha. Derrote os seus inimigos!” E Arjuna diz: “Mas eles são todos meus parentes, são os meus antepassados, são meus pais, são  meus irmãos, são meus amigos e meus mestres (está lá). Eu vou derrotar todos eles que são meus mestres e meus parentes?”. E diz Krishna: “Derrota-os, é preciso recuperar o seu trono e reino. Você foi espoliado. Você tem obrigação de recuperar o seu reino”.
Mahatma Gandhi e Rabindranat Tagore são os dois grandes intérpretes da Bhagavad Gita. Tagore, o grande poeta místico da Índia e Mahatma Gandhi, o grande iniciado de nosso século dizem: “Isto é simbólico. Krishna não manda matar fisicamente os inimigos. Aqueles inimigos são as coisas do ego e Arjuna tem medo de derrotar as coisas do ego, por isto Krishna diz:’ os Devas estão contigo. O Eu divino está contigo e te ajuda na luta. Derrota o teu ego, dá triunfo ao teu eu, porque o ego usurpou o trono e o reino do teu eu divino. Tu tens obrigação de conquistar o reino, o trono do seu eu divino, seja quem for o usurpador”. Isto diz Tagore. Isto diz Gandhi. É um símbolo. Não se trata de uma matança física.
Não temos a mesma coisa no Gênesis? A mesma coisa, Moisés põe o homem no campo de batalha: a tentação. Lá há 2 poderes. Exatamente como a Bhagavad Gita. O poder superior divino e o poder inferior humano. O poder superior no Gênesis se chama o sopro de Deus. E o poder inferior se chama o sibilo da serpente. A serpente representa o ego. E o sopro de Deus representa o eu. Agora Adão, o primeiro homem foi colocado no campo de batalha de entre o ego inferior e o eu superior. Exatamente com Arjuna no campo de batalha de Kurukshetra, na Índia.
Seja Bhagavad Gita, seja o Gênesis, o homem começa no campo de batalha, na luta entre 2 poderes.E o homem tem que decidir o que ele vai fazer. Ou ele se deixa derrotar por seus inimigos, ou ele derrota os seus inimigos. Isto diz Krishna na Bhagavad Gita, isto diz Moisés no Gênesis.

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TRANSCRIÇÃO DA AULA 02 -  Itinerário da Evolução 


CURSO NOVA HUMANIDADE
 Huberto Rohden 
Aula 2: Itinerário da Evolução
05/04/1977

             Estamos falando da nova humanidade, mas, antes temos que tratar seriamente da velha humanidade.
A velha humanidade está escrita principalmente em dois livros monumentais: na Bhagavad Gita e na Bíblia. A Bhagavad Gita, que todos deviam conhecer, nasceu na Índia, no tempo dos vedas, 5000aC, (a contar do nosso tempo, há 7000 anos). Fala  logo no princípio, através de 18 capítulos, da evolução do homem. Não propriamente da origem, mas da evolução da velha humanidade, rumo à nova humanidade. É o assunto da Bhagavad Gita, em forma de diálogo entre um representante da velha humanidade, Arjuna e o representante máximo da nova humanidade, Krishna.
            A Bhagavad Gita, dirige a consciência espiritual de 2/3 da humanidade. Também trata profundamente da evolução da velha humanidade rumo à nova humanidade, com os 2 representantes: Arjuna e Krishna
            Não vamos tratar neste curso da Bhagavad Gita, apenas mencionar.Vamos tratar principalmente do nosso fundamento para essas aulas. De um livro que apareceu também no oriente mas não no oriente longínquo. A Índia é oriente longínquo. A nossa Bíblia também é oriental. Tudo que está na Bíblia, desde o Gênesis até o Apocalipse, é oriental, mas é oriente médio. A Arábia e Palestina são oriente médio, são Ásia. O Gênesis do qual vamos falar muito, nasceu na Arábia, que é Ásia, portanto. É um livro oriental escrito por um africano, egípcio, hebreu: Moisés. Não africano camita, mas da África. Na África existem muitas outras raças fora dos camitas.
            Moisés viveu 40 anos no palácio egípcio 500 AC, mais ou menos, não sabemos qual era o faraó. Uns dizem que era Ramsés I , outros Ramsés II. Viveu e foi educado na corte real dos faraós. Aos 40 anos Moisés teve que fugir porque matou um egípcio que oprimia um hebreu e a polícia o perseguiu, então foi para a Arábia. Na Arábia ficou outros 40 anos. Do 40 até os 80 ele viveu na Arábia. Diz a Bíblia que ele estava em plena juventude aos 80 anos. A Bíblia insiste que ele não envelheceu.
            Há pouco, no ano passado, quando eu voltava de Portugal, a vapor de um grande navio, encontrei-me com um rabino judeu. Eu conversava com esse rabino sobre Moisés. Ele insistia que Moisés não era um homem adâmico, mas um Ish. .Ele chama Ish, o que nós chamamos Eu e chama adam o que nós chamamos ego. Dizia o rabino: não considero o nosso grande  Moisés um adam, como homem ego, ele era um homem Eu, um Ish  O Talmude, que é a teologia dos judeus, o antigo testamento, nunca considera Moisés como adam, mas sempre como Ish. Eles consideram Moisés, mais ou menos como nós consideramos o Cristo, que também não era adâmico, mas era uma entidade cósmica. Isto falava o rabino.
            Então, Moisés fugiu do Egito aos 40 anos, foi para a Arábia onde viveu mais 40 anos como pastor de rebanhos. Casou-se com Zéfora, filha mais velha de Jetro. Ficou 40 anos na Arábia. Depois voltou para o Egito para libertar o povo que estava escravizado pelos faraós, e o levou os hebreus para a terra de Canaã, por mais 40 anos. Diz o texto que ele chegou a 120 anos, em plena juventude. A Bíblia insiste que aos 80 anos ele estava em plena juventude e que aos 120 anos ele estava em plena juventude, e que nunca morreu. Desmaterializou-se no alto do monte Nebo.Viu a terra da Promissão, mas não entrou. Morreu, mas não de morte como nós morremos, nem de doença, nem de acidente e nem de velhice.
 Diz o texto que Moisés não morreu, quando ele estava com 120 anos, em plena juventude porque ele era Ish já estava no plano da nova humanidade, então, ele se desmaterializou. Transformou seu corpo material em imaterial, talvez num corpo astral, talvez num corpo bioplásmico como diz a ciência de hoje, ele se tornou invisível quando tinha 120 anos.Isto foi mais ou menos 1500aC.
            Quando Jesus se transfigurou no Tabor como está no Evangelho, Moisés reaparece ao lado dele, e mais outro profeta do AT, Elias, de quem se diz que também não morreu. De 3 pessoas do Antigo Testamento, se diz que não morreram: Enoc, Elias e Moisés. Isto seria o auge da gloriosa terceira humanidade, se a gente pudesse transformar o seu corpo material num corpo astral, sem morrer.
            Deste Moisés, nós temos o que se chama Gênesis.
            Na Arábia quando ele estava entre 40 e 80 anos, pastor de rebanhos daquele sheik árabe Jetro, ele passava noites inteiras guardando os rebanhos de seu sogro. E os pastores são geralmente muito clarividentes.Eles passam noites inteiras sob a luz das estrelas vigiando os rebanhos, porque de noite há perigo para os rebanhos. As feras atacam à noite, lobos, chacais, hienas e muitas feras são grandes perigos. Eles dormem de dia e vigiam de noite. Agora, um pastor de rebanhos sentado numa pedra nas estepes da Arábia, sob a luz das estrelas, pouco a pouco se torna muito intuitivo; ele tem muito tempo para introspecção, para meditação transcendental e capta coisas que nós não podemos captar pelos sentidos nem pela inteligência. Eles captam mensagens do além,sabem de coisas de que nós nada sabemos. Eles vão além dos sentidos e da inteligência nesta tremenda solidão. E continuando isto por 40 longos anos, como diz o texto, ele se tornou terrivelmente clarividente, cosmovidente, mais do que clarividente, e resolveu escrever o que ele tinha visto. Não pelos olhos físicos, nem pela mente, mas pelo espírito, pela razão espiritual. E escreveu o que nós chamamos o Gênesis, que trata principalmente da origem do mundo e da origem humanidade. A origem do universo físico e a origem do universo humano.
            A nós nos interessa principalmente a segunda parte, a origem da humanidade.
            Quando se está em clarividência, não há mais passado nem futuro, tudo é presente. Não existe nenhum passado, tudo é pura ilusão nos nossos sentidos. Não existe sucessividade, só existe simultaneidade. Simultaneidade é o presente, sucessividade é o passado e o futuro. Mas o clarividente aboliu a sucessividade do passado e do futuro e entrou na simultaneidade do presente. Ele vê tudo como aqui e agora. Aqui e agora está acontecendo aquilo que ele vê. Então Moisés viu como sendo presente a creação do mundo e a creação do homem. Escreveu sobre isto o livro do Gênesis, que é o primeiro livro da nossa Bíblia, na Arábia. Ele usa formas de passado e de futuro, porque ele não escreve para si, escreve para os outros que não eram clarividentes. Escreveu para nós o Gênesis. Então, ele diz:  “No princípio os Elohim crearam o céu e a terra”. Crearam é passado. Se escrevesse para si ele não teria dito crearam  mas estão creando, neste momento. “Os Elohim estão creando os céus e a terra.”  Moisés nunca falou em Deus, sempre fala nos Elohim, em vez de Deus. Usa a palavra plural. Elohim, quer dizer os Poderes. El=poder. Ou as Potências. Podíamos traduzir: “No principio as Potências crearam os céus e a terra.”
            O que ele entende por Potências no plural, parece que ele é politeísta, mas é rigorosamente monoteísta; é mais que monoteísta, ele é monista.
            Vocês podem ver nos meus livros, a diferença entre monoteísmo e monismo. Monismo é muito mais avançado que monoteísmo. Geralmente nós consideramos Moisés como monoteísta, mas de fato ele era monista. Então a palavra “As Potências”, é uma palavra rigorosamente monista.
            Spinoza, o grande pai do monismo contemporâneo diria: “A Alma do universo creou o universo”. Esta Alma do universo, que Spinoza chama Deus, e que Moisés chama “os Elohim”! Por que é que ele usa o plural? “Os Elohim crearam o céu e a terra”, nunca diz Deus. As Potências. Para ele este plural não significa pluralidade. Significa majestade, grandeza. Vejam, quando queremos dizer uma coisa grande, sempre usamos o plural. Dizemos: “Vossa Majestade, Vossa Alteza, Vossa Senhoria, Vossa Santidade”, para uma pessoa só. Até “Vossa Mercê” que virou você, sempre para uma pessoa só. Em todas as línguas o plural não só significa pluralidade, mas grandeza. Os antigos quando queriam o superlativo usavam três vezes. Em vez de dizer Deus é santíssimo, os hebreus dizem, Deus é santo, santo, santo; como está na liturgia até hoje. Os gregos usavam 3 vezes magno, em vez de máximo, que é o superlativo de magno. Aquele grande iniciado da Ásia, do Egito que se chamava Thot, na língua deles, que viveu mais ou menos 4000 aC, os gregos o chamavam  Hermes Trismegistos, Hermes 3 vezes magno.Nós diríamos, Hermes, o máximo, o imensamente grande.
            No mesmo sentido Moisés usa “Elohim” no plural, não para dizer que há muitos deuses, mas para dizer, a infinita majestade dos Elohim. No princípio os Elohim crearam os céu e a terra. O que é que ele entende por céu? O mundo é invisível! O mundo da luz cósmica, isto ele chama céu. Visível é a terra. Crearam o mundo invisível das energias puras e crearam as energias congeladas em matéria, na linguagem de Einstein; isto foi creado no princípio.
            Depois Moisés continua: “No primeiro período os Elohim disseram: Haja luz”. E houve luz. No primeiro período em hebraico, yom quer dizer período. As nossas traduções, dizem dia. Mas é claro que não se tratava de um dia como o nosso, um dia de 24 horas. Tanto assim que Moisés diz, que o sol foi creado no quarto yom, no quarto período. Nos outros três períodos antes do  sol, onde estava o dia? Podia haver dia se não havia sol? Os dias e as noites são marcadas pelo sol. Então temos que traduzir período de creação e não dia. Porque quando dizemos dia, entendemos 24 horas. Mas é claro que o período da creação não era de 24 horas. Pode ter período de milhões e milhões de anos. Cada um desses 6 períodos de que fala o Gênesis, provavelmente eram de milhares e milhões de anos.
            No primeiro período os Elohim disseram (nunca Deus), as Potências cósmicas disseram “Haja luz”, e houve luz. Isto diz Moisés, 1500  aC, a partir do nosso tempo, 3500 anos antes do nosso tempo.
            No século XX, Eisntein em companhia de outros corifeus atômicos provaram que a luz é a base de todas as coisas materiais.Temos 92 elementos na química, começa pelo hidrogênio e acaba no urano. Esses 92 elementos da química são a base de toda a matéria. Einstein e outros afirmam todos os 92 elementos da química que nós conhecemos são derivados da luz cósmica.
            No princípio era luz, não  luz solar mas  luz invisível, que nós chamamos luz cósmica. Quando a luz não está concentrada num foco não é visível, quando está difundida por todo espaço é luz cósmica. Quando ela se concentra então se torna sol, estrela etc. Então, o que Einstein disse, no século XX, em nosso tempo, que todas as coisas materiais foram derivadas da luz cósmica, isto Moisés falou 3500 anos antes.
            Na Arábia ele não tinha estudado, nem física, nem química, nem atômica e eletrônica, como ele podia saber que a luz é a matéria prima de todas as coisas? Tudo veio da luz. Ferro, prata, ouro, água vieram da luz cósmica. Moisés e Einstein dizem a mesma coisa. Moisés por intuição e Einstein por análise científica. A intuição precede toda análise. Moisés não tratou de analise. Ele não analisou os átomos para ver se eram prótons ou elétrons ou mésons, mas, a nossa análise científica no século XX chegou à mesma conclusão.
            Os Elohim, durante 6 períodos de milhões e milhões de anos crearam  a luz e daí vieram todas as outras coisas: água, ar, matéria.
            No sexto período da creação disseram os Elohim: “vamos crear o homem à nossa imagem e semelhança”. Isto não está nas outras creações, à nossa imagem e semelhança. O mundo mineral não é a imagem semelhança., o mundo vegetal não é a imagem semelhança dos Elohim, o mundo animal não é semelhança dos Elohim. Somente no sexto período, disseram os Elohim: “Agora vamos encerrar nossa obra creadora, mas vamos crear uma creatura diferente das outras”.
Vamos ver qual é a diferença. Todas as outras creaturas já creadas, minerais, vegetais e animais, não eram feitas à imagem e semelhança dos Elohim. Todas as outras creaturas que já existiam creadas pelos Elohim eram creaturas padronizadas, cristalizadas, prontas que não se podiam modificar essencialmente. O mineral era mineral, o vegetal era vegetal, e animal era animal. Essas creaturas creadas; não havia nenhuma creadora antes de nós. Uma creatura creada não possui creatividade que se chama livre arbítrio. Onde não há livre arbítrio não há creatividade. Pode haver produtividade, mas não creatividade. Não confundir produtividade com creatividade. O nosso ego pode produzir, mas não pode crear. O nosso Eu porém, além de poder produzir, também pode crear; essa a nossa grande diferença.Os Elohim resolveram crear uma creatura creativa que se pudesse crear melhor a si mesmo do que os Elohim a crearam. Isso está no Gênesis.
            Há pouco, no século XX, um grande pensador europeu disse: “Deus creou o homem o menos possível, para que o homem se pudesse crear o mais possível.” Ele era um pobre ferreiro, não era um erudito, mas era um sábio.  Às vezes há sábios analfabetos, até. Para ser sábio não precisa ser erudito e para ser erudito não é preciso ser sábio. A gente pode ser erudita e sábia ao mesmo tempo. Mas esse homem, lá na França, disse uma palavra de grande sabedoria, apesar de não ter muita instrução ele era um homem intuitivo. Ele disse: “Deus creou o homem o menos possível para que o homem se possa crear o mais possível.”
Isto está baseado no Gênesis. Os Elohim puseram aqui no planeta terra uma creatura potencialmente creadora que se pudesse tornar melhor do que foi feita pelos Elohim, e também pudesse se tornar pior do que foi feita. Porque se alguém puder tornar-se melhor do que foi feito, é claro que também se pode tornar pior do que foi feito.Porque o livre arbítrio supõe dois caminhos.
          
 Parte 2

Supõe um caminho para cima, melhor, e um caminho para baixo, pior.
            Quer dizer, nós somos aqui no planeta terra a única creatura creadora. As outras são apenas creaturas creadas. Nós temos a elasticidade de nos tornarmos melhores ou piores do que somos. As outras creaturas não têm nenhuma elasticidade. Elas são rígidas, cristalizadas e padronizadas na sua natureza. Uma creatura mineral não se pode tornar moralmente melhor ou moralmente pior do que ela é. Uma creatura vegetal não se pode tornar moralmente melhor ou moralmente pior. Uma creatura animal não se pode tornar moralmente ou espiritualmente melhor e não se pode tornar moralmente ou espiritualmente pior do que ela é. São creaturas padronizadas. São creaturas de natureza rígida. Podem passar por uma evolução física, e que todos passaram por uma evolução física, mas não podem ultrapassar a evolução física e entrar na evolução metafísica.
            Nós somos a única creatura aqui no planeta terra , que somos potencialmente melhores do que Deus nos fez e somos potencialmente piores do que os Elohim nos fizeram. Somos a única creatura em elasticidade, uma creatura plástica que se pode melhorar para cima ou piorar para baixo. Isto se chama creatividade. Creatividade positiva ou negativa, também se chama livre arbítrio. Pelo livre arbítrio nós podemos crear valores ou desvalores. Eu posso me tornar mais valioso ou menos valioso do que fui feito pelos Elohim.
            Por isso Moisés conta o seguinte: Quando os Elohim tinham terminado um período de creação, o primeiro, o segundo, o terceiro, quarto e quinto período em milhões e milhões de anos; no fim de cada período os Elohim diziam “está bom”. Viram que era bom o que tinham feito, sempre bom. 6 vezes falam em bom. Quando os Elohim crearam o homem, a única creatura creadora aqui na terra, os Elohim disseram “é muito bom”. A creação do homem merece um atestado. Ele é muito bom. Por que essa diferença entre creação do homem e outras creaturas? Porque há uma diferença muito grande entre nós e as outras creaturas.
            Queiram ou não queiram certos materialistas, nós não podemos negar, com base no Gênesis e com base em experiências em milhares de anos, que o homem é a única creatura muito boa aqui na terra. Por que? Porque ser muito bom, é ser creatura creadora. Bom, é apenas ser uma creatura creada. Se uma creatura é padronizada na sua creaturidade, é boa. Mas não é muito boa. Mas, quando uma creatura não está padronizada, estilizada, fossilizada na sua natureza, esta creatura é muito boa, porque supõe um poder muito maior do que todo o resto. Na creação do homem os Elohim fizeram alguma coisa inédita, crearam uma creatura que participava da creatividade do próprio Creador. O Creador é infinitamente creativo, mas, se o Creador dá uma parte da sua creatividade a uma creatura, como deu a nós, então nós somos imagem e semelhança do Creador.
            Toda a imagem e semelhança do Creador consistem no fato de nós sermos creaturas creadoras e não apenas creaturas creadas. A nossa natureza é essencialmente diferente, das creaturas inferiores que são boas, porque foram creadas pelos Elohim, mas não são muito boas, porque não têm creatividade. Ter creatividade é ser muito bom, ter apenas creaturidade é ser bom. Vocês têm que se acostumar aos meus neologismos, meus livros estão cheios disto. Temos que formar uma linguagem própria. Não temos em português uma linguagem filosófica. Em inglês e alemão existem linguagens filosóficas maravilhosas. Não herdamos de Portugal grandes filosofias e ainda não elaboramos uma grande filosofia no Brasil e não temos terminologia.
            Por exemplo: as palavras “creatura creada” e “creatura creadora” para muitos é novidade.E as palavras “creaturidade e creatividade”, também para muitos é novidade. Mas nós precisamos disto, porque nosso pensamento exige uma terminologia correspondente ao nosso pensamento. Uma creatura  que tem simples creaturidade, que é uma simples creatura como mineral, vegetal e animal pode ser chamada creaturidade, mas uma creatura que além de ser creatura também é creadora, pelo seu livre arbítrio, tanto para o bem como para o mal, nós chamamos creatividade, ou uma creatura creativa, ou creadora. Por isso o Gênesis diz: “Quando os Elohim crearam o homem, disseram, agora isto é coisa muito boa.” Eles louvaram a sua própria obra porque era a melhor de todas as obras que tinham feito.
            Aqui começa a nossa história. Quando o homem apareceu na terra e recebeu o sopro divino ele se tornou uma creatura creadora. Vocês vão dizer: mas porque creatura creadora para o bem e para o mal? Não seria bom creatura só para o bem? Gostaríamos que os Elohim nos tivesse dado só a potencialidade de nos tornarmos melhores do que eles nos fizeram e que não nos pudéssemos tornar piores do que eles nos fizeram. Mas isto é impossível, onde existe livre arbítrio existem dois caminhos abertos. Onde não há dois caminhos abertos, não há livre arbítrio.
            Se eu só me posso tornar melhor do que fui feito, então não tenho nenhum livre arbítrio, eu sou um autômato, obrigado a me fazer melhor, então onde está o meu livre arbítrio. Quem só se pode tornar melhor do que ele foi feito, não tem liberdade. O livre arbítrio supõe necessariamente duas alternativas, uma para cima, para melhor e outra para baixo, para pior.
            Então como os Elohim queriam uma creatura livre, não infinitamente livre, mas parcialmente livre. Totalmente livre, só o Creador, mas parcialmente livre pode ser uma creatura. A natureza é totalmente escrava, o Creador é inteiramente livre, mas entre a natureza infra-humana e o Creador, estamos nós, eqüidistantes do Creador e das creaturas creadas.Não somos livres e nem somos escravos, somos liberáveis. Nós podemos nos libertar, temos a potencialidade libertadora, também temos a potencialidade escravizadora. Podemos escravizarmo-nos, mas também podemos nos libertar, cada vez mais. Quer dizer, somos potencialmente livres, que eu chamo liberáveis, mas não somos atualmente livres. Podemos tornarmos atualmente livres, porque já somos potencialmente livres. Somos liberáveis, podemos nos libertar da escravidão das outras creaturas. As outras creaturas não se podem libertar da escravidão. Nem o mineral nem o vegetal ou o animal podem libertar-se. Nós podemos nos libertar da escravidão em que estamos. Somos parcialmente escravos e parcialmente livres.. Estamos numa fase intermediária entre o Creador infinitamente livre, os Elohim, e a natureza completamente escravizada. A natureza nada sabe de liberdade. Ela é governada por leis mecânicas ou leis orgânicas, instintos que atuam automaticamente. Por isso, na natureza não há vício e não há virtude. Vício e virtude supõem possibilidade de libertação.
            Quando eu me escravizo mais, então eu sou vicioso, e quando eu me liberto mais , então eu sou virtuoso. Mas, a natureza não pode ser viciosa nem virtuosa. Onde não há liberdade não há vício e não há virtude, no sentido que nós tomamos as palavras. Nós somos a única creatura aqui na terra que podemos ser viciosos ou virtuosos. Que podemos nos tornar piores ou melhores do que somos. Nós temos pelo menos uma semelhança com Deus, podemos nos tornar melhores do que Deus nos fez.
            Parece estranho dizer: “eu me posso tornar melhor do que Deus me fez,” mas é pura verdade. Porque eu sou uma creatura creadora para o bem, e quando eu atualizo minha potencialidade para o bem, eu me torno melhor do que os Elohim me fizeram. Naturalmente eu também me posso tornar pior, porque onde há melhor, também há pior. Onde há somente o melhor, não há liberdade. Vão dizer, então Deus não é livre? Isto nós vamos falar ainda outra ocasião.Alguns pensam que a liberdade potencial inclui também a liberdade atual, o que vamos falar em outra ocasião, para não dispersar muito a matéria.
            Vou repetir o seguinte: nós temos livros de grande intuição, que viram a origem do homem, e viram que o homem era essencialmente uma coisa inédita. Ele não foi apenas um animal aperfeiçoado, como inventaram no século passado os darwinistas. Que nós somos apenas um animal muito aperfeiçoado, por isso somos homens. Isto é matematicamente impossível, que o menor faça o maior. O maior pode fazer o menor, mas o menor não pode fazer o maior. Um animal não pode fazer o homem, o 10 não pode fazer o 50 e o 50 não pode fazer o 100. De baixo para cima não há possibilidade; de cima para baixo, há.
            Nós não somos simplesmente um animal mais desenvolvido que através dos séculos e milênios tenha creado a sua hominalidade; isto é matematicamente inaceitável, logicamente. Nós recebemos da parte dos Elohim, da parte das Potências creadoras a possibilidade, não a atualidade, mas, a possibilidade de nos tornarmos maiores ou menores do que somos. Por isso nós somos algo inédito no campo da creação. Algum novo princípio, e não uma simples continuação. Se nós fôssemos apenas um animal aperfeiçoado seríamos uma continuação.
            Então Teilhard de Chardin, disse: “O homem é uma descontinuidade da vida, na continuidade da vida.” É difícil de compreender Teilhard de Chardin. O que ele quer dizer? A vida já existia, já existiam muitas vidas antes do homem. Isto é a continuidade da vida, mas o homem é uma descontinuidade. Quer dizer, ele não é simplesmente uma continuidade da vida que já existia. Vida animal, por exemplo, ele é uma descontinuidade dentro da própria continuidade.
 Ele é um novo estágio de vida, não simplesmente uma continuação aperfeiçoada da vida animal já existente, mas ele é um novo início, um novo tipo de vida, porque o animal não tem o que nós temos, creatividade. O animal não se pode tornar moralmente melhor, ou moralmente pior do que ele foi feito. Nós podemos nos tornar moralmente melhores e também piores do que fomos feitos.
Esta é a nossa descontinuidade na continuidade. A continuidade é que o homem foi enxertado numa vida já existente. Ele não foi enxertado no barro, como muitos pensam, ele foi enxertado numa vida já existente. Nós não começamos num pedaço de barro, porque muitos interpretam o Gênesis, que Deus fez um boneco de barro, (eles pensam que é barro inerte da terra) não é verdade, o Gênesis não diz isto. Que Deus fez um boneco de barro e quando estava pronto, soprou nele o espírito da vida e estava pronto. Moisés não era tão ignorante para fazer tais coisas.
O Gênesis não diz que o homem foi feito de barro. Diz tanto no texto hebraico como no texto grego, também no texto latino da Vulgata; que o homem foi feito de uma substância orgânica da terra. O barro não é uma substância orgânica, ele é uma substância inorgânica. O corpo do homem foi feito de uma substância já organizada. O barro não é substância organizada. Qual era essa substância  organizada, nós não sabemos. Devia ser algum ser vivo, mas que ainda não tinha o sopro divino. O sopro divino foi soprado dentro de um ser vivo já existente, mas que ainda não era um ser humano.
Isto é que está nos textos. Os Elohim sopraram na face de Adão o espírito da vida superior. Não da vida animal que já existia, mas da vida espiritual. Teilhard de Chardin diz que nós viemos da Hilosfera, pela Biosfera, através da Noosfera e vamos até a Logosfera. Quatro palavras gregas que ninguém compreende.
Hilosfera- esfera da matéria
Biosfera- esfera da vida
Noosfera- (Noos, palavra grega para inteligência)
Logosfera- (Logos, quer dizer razão) esfera da razão.
Ele traça um itinerário, desde o mundo material, através do mundo vital, através do mundo intelectual e até ao mundo espiritual. Teilhard de Chardin diz: Nós já passamos pela Hilosfera, pela Biosfera fomos enxertados num ser vivo e não num ser morto; e estamos agora na Noosfera, inteligência. Mas ainda não atingimos a quarta esfera, da razão espiritual, a Logosfera.
Logos- grego, quer dizer razão, mas não inteligência. Cuidado com essa confusão, que é feita em toda parte. Até nas universidades a gente faz confusão, e até nos livros eruditos, há confusão entre a inteligência e razão. Inteligência não é razão, razão não é inteligência. A razão é do nosso Eu superior, a inteligência é do nosso ego. O nosso ego pode ser inteligente, mas o ego nunca é racional. Somente nosso Eu é racional. Racional é aquilo que o povo chama espiritual; na filosofia não usamos a palavra espiritual, usamos a palavra racional.
Nós não chegamos ainda à racionalidade, estamos na intelectualidade, atualmente. Somos tão inteligentes que já fomos até a lua. Dominamos as forças da natureza, pela inteligência, mas não estamos na racionalidade. Se nós estivéssemos na racionalidade, haveria uma fraternidade universal entre os homens. Não havia guerras, não havia crimes, e todos esses horrores de que estamos rodeados todos os dias. Isto é falta de racionalidade. É muita intelectualidade porque a inteligência é capaz de todos os crimes. Os maiores criminosos foram homens inteligentes, não foram analfabetos. Os grandes criminosos do mundo foram homens eruditos. Não nos últimos tempos que armaram estas guerras de extermínio, não. Em todos os tempos, os grandes crimes foram cometidos pelos homens muito inteligentes, mas não foram cometidos por nenhum homem racional.
Quando um homem entra na racionalidade, na razão, adeus maldade, adeus ódio, adeus mentira, adeus crime. Isto é incompatível com a racionalidade e compatível com a intelectualidade. Porque a intelectualidade é do nosso ego, e o nosso ego é muito egoísta. Mas, se ultrapassássemos o nosso ego e entrássemos no nosso Eu cósmico, nosso Eu espiritual, nós entraríamos  na racionalidade, que em grego se chama Logos. Alguns estão na logosfera; eu creio que Mahatma Gandhi estava plenamente na Logosfera.
Por isso ele diz: “Eu vou conseguir a libertação da Índia depois de 150 anos de escravidão, mas eu não vou matar ninguém”. Imaginem! Libertar um país de 500 milhões de habitantes, sem derramar uma gota de sangue, sem odiar os ingleses que ocupavam a Índia. Isto é muita racionalidade. Então ele decretou: “Ninguém deve matar um inglês, todos devemos amar os ingleses, devemos amar tanto, que eles saiam da Índia, expulsá-los à força de amor.” Foi declarada em Nova Déli, capital da Índia, a independência nacional da Índia, pelo último governador britânico da Inglaterra. Lord Mountbatten declarou a independência da Índia.
Ninguém soube explicar porque eles saíram da Índia, porque um único homem esquelético, magro, sem nada, sem uma arma, nem sequer um canivete, sem dinheiro, sem prestígio político, mandou que os ingleses saíssem da Índia, e eles saíram. À força de amor eles foram expulsos da Índia. Isto é uma tremenda racionalidade. Razão e amor são a mesma coisa. Inteligência geralmente, não é muito amor; inteligência é compatível com ódio. Razão é somente compatível com amor. E se alguém  chegasse a 100% de racionalidade, chegaria a 100% de amor e é capaz de tudo.
Uma vez Mahatma Gandhi disse: “Quando um único homem chega à plenitude do amor, ele neutraliza o ódio de muitos milhões.” Quer dizer, racionalidade e amor. Diz até Albert Schweitzer, que é outro herói do nosso século: “O amor é a mais alta racionalidade.” Razão não é inteligência porque com inteligência nós matamos nossos inimigos, e com a razão nós amamos nossos inimigos, e somos capazes até de expulsá-los pela força do amor.
Então Teilhard de Chardin, disse: o homem veio da Hilosfera da matéria, passou pela Biosfera da vida e está agora na Noosfera da inteligência, mas ainda não chegou até a Logosfera da razão. Quer dizer, este é o itinerário evolutivo da humanidade.
Lá de baixo, com os pés na matéria, atravessamos uma camada superior chamada vida. Aí passamos para dentro duma camada ainda mais alta, que se chama inteligência, que estamos agora, triunfantemente! Mas falta o quarto estágio da evolução. Ainda não chegamos à razão, ainda não somos seres racionais, somos seres apenas intelectuais.


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TRANSCRIÇÃO DA AULA 03 -  Potencialidade creadora


CURSO NOVA HUMANIDADE
Huberto Rohden 
Aula 3: Potencialidade creadora
12/04/1977

Quando estavam construindo aqueles arranha-céus lá no Vale do Anhangabaú, 20, 30 andares, durante meses inteiros não se via nenhum andar. Tudo debaixo da terra. Primeiro construíram tudo para baixo, para poder construir para cima. Na arquitetura é assim mesmo. Antes de poder construir para fora da terra, eles constroem alicerces, fundações, estacas e outras ; batendo, martelando o ano inteiro. Depois sai o primeiro andar.
A mesma coisa nós temos que fazer. Eu não posso construir a nova humanidade no ar, sem alicerce. Então, não tenham pressa. O nosso curso nunca tem fim. Só tem princípio. Aqui há muitas pessoas que estão  dez anos na Alvorada, ouvindo as minhas aulas. Outros com 15 anos aqui. ou lá embaixo. Alguns estão com 20 anos de cursos da alvorada. Alguns desde o  ano de 56 quando começamos regularmente  esses cursos. Todos se consideram principiantes. Quer dizer que nós não temos cursos durante sete meses, depois fazem exames, tiram diploma e são formados para todos os efeitos. Saem do forno rentes como contentes. Não, isto não podemos fazer aqui. Nós não temos filosofia para profissão propriamente. Temos filosofia para cultura geral do homem. Então, não tenham pressa com a nova humanidade.
Eu vou falar ainda um pouco sobre o princípio das coisas. Moisés quando começa o Gênesis não fala do homem. Primeiro ele fala do universo. As 3 palavras com que começa a Bíblia, o Gênesis, são estas : Bereshit Bara’ Elohim, palavras hebraicas. Foi escrito 3500 anos atrás.
Bereshit = no princípio           Bara’ =crearam       Elohim = As Potências
Assim começa o Gênesis no texto hebraico, no original escrito por Moisés, nas estepes da Arábia, entre 40 e 80 anos de vida dele. “No princípio crearam os Elohim”,depois vem,  “o céu e a terra”. Assim ele começa  a descrição do universo.
Quem são os Elohim? Já disse que Moisés nunca fala em Deus, fala nas Potências Creadoras. Ele não entende Deus uma pessoa ou indivíduo. Ele entende a Potência creadora. Usa o plural mas não é politeísmo. É o plural de Majestade. Quando queremos usar palavras majestosas usamos sempre o plural: Vossa Majestade, Vossa Senhoria, etc. Não entendemos que seja plural, entendemos que seja coisa grandiosa. E assim Moisés usa a palavra Elohim, que é plural como coisa grandiosa , a Alma do Universo. O que nós vemos no universo é o corpo do universo. E nossos 5 sentidos só percebem os efeitos. Só percebem a existência. Não percebem nada da causa que é, não percebem nada da essência invisível. Os nossos 5 sentidos percebem os fatos,as existências, mas nada sabem da causa, nada sabem da essência pelos 5 sentidos. Nós temos uma palavra maravilhosa em todas as línguas latinas que se chama Universo: 
Uni=causa                    verso=efeitos          
Uni= essência               verso=existência
Podemos dizer  também  em vez de Uni, o absoluto e  em vez de verso, as coisas relativas.
Em vez do Uni podemos dizer o Infinito e para verso, os finitos.
Em vez de Uno podemos dizer o Creador; e em vez de verso, podemos dizer  as creaturas.
E assim por diante. Vamos usar muito neste curso a palavra- Universo. Entendendo sempre Uni - o Eterno, o Infinito, a Causa, a Essência a Divindade, Brahman, e assim por diante. E por verso, as creaturas, os efeitos, maia como dizem lá no oriente, a natureza.
Palavra maravilhosa que temos só em língua latina. Em nenhuma outra língua  existe uma palavra igual a Universo. Unidade na diversidade. O Infinito que se manifesta sempre em finitos. A causa que se revela sempre em efeitos. A Divindade que se revela em muitas creaturas: isto é, Uni-verso. As palavras juntas dão a totalidade: causa e efeito, infinito e finito, essência e existência. O Creador e as creaturas. É a totalidade das coisas.
Então Moisés chama o Uni os Elohim, no plural. No princípio o Uni creou o verso. Verso é tudo que podemos verificar pelos sentidos e analisar pela nossa mente intelectual. Isto é então totalidade.
Bara’  -crear. O que nós entendemos por crear? Alguém inventou que crear é fazer uma coisa do nada, da essência e da existência. É inaceitável esta definição de creação.
 Nós temos que fazer nítida distinção entre crear, palavra latina e criar, neologismo moderno ultimamente inventado aqui no Brasil. Crear quer dizer a transição da Essência para a existência. A transição do infinito para o finito, do Universal para o individual. A transição do Absoluto para o relativo; do Creador para as creaturas, a transição do Eterno para o temporário. Isto nós chamamos crear. Palavra latina, crear com e.
 Mas pergunta alguém: A creação é possível? O infinito pode ter uma transição para os finitos? Não é isto uma diminuição do infinito? Alguém me escreveu uma vez uma carta lá de Vitória do Espírito Santo, com o símbolo de um cartório de lá. Devia ser um funcionário de cartório. Ele me escreveu: “Não pode haver tal coisa como creação, porque se o creador pluraliza ou se multiplica em forma de creatura, ele perde uma parte de sua essência. Uma fogueira que lança fora muitas centelhas, faíscas,  vai diminuir na razão direta em que ele joga fora estas centelhas. Mas como as creaturas são centelhas do creador, se o creador produz muitas creaturas, ele fica diminuído. Ele vai perder aquilo que ele joga fora de si, como uma fogueira, que joga fora muitas faíscas, muitas centelhas, ela vai diminuindo pouco a pouco. A não ser que estas faíscas  voltem para ele, mas, geralmente elas se apagam lá fora”.
Esse senhor não entendeu nada que nós entendemos por creação. O creador não perde nada  pelo fato dele crear creaturas. Por que não? Porque o creador não é uma quantidade grande que joga fora de si quantidades pequenas. Se o creador fosse uma quantidade dimensional ele perderia aquilo que joga fora de si.Os poetas dizem que nós somos centelhas da Divindade. É muito bonito dizer que cada um de nós é uma centelha da Divindade. Isto é permitido aos poetas. É proibido aos filósofos dizer tal coisa. Isto é poesia, mas isto não é filosofia. Nós não somos centelhas da Divindade, porque centelha é uma quantidade pequena e a Divindade seria uma quantidade muito grande. A Divindade seria uma  fogueira imensa que joga fora de si as centelhas humanas que seríamos nós. Isto não é verdade. Nós não podemos conceber creação neste sentido. Como se uma quantidade muito grande se manifestasse em quantidades pequenas. Que uma fogueira joga fora suas centelhas. Os poetas têm licença de usar isto  porque são figuras poéticas bonitas, mas não são filosoficamente exatas.
O que nós poderíamos dizer é que as creaturas são pensamentos do creador, do pensador. Pensamentos produzidos por um pensador. Creaturas produzidas por um creador. Esta comparação seria mais ou menos certa. Vocês imaginem um pensador que pensa, ele emite pensamentos. Ele perde os pensamentos que ele produz? Não, ele não perde nada pensando. Por mais que ele pense, ele não perde seus pensamentos. Os pensamentos não são partículas. Não são parcelas, que saem do pensador. Os pensamentos são uma manifestação parcial do pensador. Não, completas, parciais apenas. Ele não pode manifestar-se completamente em pensamentos. Os pensamentos sempre são menores do que o próprio pensador. Então podemos dizer que os pensamentos são manifestações parciais do pensador.
Esta é mais ou menos a relação que existe entre creatura e Creador. As creaturas são manifestações parciais do Creador, mas não são parcelas, não são centelhas, não são pedacinhos do creador. Ele fica diminuído se fizesse isto. O creador não é uma quantidade, mas é pura qualidade.
Aristóteles, o grande pensador da Grécia, 4 séculos aC, chamado geralmente “o príncipe da filosofia”, disse: “Deus é ato puro. Deus é pura atividade. Ele não é passividade nenhuma. Ele é absoluta, infinita atividade, vibração.” Isto Aristóteles chama a Divindade. A Divindade não tem passividade. É infinitamente ativa. A infinita passividade seria o nada. A infinita atividade é o todo. Podemos dizer que a Divindade é o grande todo. Não um todo quantitativo, mas um todo qualitativo. E o contrário de todo infinito seria o nada. Passividade absoluta seria o nada, e atividade absoluta seria o todo. Assim Aristóteles concebia a Divindade, Infinita atividade.
E nós o que somos? Somos um pouco atividade e um pouco passividade.Nós somos algo.Nós não somos nem o todo, nem o nada. Estamos no meio. Somos parcialmente ativos e parcialmente passivos. E estamos entre o todo infinito e o nada infinito. Temos uma certa porcentagem de atividade e uma certa porcentagem de passividade. Atividade não quer dizer uma coisa externa. Atividade quer dizer consciência. A mais alta atividade interna que existe se chama consciência. Quando eu tenho consciência de mim, consciência metafísica, não ética,nós não tratamos de consciência ética. Nós tratamos de consciência metafísica.
Infelizmente em português não temos palavras próprias. Em inglês, alemão e  outras línguas  há uma palavra própria para consciência metafísica e uma palavra diferente para consciência ética. Em inglês consciousness (consciência metafísica) e concious (consciência ética). Em alemão- Bewusst’sein (consciência metafísica) e Bewusst (consciência ética).  E o fato de eu ter consciência de mim mesmo,  não tem nada a ver com isso, com o bem ou mal. Não, se eu tenho consciência de minha existência . Quando nós temos  pouca consciência de nós, consciência metafísica, estamos num plano muito baixo de existência, e quando nós  temos alto grau de consciência de nós mesmos, de consciência metafísica – então chamamos isso auto-realização. A auto-realização não é outra coisa senão a evolução ascensional da nossa consciência metafísica. Parece que uma pedra, ou não tem nenhuma consciência ou tem pouquíssima consciência.
Geralmente pensamos que o mundo mineral não tem nenhuma consciência, mas pode ser que tenha um pouquinho de consciência. Por que é que no mundo mineral existem átomos e cujos elétrons giram com tamanha velocidade ao redor do próton? As partículas negativas girando ao redor das partículas positivas não são uma espécie de consciência? É uma consciência mineral, mas parece que é uma espécie de consciência. Não igual a nós, é claro.
E as plantas? Será que não têm alguma consciência? Parece que têm  alguma consciência. Elas sabem onde está o sol ao seu modo. Não é só o girassol que se volta para o sol. Todas as plantas voltam suas folhas para o sol. E quando a gente põe uma planta num lugar escuro ela procura logo de onde vem a luz. Volta para a luz, porque ela não pode viver sem luz. É uma espécie de consciência vegetal.
E o animal, será que ele não tem consciência nenhuma? É claro, ele sabe o que é gostoso, o que não é gostoso. Como é que deve multiplicar, etc. É uma espécie de consciência animal.
Em nós  a consciência tem um grau muito alto. Nós estamos muito além da consciência mineral vegetal e animal. Um novo grau de consciência superior Mesmo falando de consciência metafísica; não falamos de consciência moral ética. Isto é outra coisa. Então quanto mais consciente de si  é um ser, mais perfeito ele é, e quanto menos consciência ele tem de si, menos perfeito ele é. A Divindade deve ter infinita consciência. Consciência sem limite. Nós somos consciência limitada. Uns têm mais e outros têm menos. Conforme o grau de consciência, nós temos  maior ou menor perfeição, porque nossa perfeição consiste em primeiro lugar no grau de consciência. No grau de sermos conscientes de nós, ou não conscientes de nós: consciência metafísica.
Então entendemos pela Divindade, pelos Elohim a Essência, Consciência do Universo. Spinoza, o grande filósofo do século XVII, diz: “Deus é a Alma do Universo e o Universo é apenas o corpo de Deus”. A Alma do Universo ele entende a consciência infinita do Universo. E o corpo do Universo ele entende a parte material. A alma do Universo é o Uno e o corpo  do Universo é verso.Uni-verso composto de duas palavras. Uni – consciência. Verso é ou consciência vegetal,ou consciência animal, ou hominal, ou outras consciências, mas sempre finita.
De maneira que no princípio crearam os Elohim o céu e a terra. Crearam não do nada mas do todo. A verdadeira creação é do nada da existência, mas é do todo da essência. Nós não podemos dizer que a creação é do nada da existência e do nada da essência. Alguns teólogos dizem que a creação é produzir algo do nada da existência. Isto está certo. E acrescentam erradamente do nada da essência. Porque o nada da essência é uma utopia. Se a essência é o todo não existe o nada. O nada é uma abstenção, não é uma realidade.
Quer dizer, nós temos que definir creação como uma transição do todo da essência para  uma existência parcial. Isto, nós e Moisés entendemos por creação. Isto não é uma transformação da essência  na existência. Não devemos entender que a essência se possa transformar na existência, que a Divindade se possa transformar numa creatura, ou que o Uno se possa transformar no verso, e o infinito se possa transformar no finito. Devemos entender que o Infinito se possa revelar, manifestar parcialmente em formas finitas. É o único modo  como conceber corretamente a creação. O Infinito, o Absoluto, o Eterno, o Uno, a Essência, a Causa, tudo isso é a mesma coisa.
Portanto, o Uno, a Causa, o Infinito, o Eterno, a Divindade, Brahma, etc... podem manifestar-se não totalmente, isto é impossível; mas o Infinito pode manifestar-se parcialmente em formas finitas de diversas espécies. O Infinito pode manifestar-se parcialmente no finito mineral, ou parcialmente no finito vegetal, parcialmente no finito animal, e parcialmente no finito hominal e muitos outros finitos. Isto nós entendemos por creação.
A palavra criação que o modernismo tem ultimamente inventado na nossa ortografia, é coisa inteiramente diferente. Criação, com i, é uma produção, é uma transmissão de um finito para outro finito. Quando um finito passa para outro finito, isto se chama produzir, ou criar. Nós podemos criar, mas não podemos crear. O nosso ego não é creador é produtor ou criador, se quiserem, mas nunca o nosso ego pode ser creador. Creador supõe um poder infinito, uma manifestação do todo para a parte, uma manifestação do Infinito rumo aos finitos. Na escola primária não se precisa distinguir entre criar e crear. Até causaria dificuldade para os analfabetos alfabetizandos, fazer uma distinção entre crear e criar. E como precisamos alfabetizar metade do Brasil é bom facilitar o mais possível para não criar dificuldade. Por isso, a Academia de letras determinou que se escrevesse sempre criar. Mas no curso Universitário temos que manter uma distinção exata.
A diferença é enorme. Nós podemos criar galinhas, mas não podemos crear galinhas.. Podemos criar gados, mas não podemos crear gado. Agora quando nós entramos numa zona que está além do nosso ego  humano, além do nosso ego analítico, além do nosso ego físico, mental e de nosso ego emocional, aí nós podemos nos tornamos  creadores. Creadores nós somos no nosso Eu. Criadores nós somos somente no nosso ego. Mas, quem não chegou às alturas do seu Eu, não é creador.  O nosso Eu central é idêntico à própria Alma do Universo.  O nosso Eu verdadeiro, o nosso Eu central é a mesma coisa que a própria Alma do Universo. A Alma do Universo é universal e o nosso Eu é individual, mas no fundo é a mesma coisa. A Alma do Universo se manifesta em cada um de nós na forma de nosso Eu central, não do nosso ego periférico.


Nós sempre representamos o ego em forma de um círculo e o Eu em forma de um ponto no meio deste círculo. Quando então unimos as circunferências com o centro por meio de raios, então nós temos a figura central do homem completo. Do Eu central dentro do ego periférico. Em contato permanente entre o ego periférico e o Eu central. De maneira que no nosso centro cósmico, no nosso centro divino, nós também somos creadores.
Einstein diz: “Do mundo dos fatos não conduz nenhum caminho para o mundo dos valores”.Do mundo dos fatos, das facticidades, que podemos verificar pelos sentidos e analisar pela nossa mente. A ciência descobre os fatos e analisa.

Parte 2:

 A ciência é do nosso ego- a ciência não é do nosso Eu. A ciência descobre os fatos da natureza e analisa os fatos da natureza pela física, pela química, pela biologia, por todas as outras ciências nós descobrimos os fatos e analisamos os fatos. Tudo isto é atividade do nosso ego que não é creador, mas é descobridor. O nosso Eu crea valores, o nosso ego descobre os fatos, fora de nós, na natureza. O nosso Eu é um creador  de valores, não fora de nós, mas dentro de nós mesmos. Veja a diferença nítida que Eisntein estabelece entre o ego descobridor dos fatos que já existem, e o Eu creador de valores que não existiam e que nós fazemos existir. É uma distinção matematicamente clara que Einstein faz entre o nosso ego humano, que descobre os fatos, e o nosso Eu divino que crea valores.
Então Einstein diz: “Por que é que todas as religiões prometem o céu aos bons e não aos inteligentes? As religiões têm razão, porque descobrir fatos é ser erudito, é ser inteligente, mas isto não nos faz melhores”. Eu não sou melhor por descobrir fatos. Eu fico no status quo.Quer eu descubra muitos fatos ou poucos fatos da natureza, isto não me torna melhor, isto não me valoriza. Isto apenas me faz erudito, inteligente, me dá ciência. “Mas”, continua Einstein  “quando alguém crea valores dentro de si mesmo, então ele se torna bom. Descobrir fatos nos torna eruditos. Crear valores dentro de nós nos torna bons e felizes. E como o céu é para os bons e a terra é para os eruditos, as religiões fazem muito bem em prometer o céu aos bons e deixar a terra para os eruditos.” É interessante essa distinção que ele faz.
E que são valores? Vocês vão perguntar, porque nós pelo Eu, somos creadores de valores, e pelo ego somos apenas descobridores de fatos. Lá fora não há valores? Bem, nós inventamos que lá fora há valores. Nós dizemos que o cruzeiro (real era o cruzeiro) tem tal valor; e o dólar tem tal valor. Isto é pura invenção nossa. Não existe nenhum objeto que tenha valor. Tudo isto é invenção nossa. Valor verdadeiro não existe em toda a natureza, porque valor é um produto de livre arbítrio. Como nós não produzimos as coisas da natureza, nós apenas descobrimos, então, lá fora não há valores, mas dentro de nós pode haver valores. Valor é uma creação do nosso livre arbítrio.
Eu sou o creador de valores dentro de mim mesmo. Eu sou descobridor de fatos fora de mim. Se eu sou creador de valores, também sou creador de desvalores. O contrário de valor é desvalor. Quer dizer, pelo livre arbítrio que é uma potência metafísica dentro de mim, e não uma potência física fora de mim; porque fora de mim só existe física. Dentro de mim está a metafísica. O livre arbítrio é uma função metafísica, é uma função creadora dentro de nós. As coisas fora de nós são apenas objetos para serem descobertos. Dentro de mim existe o próprio sujeito que pode crear valores. Eu me posso tornar melhor do que sou, também posso tornar pior do que sou. Quer dizer, eu sou uma espécie de creador, não no meu ego que é apenas descobridor, mas no meu Eu. No meu Eu sou imagem e semelhança de Deus.
Isto é o que Moisés quis dizer no Gênesis quando ele disse que os Elohim crearam no primeiro período tais e tais coisas, no segundo período (não dias, Yom) crearam tais e tais coisas, etc. No fim do sexto período, eles resolveram  crear o homem. E quando crearam o homem disseram: ele agora é imagem e semelhança nossa. As outras coisas não eram, mas o homem era. Por que disseram isto? Porque eles deram ao homem o poder creador. As outras creaturas são apenas creadas. Não são creaturas creadoras. Nós somos as únicas creaturas creadoras aqui no Planeta terra. Vamos supor que haja outros, talvez mais creadores do que nós. Mas aqui na terra nós não conhecemos nenhuma creatura creadora. Só conhecemos creaturas creadas que podem descobrir fatos como nosso ego também descobre, mas não são creaturas creadoras.
Nós somos imagem e semelhança dos Elohim, da Divindade porque podemos crear e não apenas produzir. O nosso ego produz, mas o nosso Eu é creador. Então, Einstein usa estas palavras maravilhosas como ele escreve em alemão, ele diz: O cientista descobre aquilo “Das was ist”, aquilo que é, que já existe. O cientista,pelo poder da inteligência descobre “Das was ist.” Mas nós pelo poder do nosso livre arbítrio creamos “Das was sein soll” – aquilo que deve ser. Veja a distinção exata que ele faz entre descobrir e crear. Pelo ego nós só podemos descobrir aquilo que é, os fatos. Mas, pelo nosso eu dotado de livre arbítreo, nós podemos crear “Das was sein soll” - aquilo que deve ser, mas ainda não é. Quer dizer, nós fazemos existir coisas pelo poder do livre arbítrio que antes não existiu e que depois existe.
Isto é ser bom, poder crear valores positivos é ser bom. Também podemos crear valores negativos. Isto é ser mau. Ser mau não é descobrir coisas ou não descobrir coisas. Isto não é ser bom nem mau. Isto é completamente indiferente. Descobrir muitas coisas na natureza ou poucas coisas na natureza, isto não faz diferença para o nosso ser bom ou ser mau. Eu não sou melhor porque descobri muitas coisas da natureza. Eu também não sou pior porque não descobri nada. Quer dizer,descobrir ou não descobrir nos deixa no status quo. No nosso ser bom ou ser mau nada tem a ver com descobrimento dos fatos. O ser bom ou ser mau não tem que descobrir nada, como descobrir ou não descobrir fatos. Tem que ter exclusivamente, crear valores positivos ou crear valores negativos porque existem dois tipos de valores.
Vamos ver o que entendemos por valor. Valores são creações do nosso livre arbítrio: verdade, justiça, amor, benevolência, amizade, fraternidade, honestidade, são valores, não são coisas, não são objetos. Vocês nunca viram um objeto chamado verdade, amor ou justiça. Essas coisas não existem. Essas coisas são creadas pelo nosso livre arbítrio que é o nosso Eu, ou a nossa consciência. Vocês podem dizer Eu, consciência, livre arbítrio, no fundo é a mesma coisa. Os valores são creações do nosso livre arbítrio, tanto os valores positivos: verdade, justiça, amor, bondade, benevolência, como também os contrários: ódio, vingança, pessimismo. Tudo isto são valores negativos. Os valores negativos nos tornam piores e os valores positivos nos tornam  melhores. É a nossa evolução, ou então a nossa involução.Nós somos senhores tanto da nossa evolução quanto da nossa involução.
Pela creação de valores positivos nós promovemos uma evolução ascensional- que chamamos auto-realização propriamente. E pela creação de valores negativos nós criamos uma involução, nos tornamos piores do que somos. Nós temos dois caminhos abertos. Evolução para cima e involução para baixo. Isto depende da função do nosso Eu central. Da função do nosso livre arbítrio, da função da nossa consciência. Na periferia do nosso ego nós não somos bons nem maus. Nós somos ou eruditos ou ignorantes, apenas isto. O erudito não é melhor por ter erudição e o ignorante não é pior por ser ignorante. Das coisas da natureza, é claro. Das coisas da física da química, da biologia. Podem ser ignorantes ou podem ser eruditos, mas não se tornam melhores e nem piores por causa da erudição ou por causa da ignorância.
Quer dizer que é um setor completamente diferente onde funciona o nosso ego intelectual. Mas onde funciona o nosso Eu espiritual, aí começa a nossa valorização ou a nossa desvalorização.
Então diz Moisés no Gênesis: O homem foi creado à imagem e semelhança de Deus. Ele foi creado com o poder creador. Naturalmente também com o poder creador negativo; porque onde existe um poder creador positivo na creatura, não no Creador- aí também existe um poder creador negativo. Isto é inevitável. E perguntar por que o mundo é assim, nada tem que ver com Deus, nem com o diabo. Tem que ver conosco. Tem que ver com a nossa creatividade positiva ou negativa. Nós podemos tornar um mundo melhor do que ele é, pela nossa creatividade positiva, e muito pior do que ele é pela nossa creatividade negativa. E por que prevalece sempre a nossa creatividade negativa, em toda parte? É muito mais fácil ser mau do que ser bom.
Bem, a nossa evolução sempre começa pelo lado de fora. Toda evolução vai de fora para dentro. É uma coisa estranha. Podem verificar em toda natureza fora de nós que a involução começa de fora para dentro, da periferia para o centro. Sendo que a nossa periferia é o ego, a nossa evolução começa pelo lado de fora e vai caminhando rumo para o centro, mas estamos ainda no princípio da evolução. Esta velha humanidade ainda é muito nova. O que são 10.000 anos? Bem, provavelmente a humanidade tem muito mais do que isto. Eu creio que o homem já tem milhões de anos, mas a evolução vai com passos mínimos em espaços máximos. A evolução é vagarosa, do ego para o Eu. Em milhares de anos apenas 1 mm de evolução. Se o nosso livre arbítrio funcionasse melhor do que funciona atualmente, nós poderíamos acelerar nossa evolução.
Paramahansa Yogananda em seu livro “Autobiografia de um yogue” que agora tem também em português, diz: “Um homem altamente consciente do seu valor espiritual, um homem auto-realizado portanto, pode fazer em 20 anos o que os outros não fazem em 20 séculos”. Quer dizer, a nossa liberdade é muito elástica e eu posso intensificar a minha evolução e também posso retardar a minha evolução e até posso fazer uma involução rumo aos abismos. Tudo é possível. Podemos fazer uma evolução lenta para cima como o grosso da humanidade faz e podemos fazer uma evolução rápida para cima como uns poucos iniciados yogues ou místicos fazem. Mas isto é sempre ainda uma exceção da nossa humanidade de hoje. O grosso da humanidade gosta de andar nas planícies, na horizontalidade, sem muito esforço. Na linha horizontal nós não precisamos esforço. Deixa como está para ver como fica. Nesta velha rotina, nós nos arrastamos sem grande esforço, mas quando começamos a subir, então começa a dificuldade. Eu não vou fazer em 20 anos  o que eu posso fazer em 20 séculos, vamos fazer em 20 séculos a nossa evolução lenta e vagarosa.
Outros dizem: não senhor eu vou fazer em 20 anos aqui na terra, o que outros fazem ou não fazem em 20 séculos. Tudo isto depende da intensidade do nosso livre arbítrio, que é o único poder creador que existe em nós. Mas para fazer funcionar o livre arbítrio, nós primeiro temos que descobrir o Eu, a consciência. Uns poucos estão começando a iniciar-se no seu eu, mas não auto-realizar-se. Auto-realizar é o fim. Iniciar é o princípio. Quando alguém se inicia no autoconhecimento e não se identifica mais com seu ego periférico, físico, mental e emocional, mas descobre “eu sou a minha alma, eu sou o meu Atman, eu sou o espírito de Deus em mim”.
Então ele começa o abc do seu autoconhecimento e se ele começa a viver de acordo com  seu autoconhecimento então, se chama isto auto-realização. Auto-realização é a vivência de cada dia e autoconhecimento é a experiência mística do Infinito. Primeiro temos que descobrir  que sou eu e depois temos que viver de acordo com nosso descobrimento. Isto é a ciência mais antiga da humanidade. Na Índia, a grande filosofia da Índia, 7000 anos atrás só tratava disto. Que é o homem? Que sou eu? E os grandes yogues  lá do oriente já descobriram- eu sou Atman, palavra sânscrita para Alma. Eu sou Atman e Atman é uma forma individual do Brahman Universal.
Descobriram que a alma humana é uma forma, uma emanação individual da Divindade Universal, que eles chamam Brahman. Isto os hindus já descobriram milhares de anos atrás. Daí a ciência oriental passou através da Pérsia, do oriente médio e se localizou no norte da África, sobretudo na Alexandria. Alexandria era o centro da filosofia no Antigo Testamento. Na Alexandria, outra vez surgiu a mesma pergunta: Que é o homem? Autoconhecimento. Da Alexandria atravessou o mar mediterrâneo, se localizou em Atenas. E na Grécia, em Delfos, construíram o grande santuário de autoconhecimento. O santuário de Delfos. E, na fachada puseram duas palavras “Gnothi Seauton”, conhece-te a ti mesmo, outra vez a mesma idéia. Autoconhecimento foi sempre a coisa importante da humanidade. Homem, conhece-te a ti mesmo. Que és tu? És o teu corpo? Não. És a tua mente?, Não, és as tuas emoções? Não, és o teu espírito? Sim. Então, da Grécia passou para o norte da Europa que passou até nós.
Autoconhecimento é a base de tudo, porque o autoconhecimento cedo ou tarde transborda em auto-realização. Autoconhecimento ainda é interno, mas auto-realização já é coisa externa. Aplicar em cada dia o mistério do autoconhecimento é auto-realização. E então nasce o homem integral. Não somente o ego, nem somente o eu, mas os dois juntos. Em perfeita harmonia a síntese entre o centro e a periferia. Isto é que nós chamamos o homem cósmico, o homem integral, o homem plenamente realizado.
Através do nosso curso nós vamos falar muito: Primeiro, no homem profano.
Segundo, no homem místico. Terceiro, no homem cósmico
O homem profano só conhece o seu querido ego. Não sabe nada do  centro. Só conhece as periferias. O homem místico se isola no centro, mas abandona as periferias. Não quer saber do seu ego. Isola  no Eu.
Finalmente aparece o homem cósmico que diz: Vamos fazer uma síntese entre o Eu central, o nosso Eu verdadeiro e todas as periferias do nosso ego. Vamos estabelecer uma grande harmonia, fazendo síntese entre o nosso ser interno e nosso existir externo, porque o ego existe e o Eu é. Ser é muito mais do que existir. Ser é uma coisa central e existir é uma coisa periférica. O Eu é, e o ego existe. Então, pouco a pouco o homem através de um longo caminho de evolução chega ao autoconhecimento que culmina cedo ou tarde em auto-realização.

Tudo isto já está embrionariamente contido nos mais antigos livros da humanidade. Já está no Gênesis como veremos ainda futuramente. E está em muitos outros livros. A Bhagavad Gita está cheia disto. Outros livros antigos, o Evangelho do Cristo também está cheio destas coisas de autoconhecimento e auto-realização. E nós não estamos falando de nenhuma novidade aqui. Nós estamos explicando aquilo que sempre existiu, mas que muitos ignoraram e precisam finalmente conhecer a verdade sobre nós mesmos.

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TRANSCRIÇÃO DA AULA 04 -  Origem e Evolução do Homem


CURSO NOVA HUMANIDADE
Huberto Rohden 
Aula 4: Origem e evolução do Homem
19/04/1977

Teilhard de Chardin esteve 20 anos lá na Ásia, lá na China, do outro lado da terra, escavando camadas geológicas e esqueletos humanos; e encontrou  o esqueleto de um homem pré-histórico que ficou com o nome de Sinantropos. Sina- palavra latina para China,  ântropos= homem. O homem da China. Viveu muito tempo antes dos tempos históricos.
            Teilhard de Chardin levou o esqueleto do Sinantropos para a Europa e escreveu o seu livro: O Fenômeno Humano. Temos a tradução em português. Neste livro Teilhard de Chardin diz: “O homem é uma descontinuidade da vida na continuidade da vida.” Misterioso!  Quer dizer,  a vida já existia antes de nós, mas conosco começou uma coisa  nova, uma descontinuidade, um novo princípio enxertado na vida velha que já existia.
            Então, Teilhard de Chardin diz: “O homem atravessou um itinerário evolutivo de muitos milhares de anos e conduz este itinerário através de 4 estágios”. Cientistas só usam palavras gregas, por isso vamos usar palavras gregas e depois vamos traduzir.
            O primeiro estágio da evolução humana é Hilosfera.
            O segundo estágio é Biosfera.
            O terceiro estágio é Noosfera.
            O quarto estágio é   Logosfera
Esfera todos sabem o que é. Hilos quer dizer matéria. A esfera da matéria, a zona mineral propriamente. Depois de muitos e muitos milhões de anos o homem entrou na segunda esfera. Biosfera. Bios, palavra grega para vida. Porque a matéria parece que não é muito viva ainda.  Veio a esfera da vida , o segundo estágio da nossa evolução. Depois de muitos milhões e milhões de anos entramos no terceiro estágio evolutivo que Teilhard de Chardin chama Noosfera. Noos em grego quer dizer inteligência. Noos, muitas vezes contraídos dá Nous. Também é inteligência. Então , o terceiro estágio da evolução do homem, a esfera da  inteligência. E aí nós estamos agora. Nós ainda não saímos do terceiro estágio. Ainda estamos na Noosfera: a esfera da inteligência dominante.
Tudo hoje em dia é inteligência, inteligência, inteligência... precisam estudar, estudar, estudar...função da inteligência. Estudo analítico da física, da química, da biologia, da geografia, da eletricidade, eletrônica. Tudo é Noosfera. Fomos até à lua sob as asas da Noosfera. E se não tivéssemos muita inteligência não teríamos feito viagem até a lua. Nós vamos muito mais longe, é claro, e sempre sob o Noos.
E agora? Lá bem em cima Logosfera. Logos é razão, mas eu já disse na primeira aula, não me confundam inteligência com razão. Nós não podemos confundir inteligência com razão, mas todo mundo confunde. E porisso nós não podemos fazer filosofia, por causa da confusão. Até nas Universidades confundem-se inteligência com razão. É racionalista e acabou-se. O homem mais avançado, a nova humanidade é absolutamente  racionalista.
Nós agora somos intelectuais. Se fôssemos bastante racionais e estivéssemos na logosfera e não apenas na Noosfera, nossa vida aqui na terra seria um paraíso, mas não é. Muitas vezes é inferno. Não haveria guerra, não haveria crimes, não haveria defraudações. Só haveria trabalho gostoso. Fraternidade universal dos homens. Isto seria a Logosfera.
Teilhard de Chardin diz que o homem não chegou até lá. De vez em quando aparece uma exceção esporádica.Um homem racional que entrou na Logosfera, mas são exceções. Talvez algum Buda, talvez um Jesus. Talvez um Gandhi estivesse na Logosfera. Mas o grosso da humanidade não está lá. 99% não está na Logosfera. Estão mais ou menos na Noosfera, na intelectualidade. Quando nós nascemos estávamos na biosfera, na vitalidade. A criança não está na Logosfera. Potencialmente, sim, atualmente, não. O animal parece que nunca vai chegar a Logosfera. A Noosfera, a inteligência humana não é inteligência biológica. O animal também tem inteligência biológica, mas isto ainda não é Noosfera. E abaixo do animal, o mundo está na Hilosfera. O mundo mineral está na Hilosfera. O mundo vegetal e animal estão na Biosfera. E o mundo hominal que somos nós, nós não conhecemos outra humanidade por enquanto, na terra. Provavelmente existem outros mundos, mas aqui, não. Aqui nós somos a única Noosfera.
E quando aparece  alguém da Logosfera, nós olhamos estupefatos para ele: É um homem Divino. É de outros mundos que apareceu aqui. Alguém que não pensa como nós. Alguém que manda amar a todos, até os inimigos. Nós não vamos fazer isto. Amamos os nossos amigos e odiamos os nossos inimigos. Isto é Noosfera, mas isto não é Logosfera. Então vêm estes fenômenos e dizem que devemos fazer bem aos que nos fazem o mal, que devemos amar aos que nos odeiam. Não se usa falar isto na Noosfera. Não se usa, aqui entre nós, não. São exceções. Talvez antecipações de uma nova humanidade.
Mahatma Gandhi chegou muito perto da Logosfera. No fim da vida perguntaram a Mahatma Gandhi: “Você que é um homem muito espiritual, perdoou todas as ofensas que recebeu durante a sua longa vida?” “Não,” disse Gandhi, “não perdoei nada a ninguém.”  “Mas você devia perdoar as ofensas”. “Não devo perdoar porque nunca ninguém me ofendeu.” Ora dizer tal coisa que nunca ninguém o ofendeu que não tem que perdoar nada. Não é matéria para perdão. Porque sim, perdoa aquele que se sente ofendido, mas como ele é bom, não vai vingar. Vai perdoar de alto a baixo.
            Então ele diz: “Não eu não tenho nada que perdoar, porque nunca ninguém me fez nenhuma injustiça, nunca ninguém me ofendeu”.Se o homem pode falar assim sem mentir, e ele não mentia. Este homem já é um predecessor, um precursor da Logosfera. Porque na Logosfera a gente podia pensar assim, mas na Noosfera é difícil pensar assim. Nós achamos que é muita coisa para sermos capazes de perdoar. Nós sentimos que somos heróis porque perdoamos aquela velha dívida que nos ofendeu lá embaixo, mas nós somos sujeitos muito avançados, impingimos perdão de alto a baixo. Achamos que é grande coisa. Virtuosidade para nós é a coisa mais alta que existe. Mas, para a Logosfera, virtuosidade não é coisa muito grandiosa. Sabedoria é muito mais alta que toda virtuosidade, para uso da Logosfera.  Sabedoria é não se sentir ofendido. Virtuosidade é sentir-se ofendido, mas perdoar.
             No dizer de Teilhard de Chardin nós ainda não estamos no quarto estágio da Logosfera. Para explicar isto vou primeiro me referir a este desenho aqui. Aqui eu fiz um desenho:



Uma linha vertical e uma horizontal cruzando dá o que nós chamamos cruz. Mas, a cruz nada tem a ver com religião. A cruz é um sinal antiqüíssimo da Índia, e um sinal antiqüíssimo do Egito. Quando eles queriam simbolizar o infinito faziam o sinal da cruz: norte, sul, leste e oeste- os pontos cardeais. Isto os antigos filósofos da Índia, da China e do Egito chamavam o Infinito ou o Absoluto, o Eterno, a Divindade, Brahman, Ra, Tao, Yaveh. Ou qualquer outro nome para a Divindade, eles usavam este sinal simbólico. E quando queriam desenhar o finito faziam um círculo. O círculo na Índia, e no Egito, era símbolo do finito, porque o finito termina lá onde começou. O fim coincide com o princípio.
Eles representavam o círculo em forma de uma serpente que mordia a sua própria cauda. Aqui estava a cabeça da serpente. E a cauda da serpente estava dentro da boca da serpente. Eles diziam: “Isto é o finito porque o finito acaba lá onde começou”. O princípio coincide com o fim. Este é o finito, mas, na linha reta não há regresso. A linha reta não volta sobre si mesmo. Ela vai para o infinito, para cá, para lá...em todos os sentidos. Então, eles usavam este outro sinal que eu pus aí. O infinito dentro dos finitos e os finitos dentro do infinito.
Imagine agora esta cruz como o símbolo do Infinito, do Uno. E os círculos como o verso. Então, este pequeno círculo está inscrito dentro da cruz. Um pequeno finito dentro do Infinito. Depois este segundo círculo, também um finito dentro do Infinito. Terceiro círculo, um outro finito dentro do Infinito... Dentro de todos estes círculos têm uma parte do Infinito. A cruz atravessa todos os círculos. Logo, o Infinito está dentro de todos os finitos. E todos os finitos estão dentro do Infinito. Todos os círculos estão dentro da cruz e a cruz está parcialmente em todos os círculos. Todo o finito está totalmente no Infinito, e o Infinito está parcialmente em qualquer finito. Compreenderam? Olhando para este desenho?
Isto nós chamamos a imanência do Infinito em todos os finitos. Imanere- em latim, estar dentro. Daí veio a palavra imanência. Quando o Infinito está dentro de todos os finitos: do finito mineral,  do finito vegetal, do finito animal, do finito hominal e de outros finitos, então dizemos: “O Infinito está imanente (morando dentro) em todos os finitos. E, por outro lado, os finitos estão todos imanentes no Infinito”. Mas, o Infinito também é transcendente a todos os finitos. Esta parte  que está  fora do círculo nós chamamos, transcendência. O que está para além é transcendente. O que está dentro é imanente.
Podemos dizer: “O Infinito é transcendente a todos os finitos, é maior que todos os finitos, mas apesar disto, todos os finitos estão dentro do Infinito.” Estou convidando vocês para subirem comigo para além da estratosfera. Quando a gente voa muito alto dizemos que estamos voando para a estratosfera. A estratosfera é mais ou menos 10.000 m acima da terra. 10 km. E quando a gente tem que pensar muito alto, intensamente, então dizemos que pensamos estratosfericamente. Isto para muitos já é pensamento estratosférico.
Poder pensar que todas as coisas finitas estão inteiramente dentro do Infinito e que o Infinito está dentro de todos os finitos, apesar do Infinito estar também além de todos os finitos, já é pensar estratosfericamente. O Infinito geralmente é chamado Deus, mas, não usamos a palavra Deus na filosofia porque é muito perigoso. É melhor usar outra palavra. Usar: Infinito, Eterno, Absoluto, Transcendente ou qualquer outra coisa. Porque infelizmente, as nossas teologias abusaram tanto da palavra Deus, que entendem por Deus uma pessoa ou indivíduo qualquer que mora do outro lado das nuvens.
Bem nós na filosofia não podemos falar com a palavra Deus deste modo, porque isto é idéia completamente errada. Uma pessoa não pode estar dentro de todos os finitos. Isto seria absolutamente absurdo. Mas, o Infinito pode estar dentro de todos os finitos. A Divindade infinita pode estar dentro de qualquer átomo, mas também está fora do átomo. Pode estar dentro de qualquer planta, mas também está fora de todas as plantas. Pode estar dentro de qualquer animal, mas também está fora de todos os animais, porque não é uma pessoa. É uma realidade. É uma energia. É uma consciência. É o puro espírito. O Infinito não é nenhuma personalidade, não é nenhuma individualidade. É a realidade em si mesmo. Estou dizendo isto para que compreendam o que vou dizer sobre o homem.

Bem agora vamos usar esta outra figura.                                                                                                                          
                               


Este sinal lá embaixo é um oito, mas em forma horizontal. É um sinal usado na matemática para Infinito. Parece uma garrafa assim: ∞.  Bem, agora estou usando este sinal em vez da cruz. E por cima deste sinal eu tracei diversas linhas para cima. Uma linha no meio, muito alta, muito grande, e algumas linhas menores, do lado e outras menores. Na linha mais baixa eu escrevi Hilosfera (vida animal). Na segunda altura eu escrevi Biosfera (vida animal). E na terceira linha eu escrevi Noosfera (inteligência). E bem em cima eu escrevi Lógosfera (mundo da razão), que em grego é Logos.
Então, agora vamos considerar a linha do meio, que somos nós. A linha alta do meio é o homem este desconhecido, este fenômeno. Este misto de grandezas e de misérias como diz Pascal. Então, esta linha do meio, somos nós. Isto aqui é o mundo mineral, isto é o mundo vital  (plantas e animais) e isto aqui é o mundo intelectual. Nós hoje em dia chegamos até aqui. E viemos de onde? A célebre pergunta. Donde veio o homem este desconhecido?
Há duas teorias sobre a origem do homem. Uma muito antiga e outra muito recente. A teoria mais antiga sobre a origem do homem é a seguinte: O homem veio diretamente de Deus, ou do infinito, como eles dizem interpretando mal as palavras do Gênesis. Quando Deus tinha terminado tudo, quando tinha acabado o mundo mineral, o mundo vital e outros mundos, então Deus disse: “Agora vamos fazer o homem segundo a nossa imagem e semelhança.” Está no Gênesis. O Gênesis não está errado. A nossa interpretação é que está errada.
Um dos maiores homens de toda a história da humanidade, Moisés, depois de 40 anos de meditação, escreve o Gênesis, lá na solidão da Arábia. O Gênesis foi escrito na Arábia, no ano 1500 aC, por Moisés, depois que ele tinha meditado durante 40 anos, não 40 dias. Moisés esteve na Arábia dos 40 anos até os 80 como pastor. E quando ele estava sentado altas horas da noite, no meio dos rebanhos de seu sogro Ietro; ele se deixou invadir pela consciência cósmica do Universo. Ele se esvaziou do ego consciência humana e fez de si um canal vazio e se tornou tremendamente intuitivo.
Intuição recebe inspiração e revelação. A mesma coisa. Intuição, inspiração e revelação só nos vêm quando nós nos esvaziamos de todo conteúdo humano. Não pensamos nada, não queremos nada. Estamos completamente esvaziados da egoconsciência. Então, nós somos canais vazios. E, quando o homem faz de si um canal vazio vai acontecer uma coisa grandiosa.
Ele vai ser plenificado pela plenitude da Alma do Universo. Toda vacuidade provoca uma plenitude. O ego-esvaziamento provoca uma cosmoplenificação. Isto é o que Moisés fez. Os grandes iniciados sempre fizeram isto, pois eles procuravam a solidão. Jesus ficou 40 dias na solidão. Moisés no alto do Sinai ficou 40 dias na solidão. Elias no fundo da solidão, ficou 40 dias na solidão. Francisco de Assis ficou 2 meses na solidão, no alto do Monte Alverne, onde falou com Deus. Mahatma Gandhi passava toda 2a. feira em completo silêncio. Nunca recebia visita na 2a. feira.Nunca fazia visita na 2a- feira. Encerrava-se no seu pequeno Ashram, e se esvaziava dos conteúdos do seu ego humano.
 Moisés fez isto durante 40 longos anos na solidão da Arábia, onde ele era pastor de rebanhos de seu sogro Ietro. Os pastores como já disse, guardam os seus rebanhos de noite. Não dormem de noite, é perigoso. As feras, hienas, chacais e lobos atacam os rebanhos de noite, porque são animais noturnos. Então, os pastores vigiam os rebanhos sob a luz das estrelas. De dia eles dormem, porque de noite é muito perigoso. Então, Moisés noites inteiras vigiando os seus rebanhos que estavam dormindo tranqüilamente e se tornou terrivelmente intuitivo. Recebeu mensagens do além. Mensagens da alma do Universo. E depois ele escreveu o que nós chamamos o Gênesis. Escreveu o que ele viu.
A origem do mundo foi assim. E depois de ter narrado a origem do mundo ele começou a escrever a origem do homem. Então ele disse que no fim de tudo, quando tudo estava creado, quando o mundo material estava pronto, o mundo vegetal e o mundo animal, finalmente os Elohim (ele não fala em Deus), as forças cósmicas disseram: “Agora vamos fazer o homem à nossa imagem e semelhança.” Isto está lá, está certo, mas a nossa interpretação não entendeu nada, porque não pensamos intuitivamente. Nós não pensamos analiticamente e análise  é muito fraca. A intuição é poderosa, mas a análise intelectual é muito fraca

Parte 2

Nós só operamos com a inteligência exotérica e não entendemos nada o que ele quis dizer. Porque Moisés falou em parábolas, todo o Gênesis é uma parábola, é um símbolo. E nós tomamos isto ao pé da letra. Então nós inventamos que Deus teria feito o homem do modo seguinte: Quando estava tudo pronto, Deus disse, “Agora vou fazer o Homem”. Pegou um punhado de barro, fez um bonequinho daquilo e depois soprou nele. Então, o boneco ficou homem. Isto é o que nós inventamos. Isto não está no Gênesis. Isto é invenção de nossa ignorância, mas não é da sabedoria do Gênesis, e nós somos como crianças. Imaginem se vocês entregassem a uma criança de 6 anos na escola primária, um dos grandes livros da humanidade. Vamos dizer, a Divina Comédia de Dante, ou o Fausto de Goethe. Ou um dos dramas de Shakspeare. Vocês vão pedir a opinião de uma criança de 6 anos o que elas pensam da Divina Comédia de Dante? Ou do Fausto de Goethe? Ou do drama de Shakspeare? A criança não vai entender absolutamente nada. Ela vai dizer : Esta capa do livro é mais bonita que a outra. Ah! Isto não interessa. Outra vai dizer: Esta letra deste livro é mais bonita que a outra.
Mas eu não quero saber de capa do livro e da letra. Eu quero saber do conteúdo intelectual da Divina Comédia, ou do Fausto, ou do Drama de Shakspeare. Assim somos nós, uma humanidade muito infantil. Nós não entendemos o que os grandes gênios da humanidade queriam dizer. Nós não entendemos nada do Gênesis. Nós não entendemos nada do Evangelho. Não entendemos nada do Apocalipse. São três grandes livros da humanidade, porque todos estes livros foram escritos em estado de inspiração intuitiva. Não foram excogitados pela inteligência humana. Foram inspirados pelo gênio cósmico.
O Gênesis é um livro inspirado. O Evangelho é um livro inspirado. O Apocalipse, último livro da Bíblia, é um livro inspirado, terrivelmente misterioso. E nós que somos crianças praticamente analfabetas em face da inspiração, não entendemos nada. Então, nós entendemos que Deus pegou um punhado de barro, fez um bonequinho daquilo, soprou nele e disse: aqui está o homem. Pronto! Adão, Pronto! Mas isto Moisés não quis dizer. Isto é uma parábola. Felizmente os grandes inspirados como Teilhard de Chardin e outros, já interpretaram de outro modo.
Teilhard de Chardin, já disse: “O homem veio através da matéria, através da vida, e chegou até a inteligência e vai à razão”. Isto já é um pouco melhor. Através é um canal, é um encanamento. Ele fluiu através, e onde está a fonte? A fonte não é a matéria. A fonte não é a vida . A fonte não é a inteligência. Antes do através está a fonte. A fonte é isto aqui (sinal de Infinito).
A matéria veio do Infinito. A vida veio do infinito. A inteligência veio do Infinito e a razão veio do Infinito. Tudo que é finito veio do Infinito. Isto é razoável. Todos os finitos fluem do Infinito. Se não houvesse o Infinito, os finitos não existiriam. O canal só pode canalizar a água se há uma fonte. Vocês podem construir o maior encanamento do mundo. Se forem bons engenheiros, vão construir encanamentos. E, se vocês não têm uma nascente, uma fonte, adianta construir encanamentos? O encanamento não vai produzir água. Nunca um engenheiro fez uma fonte, o engenheiro faz encanamentos; mas se ele não ligasse o encanamento a uma nascente, daí a pouco acabava a água. Ele pode ligar a caixa d’água, mas a caixa d’água não é nascente. A caixa d’água também recebeu água, mas nenhum engenheiro pode fazer uma fonte de águas permanentes. A natureza faz. Nós ligamos os nossos encanamentos com alguma nascente, com algum rio que nunca acabou, que já existe há milhares e  milhares de anos e não vai acabar tão depressa.
Então, isto aqui são encanamentos, tudo isto que eu construí em forma de linhas, vocês devem considerar como canais, que recebem o seu conteúdo de uma fonte. Uma fonte só pode ser o próprio Infinito. Uma fonte que não seja o Infinito não é  fonte, é um canal, ou uma caixa d’água. A caixa d’água não é fonte porque não produz água. Ela recebe água de uma fonte.
Então, Teilhard de Chardin sabia que todo o mundo material veio de uma fonte infinita e que todo o mundo vital, biosfera, veio de uma fonte infinita e que todo mundo intelectual veio da mesma fonte infinita, e o mundo racional também veio da mesma fonte. Então ele diz: “O homem fluiu através de canais materiais, através de canais vitais (vegetais e animais), e através de canais intelectuais, como está agora”. Porque o intelecto também é um canal. E nós vamos chegar algum dia até uma coisa muito superior ao intelectual, ao racional. Os outros chamam, de espiritual, mas nós não usamos a palavra espiritual na filosofia que é uma palavra teológica, e não filosófica. Em vez de espiritual, nós usamos sempre racional. É a palavra exatamente usada na filosofia grega, desde os tempos antigos.
Então, ele deu aqui uma síntese da origem e da evolução do homem. Todas as coisas finitas vieram do Infinito e o homem faz parte destas coisas finitas que vieram do Infinito. Mas ele não veio do Infinito diretamente como pensam certos teólogos. Ele veio do Infinito indiretamente através de muitos outros finitos. Por isso Teilhard de Chardin disse: “Nós somos uma descontinuidade da vida baseado na continuidade da vida.” Muitos nunca compreendiam estas palavras dele. Daqui em diante nós somos descontínuos, mas daqui para baixo nós somos contínuos. Antes de nós  éramos vivos. A nossa  humanidade não é um novo início de vida.  É uma continuação da humanidade que existia antes de nós.
A vida animal, a vida vegetal e mesmo a vida  mineral, porque os minerais também são vivos, em última análise; não são mortos como nós pensamos. O átomo não é morto. O átomo também é vivo. Estas vidas já existiam. A vida mineral já existia antes de nós. A vida vegetal já existia. A vida animal já existia e nós fomos enxertados, por assim dizer. Enxertados, no tronco de outras vidas anteriores a nós. Até isto chegou mais ou menos  a nossa ciência hoje.
A teologia pensa que nós saímos diretamente de Deus, sem nenhum intermediário. E os darwinistas desde o século passado pensam que nós não precisamos disto, do Infinito. Os darwinistas pensam que basta o mineral, basta o vegetal, basta o animal para explicar o homem. Isto chama evolucionismo. E os teólogos pensam: “Não, não houve nenhum evolucionismo. O homem caiu diretamente do céu. Tal qual, prontinho”. Bem, nós sabemos que isto não é verdade. O nosso corpo fluiu através de muitos outros organismos. O nosso espírito, sim, veio diretamente do Infinito, mas o nosso corpo, não. O nosso invólucro material passou por milhares e milhares de anos através do mundo mineral, através do mundo vegetal, através do mundo animal e por cima disto veio a descontinuidade da vida, mas ela está baseada na continuidade da vida. A vida (mineral, vegetal e animal) é uma continuidade. E depois disto veio um novo andar, por assim dizer, construído sobre a vida de continuidade, veio uma descontinuidade. Isto, ainda vamos falar, em outra ocasião.
Pensar que nós também pelo corpo viemos diretamente do Infinito não é aceitável. Porque é que nós temos todos os órgãos iguais aos dos animais? Todo o nosso corpo é exatamente igual ao corpo dos mamíferos superiores, os primatas.
Quando os estudantes de medicina querem estudar cirurgia, eles têm que saber muito bem onde estão as veias, os nervos e todos os órgãos do corpo, senão não podem fazer operação. Matam o homem em vez de curar. Então o que fazem? Primeiro vão ao necrotério e pedem licença para fazer estudo nos cadáveres que estão lá no necrotério. Onde é que vai esta veia, este nervo, este osso. E, depois até fazem estudo em animais vivos, pobres cobaias que têm que morrer por causa disto. Não há jeito. Eles fazem estudo em cobaia... Como é que funciona este órgão, como é que funcionam os pulmões, o estômago, o coração... E depois aplicam no homem. Se não houvesse semelhança entre o corpo animal e o corpo humano seria inútil fazer um estudo dos corpos de animais. Quer dizer, o nosso corpo é inteiramente igual ao corpo de qualquer animal superior.
Daí concluíram os darwinistas e outros: Nós não precisamos de nada senão só de um organismo animal para explicar o homem. Disto nós ainda vamos falar em outra ocasião. Nós não podemos derivar o homem totalmente dos animais. Nós podemos derivar o homem corporal dos animais, mas não podemos derivar aquilo que não está no corpo animal. Isto é coisa diferente. Então, para isto nós precisamos disto: Tudo está no Infinito, mas nem tudo está nos finitos.
A diferença que há entre o animal e nós... é aquilo que por enquanto se chama inteligência e algum dia se vai chamar razão. Nós não chegamos lá ainda. A razão que é muito mais alta  que a inteligência, está no Infinito. Uma forma muito mais perfeita do que nós temos. De maneira que nós precisamos  de 2 coisas: creação e evolução.
Os teólogos só querem creação sem evolução.
Os cientistas querem evolução sem creação.
E nós queremos os dois.
Nós fazemos uma síntese entre os teólogos e os cientistas. Os teólogos dizem: “O homem foi creado por Deus” e os cientistas dizem: “O homem é uma evolução do animal”. E nós dizemos: “Ambos têm 50% de  razão, mas ninguém tem 100% de razão”. Nós queremos ter 100% de razão. Nós queremos dizer: “O homem realmente foi creado pelo Infinito, mas ele fluiu também através de muitos finitos.” Então nós fazemos uma síntese entre creação e evolução. Aceitamos tanto a creação como também a evolução, porque os dois são fatos. Fomos creados e evolvidos também. Somos tanto produto duma creação, como somos produtos duma evolução. Nós não fomos creados diretamente, mas fomos creados indiretamente. Precisamos tanto da creação que é uma relação entre o finito e o nosso Infinito; e precisamos da evolução que é um processo multimilenar de um organismo para outro. Mas, o organismo inferior não pode produzir um organismo superior, dotado de inteligência, sem que apelemos para a fonte.
Na fonte  está tudo, nos canais não está tudo. Eu sei que isto é difícil para muitos, por isto faz favor de ruminar isto, até a próxima 3a. feira.
O principal na filosofia é ser bom ruminante, como as vacas. Se vocês apenas engolem vocês não podem digerir isto. A vaca come o capim, quase tudo sem mastigar. Engole, engole rapidamente, porque elas têm que arranjar muito capim no pasto e depois ela engole o capim para o 1o. estômago. Quando o estômago está cheio, ela se deita à sombra de uma árvore e o capim volta à boca. Aí ela começa a mastigar vagarosamente, filosoficamente, porque agora não há mais perigo de concorrência. Lá no pasto é muito perigoso, porque as outras vacas também comem, não é? Precisa arranjar bastante capim. Enche o primeiro bucho com o capim quase cru, porque não havia tempo para mastigar. As outras vacas também estavam lá.
Depois então elas entram em sossego. Agora ninguém mais pode roubar o capim. Depois ela manda vir á boca. Mastiga filosoficamente, calmamente. Parece pura filosofia. Horas inteiras ruminando, ruminando. Depois de bem mastigado vai para outro estômago, porque elas têm outro estômago. Aí vem a digestão.
Isto é o que vocês têm que fazer com a nossa filosofia. Em casa vocês têm que ruminar estas coisas para poder assimilar. Não basta devorar. É preciso assimilar. Filosofia não pode ser devorada. Não pode assimilar. E isto é ruminar. Aqui vocês têm que devorar por enquanto, mais tarde ruminar.    

*  *  *

TRANSCRIÇÃO DA AULA 05 -  O Homem esse mistério


CURSO NOVA HUMANIDADE
Huberto Rohden 
Aula 5: O Homem esse mistério
26/04/1977

  No meu livro Einstein, o enígma da matemática - leiam a segunda parte: “Artigos e alocuções de Einstein, sobre ciência, religião e filosofia”; onde eu traduzo textualmente do original alemão o que Einstein disse sobre a harmonia entre ciência e religião, que se chama filosofia. Não há palavras mais maravilhosas sobre este ponto como estas aqui. Ele não fala propriamente do nosso assunto. Ele fala de fatos e valores. Palavras de citações exatas como se encontra no original alemão. Se nós tivéssemos clareza sobre fatos e valores  nós teríamos clareza sobre este assunto. Se pudermos dizer que o homem vem de Deus ou do animal; ambas as coisas estão certas. Depende o que se entende por homem.
             A célebre frase de Einstein é a seguinte: “Do mundo dos fatos não conduz nenhum caminho para o mundo dos valores, porque os valores vêm de outra região”. Palavras textuais dele. Ele costuma chamar os fatos “Das was ist” (aquilo que é) e os valores Einstein chama “Das was  sein soll” (aquilo que deve ser). É uma maravilhosa distinção entre fatos e valores. A célebre questão entre fatos e valores:  Que são fatos? O que se pode ver, ouvir, tanger, perceber por alguns dos 5 sentidos. Isto são fatos. E o conjunto dos fatos nós chamamos de facticidades.
            A célebre expressão de Victor Franklin nos seus livros : facticidades (o conjunto de fatos), quer digamos fatos ou facticidades é a mesma coisa. Isto se pode verificar por 1 ou mais dos 5 sentidos. Fatos se podem ver, ouvir, tanger, se podem até cheirar e saborear- 5 sentidos. E fatos se podem analisar. A inteligência  analisa os fatos que os sentidos apresentam. Os nossos sentidos apresentam os fatos físicos. Se não são físicos não podem ser apresentados (fatos materiais, é claro). Os sentidos apresentam, percebem, verificam a existência de fatos, de facticidades materiais: física, química, eletricidade, eletrônica, biologia, geografia, história... são  fatos, facticidades sujeitos à verificação dos nossos sentidos e análise da nossa mente. Os sentidos percebem e a nossa inteligência analisa os fatos. Isto se chama ciência.
            Ciência está baseada nos sentidos e na inteligência. A ciência começa com os fatos materiais e tira conclusões intelectuais dos fatos. Portanto, ciência verifica os fatos e analisa os fatos. Einstein chama isto “Das was ist” - aquilo que é- fisicamente. E o que é que ele chama os valores? Agora começa o mistério: o que é que o grande matemático entende por valores? E Einstein afirma que nenhum dos nossos sentidos pode verificar um valor. E a própria inteligência não é capaz de analisar um único valor. Nós ficamos meio desapontados porque nós estamos acostumados a chamar valores outra coisa.
            Nós tiramos do bolso uma nota de dinheiro e dizemos: “isto tem um valor de 10 cruzeiros e aquilo tem um valor de 100 cruzeiros e aquilo outro tem um valor de 500 cruzeiros”. Isto nós chamamos valores por convenção, mas não são valores, são fatos. É claro que não são valores. Nós não podemos trazer no bolso nenhum valor. Só podemos trazer fatos. Fatos físicos que podem ser analisados pela inteligência. Percebidos pelos sentidos e analisados pela inteligência. Sendo a nossa linguagem muito inexata, convencionamos chamar valores: isto vale tanto. Vou ao mercado e pergunto: Quanto vale isto? Vou a uma loja e pergunto: Quanto vale esta mercadoria? Vale tanto, portanto tem um valor. Tudo isto é convenção, mas nada disto é verdade. Não existe nenhum valor físico, não existe nenhum valor químico. Valores são absolutamente invisíveis, inaudíveis, inteligíveis. Completamente invisíveis.
Não existe um valor visível. Não existe um valor audível. Não existe um valor tangível. Não existe um valor que se pode analisar. E agora estamos boiando, não entendemos mais nada. O que é um valor? Vamos ver se descobrimos alguns tipos de valores: verdade, justiça, amor, bondade, benevolência, honestidade. São valores, mas, vocês já viram uma verdade? Não. Nunca ninguém viu uma verdade com seus olhos. Vocês já tomaram uma verdade debaixo do microscópio e analisaram? Nunca. Vocês já ouviram pelo menos uma verdade? Nunca. Vocês já tangeram com as mãos uma verdade? Vocês já tangeram uma coisa chamadas justiça, bondade, veracidade, amor, benevolência, amizade, fraternidade? Não são coisas tangíveis. Não são coisas visíveis, nem audíveis, nem tangíveis. Então não são nada.
Dizem os grandes iniciados: “São muito mais do que os fatos”. Porque nós estamos acostumados a dizer “algo é real quando se pode  ver, ouvir, tanger”, então nós chamamos isto real. Nada disto é real. Isto são facticidades, reflexos da realidade, mas, não são a realidade. Os valores são a realidade. Valor e realidade são a mesma coisa.
Vou fazer uma comparação muito ingênua. Vocês estão diante de um grande espelho em que se vêem todos de alto a baixo, dos pés à cabeça;  vêem-se todos lá no espelho. Vocês estão no espelho ou não? É claro que vocês não estão no espelho. Ninguém pode estar no espelho. O que é aquilo que está no espelho? Um reflexo da  vossa pessoa. Logo, não é a realidade, vossa pessoa que está no espelho. Ninguém pode estar no espelho. E se alguém desse um tiro no espelho, vocês seriam mortos? Não, porque o tiro foi dado no reflexo e não foi dado no original que está aí.
Isto é mais ou menos uma comparação. Vamos comparar a vossa pessoa com valor e o reflexo de espelho como fato. Esta é mais ou menos a relação entre valores e fatos. O valor é uma realidade. O fato é um reflexo projetado pela realidade. Projetado no espelho bidimensional de tempo e espaço. Tempo e espaço tem duas dimensões. O espelho também tem duas dimensões. Um espelho tem comprimento e largura, não tem espessura. Quando nós vemos a realidade no tempo e no espaço, nós chamamos isto fato, mas, não é a realidade. A realidade não está no tempo e a realidade não está no espaço.
A realidade está para além do tempo e para além do espaço. O que está fora do espaço nós chamamos infinito. O que está fora do tempo nós chamamos eterno. Cuidado com estas duas palavras: tempo e espaço. Muitos entendem que a soma total dos tempos seja a eternidade. Pura bobagem. A soma total dos tempos não é a eternidade.A eternidade é a negação de qualquer tempo. Portanto, eternidade não é afirmação de tempo. Eternidade é a negação de qualquer tempo, de qualquer hora, de qualquer minuto, de qualquer segundo. Isto é eternidade.
E espaço, o que é? Todo o mundo pensa que o infinito é a soma total dos espaços. Não é verdade. O infinito é a negação de qualquer espaço. É a negação da dimensão e o eterno é a negação da duração. É um pouco difícil vocês subirem à estratosfera do pensamento, eu sei, porque vocês estão tão acostumados a pensar que o infinito seja a soma total das dimensões, e que o eterno seja a soma total das durações. Nada disto é verdade.
Valores são aquilo que estão no infinito e no eterno. Isto são valores. Tudo que está dentro do espaço e do tempo são apenas fatos e facticidades. É interessante. Eu não sei se vocês entendem um pouco de etimologia das palavras ou de filologia. O sentido real das palavras se chama etimologia ou filologia. A palavra latina para fato é factum. Os portugueses até hoje ainda escrevem facto. Nós no Brasil escrevemos fato. Os portugueses continuam a escrever facto e também pronunciam facto.
No ano passado quando estive em Portugal fazendo conferência eu tive que tomar muito cuidado para não dizer fato, como estamos habituados a dizer. Eles entendem por fato, isto aqui, a roupa. Sem c, é roupa, com c é fato, como em latim. Bem, então eu tinha que dizer lá em Portugal: os factos e os valores. A gente se acostuma pouco a pouco a moda deles.Os factos e os valores.
 Em latim factum deu em português fato. Agora faz favor, qual é o adjetivo derivado do substantivo factum em latim? Factício. Factício é o adjetivo de factum.  Os romanos pronunciavam factício e depois começaram a dizer fictício. E entrou nas línguas latinas e em português como língua latina, ficou fictício. Fictício é o adjetivo de factum.
Quer dizer, pela etimologia, os fatos são fictícios, portanto não são reais. Já temos uma pista. O fato não é uma coisa real. O fato é uma coisa puramente ilusória. É como quando vocês estão diante de um espelho, contemplam o espelho e vocês não estão no espelho. Lá está vosso eu fictício. Vosso Eu real está fora do espelho e vosso eu factício ou fictício está lá dentro. Mas eles podem matar vocês lá no espelho, vocês continuam a viver. E podem injuriar vocês no espelho, mas vocês não são aquilo. É só ficção. É tudo fictício. Estou explicando isto para vocês saberem mais ou menos distinguir entre fatos e realidade. Realidade é um valor. Fato não pode ser um valor, porque é pura ficção. Os fatos estão dentro do tempo e do espaço. Os fatos são verificáveis pelos 5 sentidos e são analisados pela inteligência. Isto se chama fatos.
Então, Einstein diz: do mundo dos fatos não conduz nenhum caminho para o mundo dos valores, da realidade. Os fatos não dão nenhum acesso à realidade. Se nós queremos saber dos valores, da realidade, temos que sair fora dos fatos. Não podemos confiar nos sentidos que só conhecem os fatos, nem podemos confiar na inteligência que analisa fatos. E, para onde é que vamos depois?
Quando estamos para além dos sentidos e para além da inteligência, onde é que estamos?
Vamos ver se encontramos  uma palavra para aquilo onde nós estamos, quando estamos para além dos fatos e das análises. Estamos na pura realidade. Estamos no mundo dos valores. Quando alguém entra em êxtase ou em samadi, como dizem lá no oriente, ou como dizem os zen-budistas, em satori....Seja êxtase (palavra grega), seja samadi (palavra sânscrita) ou satori (palavra japonesa), isto são os valores. Quando a gente entra na zona dos valores, na zona da realidade, então está em êxtase, está em samadi, está em satori. Isto poucos conseguem.
Numa meditação muito profunda e ultratranscendental, a gente entra na zona da realidade. E aí pela primeira vez a gente sabe o que é a realidade. Quem nunca entrou nesta zona para além dos sentidos e para além da mente, não sabe nada da realidade. Ele vive toda a vida falando em ilusões, facticidades, fatos, coisas fictícias e pensa que aquilo seja a realidade.
Então, voltando a Einstein, ele diz: “Do mundo dos fatos não conduz nenhum caminho para o mundo dos valores.” Ele que escrevia em alemão todas as coisas, às vezes em inglês. Mesmo nos Estados Unidos ele nunca aprendeu corretamente o inglês. Falava mais ou menos, mas escrevia em alemão. Então, ele chama os fatos, aquilo que é “Das was ist” e chamava os valores “Das was sein soll”, aquilo que deve ser. Muitos não sabem nada do seu Eu, porque só vêem o seu ego, que é um fato, perceptível pelos sentidos e analisados pela inteligência. E dizem: “eu sou o meu corpo, eu sou a minha inteligência”.
A inteligência também é um fato. “Eu sou os meus desejos”. Os desejos são fatos. Mas se nós disséssemos: “Você é somente o seu ego físico, o seu ego mental, o seu ego emocional?” Sim, vocês diriam, “e se alguém me matar, matou-me totalmente, não sobrou nada”. Assim pensam os analfabetos da realidade. Eles podem ser doutores em fatos, mas, continuam a ser analfabetos na realidade.
A realidade é os valores, e o valor está somente no nosso Eu central. O nosso Eu central é dotado de um certo grau de livre arbítrio, não muito. Alguns têm pouco livre arbítrio e outros têm muito, mas infinito ninguém tem. Somente a Divindade. Nós temos um certo grau de livre arbítrio, e pelo livre arbítrio nós somos creadores de valores.
Olhem bem! nós não podemos crear valores pelos sentidos, nós não podemos crear valores pela inteligência porque o fato não crea valores. Diz Einstein: “Se nós creamos valores, então nós temos que ter consciência da nossa realidade central, do nosso Eu”. O nosso eu é dotado de um poder creador. O nosso ego não tem poder creador. O nosso ego descobre os fatos, o nosso Eu crea valores. Aquela pergunta de Einstein é maravilhosa: “Por que todas as religiões do mundo prometem o céu aos bons e não aos inteligentes?” Ele diz: “A terra é para os inteligentes, o céu é para os bons.” Ele fala com uma precisão matemática incrível. Ele responde: “As religiões têm razão porque descobrir os fatos é ser inteligente, mas crear valores é ser bom”.Uma distinção maravilhosa.
O homem inteligente, erudito é descobridor de fatos que já existem, mas, o homem bom é um creador de valores que não existiam antes dele e que ele fez existir pelo poder do seu livre arbítrio. Os fatos já existem. O cientista não pode fazer os fatos. Nenhum físico, nenhum químico produz fatos. Ele descobre fatos: “Das was ist”, aquilo que é, aquilo que já existe, mas, ele não é creador de fatos. Nós não podemos crear fatos,  nós podemos descobrir fatos, mas os fatos já existem antes de nós. Antes e depois. Agora nós podemos crear valores. Crear valores é o único privilégio do homem neste mundo. Não existe nenhum outro ser na terra que possa crear um único valor. Verdade, justiça, amor, bondade, benevolência, amizade, fraternidade, honestidade são valores. Mas o animal não sabe nada disto. O animal é eternamente analfabeto em valores. No princípio da nossa vida nós também somos analfabetos em valores.
 A criança não sabe nada de valores, só sabe dos fatos. Sabe das coisas que ela precisa para viver. Os fatos. Pouco a pouco a criança desperta para os valores. Isto seria o fim da verdadeira educação: despertar no educando a idéia de valores. A  instrução só trata dos fatos e a educação trata dos valores. Nós confundimos eternamente, instrução e educação. Até o Ministério da Educação que não trata absolutamente de educação, mas de instrução. Mas, nós confundimos instrução nos fatos, com educação de valores. A educação se refere ao despertamento  e creação de valores dentro de nós. Os fatos estão fora de nós. Os valores estão dentro de nós. Fora de nós não existe nenhum valor. Na natureza não existe um valor. Na natureza só existem fatos. Fatos e mais fatos. Então quando nós somos muito instruídos na ciência nós somos doutores em fatos e possivelmente analfabetos em valores. Seria bom que nós fôssemos também, doutores em valores. Pode-se ser os dois. A gente pode ser formada nos fatos da ciência e também pode despertar em si valores da consciência.
Vejam que palavras maravilhosas estas duas: ciência e consciência. Têm o mesmo radical: Ciência e consciência. A ciência trata dos fatos que podemos descobrir pela inteligência, e a consciência trata dos valores que devemos crear pelo nosso livre arbítrio. Se não tivéssemos nenhum livre arbítrio, não poderíamos crear valores.O animal não pode crear nenhum valor porque o animal não é dotado de livre arbítrio. Tem um pouquinho de inteligência, inteligência biológica, mas, a inteligência não pode crear valores. E ao animal falta aquilo que chamamos o livre arbítrio que é o creador de valores. Aqui já temos a grande distinção entre o animal e o homem.
Quando os darwinistas  dizem que o homem é um descendente de animais, que ele é um animal apenas aperfeiçoado através de uma longa evolução, eles não sabem o que quer dizer valores. Eles o tratam dos fatos. Se nós fôssemos um conjunto de fatos como qualquer animal, então os darwinistas teriam razão. Poderíamos acumular mais fatos do que o animal acumulou. E nós teríamos o homem. Mas, o que em nós existe não é a soma total dos fatos. Fatos são sempre quantitativos, e em nós existe qualquer coisa diferente da quantidade que se chama qualidade.Qualidade é um valor e quantidade é sempre um fato. Vocês podem somar quantas quantidades quiserem, nunca vão ter uma qualidade.
Quantidade é uma coisa parecida com zero? Se vocês têm um zero, quantos vocês têm? Nada. Se tiverem dois zeros, quantos têm? Nada. Se tiverem 10 zeros têm alguma coisa? Não, nada. E, se têm 1000 zeros, têm alguma coisa? Não. 1000 zeros valem tanto quanto 1 zero. Porque são fatos, são quantidades. Agora, quando vocês saem do zero e entram no algarismo 1, por exemplo, aqui já representa outra coisa. O 1 já é um valor. Esse traço vertical já é um valor. Se vocês puserem 1 diante de um zero, à esquerda do zero, este zero não é mais zero. É engraçado. A matemática é pura feitiçaria.

Parte 2

A matemática é a melhor ilustração para a filosofia porque é evidente que todos os zeros não são nada, nada, nada...Bem, eu disse isto uma vez numa aula e alguém disse:  “Não senhor, um zero elevado a infinita potência é igual ao infinito.” Bem, isto é uma acrobacia mental. Ninguém pode elevar um zero à infinita potência. É impossível. Se fosse possível elevar um zero à infinita potência, naturalmente seria infinito, mas isto não é possível. Um fato não pode dar um valor. Do mundo dos fatos, diz Einstein, não conduz nenhum caminho para o mundo dos valores. Sendo que o animal só conhece os fatos, nenhum animal nos pode conduzir ao homem, porque o mundo dos fatos é o mundo do animal. Logo entre animalidade e hominalidade há sempre uma distância infinita.
Por isso, não podemos derivar o homem do animal como querem certos darwinistas. Eles querem que um animal muito aperfeiçoado seja homem, um zero muito aperfeiçoado dá 1 para eles. Onde está a matemática? Muitos zeros dão 1. Milhões de zeros não dão 1. Representando 1 como valor e zero como fato, a soma total dos fatos não dá valor. Logo esta idéia de derivar o homem do animal é contra a matemática e contra a lógica. Nós não falamos em religião aqui. Nós não apelamos para a Bíblia, isto deixamos para os teólogos. Nós não falamos em termos de religião na filosofia. Nós falamos em termos de matemática, em termos de lógica, porque a matemática não tem partidos.
Tudo tem partido, menos a matemática, vocês não podem descobrir um partido,  na matemática. A matemática no mundo cristão é a mesma matemática  do mundo pagão. E a matemática no mundo dos judeus é a mesma matemática do mundo dos árabes, mulçumanos que estão brigando entre si. A matemática nunca tem partido nem credo. Credo e partido são das religiões e das nações. 2x2 vai ser eternamente 4, no mundo inteiro, na lua, no sol, na via Láctea.. 1+3 vai ser sempre 4. Nunca vai ser 3. Nunca vai ser 5. Vai ser 4,4,4,e somente 4. E 10x10 nunca vai ser outra coisa senão 100. Quer dizer que a matemática é absolutamente sem partido e sem credo.
E porisso a matemática nos dá segurança. Nós não podemos ter seitas na matemática. Não podemos ter partidos, nem pró nem contra o governo. A matemática é absolutamente universal. Isto é uma vantagem. Porisso nós podemos sempre apelar para a matemática na filosofia, sem perigo de sermos derrotados por alguém. Se apelarmos para uma religião, a outra religião nos vai derrotar: “Você está errado, não é assim, a minha religião é verdadeira”. Portanto não vamos apelar para religião, mas vamos apelar para a matemática, porque não há uma matemática oriental e uma matemática ocidental. Não há uma matemática cristã e uma matemática pagã. Não há uma matemática terrestre e uma matemática solar. Só existe uma para todo o universo.
Então, quando estamos na matemática estamos seguros, inderrotáveis; porque a matemática não é outra coisa senão a consciência da realidade. Não é a ciência das facticidades. A ciência dos fatos é a física, mas a consciência da realidade ou dos valores se chama matemática. Pois, Einstein tinha razão quando dizia: “Do mundo dos fatos não conduz nenhum caminho para o mundo dos valores, porque os valores vêm de outra região.” Os valores não vêm dos fatos. Toda a soma total dos fatos não dá valor. Os valores vêm do infinito. Por isso se nós distinguimos o homem entre fatos físicos e valores metafísicos, nós não podemos derivar a física da metafísica. Nós não podemos derivar os fatos dos valores. E os valores, de onde vêm?
Agora vem um célebre impasse para nós.Teilhard de Chardin, o grande cientista do nosso século, falecido há alguns decênios, diz: “Os teólogos dizem que o homem foi creado por Deus, os cientistas dizem que o homem veio do animal. Então vamos fazer uma conciliação entre os teólogos e os cientistas”.Então, ele inventou esta célebre frase: “A descontinuidade na continuidade”.

 Então, eu tentei desenhar isto: Um traço vertical.
 Em cima está D. Embaixo H.
Vamos dizer que D significa Deus e H significa Homem. Isto é mais ou menos a idéia dos teólogos. Aqui há uma linha reta entre Deus e o Homem.
Eles dizem está na Bíblia que Deus creou o homem diretamente e não indiretamente através do animal. Creou diretamente de alto a baixo. Ele disse:
Façamos o homem segundo nossa imagem e semelhança. Pronto e acabou-se.
 Isto são os teólogos. A creação direta do homem. Deus →  Homem, e nada mais. Não tem nada no meio.





Depois vem a ciência e diz: o homem não veio na vertical de Deus. O homem veio na horizontal animal   Animal deu homem, um animal muito aperfeiçoado. Aqui começa a humanidade e aqui nós estamos agora.
Então, Teilhard de Chardin diz nenhum dos dois é verdade. A verdade é isto aqui (ver gráfico). Aqui está animal  - homem  e aqui está Deus. O animal veio milhares de anos antes e aqui ele começou a ser homem. Mas, por que ele começou a ser homem?  Porque houve um impacto de cima para baixo. Ele chama isto a descontinuidade da vida na continuidade da vida. Expressão misteriosa, mas é verdadeira. A descontinuidade é o início do espírito e a outra continuidade é a continuidade da vida animal. A vida animal é uma continuidade, milhões e milhões de anos. E aqui a vida animal sofreu um impacto, não animal. Um impacto espiritual. Uma linha vertical representa um impacto espiritual. Veio através das forças cósmicas do universo. Um impacto espiritual sobre este animal que tinha chegado até aqui. E daqui por diante este animal se chama homem.
Por que Teilhard de Chardin insiste na descontinuidade da vida na continuidade da vida?  Porque ele está na pura filosofia conosco. A ciência provou irrefragavelmente que o nosso corpo vem do mundo animal. Isto ninguém pode negar, hoje em dia. Porque nós temos os mesmos órgãos, o mesmo modo de concepção, de gestação,  de parturição, de nascimento, de vida e de morte, como qualquer animal. No nosso corpo não há a menor diferença entre o animal mamífero e nós. Todos os órgãos que estão no animal também estão em nós.    
Os estudantes vão ao necrotério para estudar os cadáveres, para ver onde estão as veias e as artérias. Não vão só ao necrotério. Também vão ao laboratório. Pegam cobaias vivas e estudam como é que funciona o corpo vivo do animal. E quando, eles sabem, muito bem, como funciona o corpo animal, eles dizem: “Agora eu sei como funciona o corpo humano”. Como é que eles sabem? Porque é praticamente o mesmo: as veias , os nervos e os ossos animais também são como os nossos. Neste ponto a ciência tem razão. O corpo humano é o mesmo do animal. Isto é  o fato, mas isto não é o valor. Os cientistas não sabem nada de valor, só tratam de fatos eles se esquecem daquela outra parte..
Em nós existe uma coisa que não existe em nenhuma cobaia, que não existe em nenhum gato, em nenhum cachorro, em nenhum macaco. Valor. O animal não pode crear valor. Ele nunca pode ser moralmente vicioso ou moralmente virtuoso. Não pode porque isto são desvalores ou valores. O vício é um valor mais negativo e a virtude é um valor positivo. O animal não pode tratar de verdade, de justiça, de benevolência como nós, porque isto é uma outra zona, diz Einstein. É a zona de valores.Então, aqui começam os valores. Até aqui éramos apenas fatos.
O nosso passado de milhares e milhares de anos atrás era um fato, mas dentro do fato já estava latente o valor, porque desde o princípio nós tínhamos a potencialidade para crear valores. A potencialidade despertou aqui em atualidade. Não sei se vocês estão habituados à distinção entre potência e ato. Na filosofia nós dizemos potencial quando uma coisa está dormente, latente; como uma planta que está potencialmente na semente; como uma ave está potencialmente no ovo. Isto nós chamamos potencial. O potencial é real em estado de dormência. Quando uma coisa é latente, dormente, invisível, ainda não acordou, isto nós chamamos potencial. Aqui já estava em nós a potencialidade para o homem, porque se não estivesse ele não poderia ter nascido. Aqui nós éramos homens embrionariamente, homens potencialmente, homens em estado de latência e aqui nós nos atualizamos como homem;  porque  o que está latente pode desabrochar em atualidade suposto que haja um despertamento desta latência que estava aqui.
Os valores conscientes da consciência começam aqui. Aqui estão os valores dormentes. Portanto não podemos dizer que o homem veio do animal. O homem veio através. Através do animal, sim. Do animal, não, porque do, se referem aos valores e através se referem aos fatos. O nosso corpo veio através do corpo animal, mas, o nosso valor estava desde o princípio em nós. Eu não devia propriamente pôr o D aqui, eu devia por o D aqui. Mas, para facilitar eu pus isto aqui. Aqui já éramos homens potencialmente isto Aqui, nós somo homens potenciais e aqui nós somos homens atuais. A potencialidade humana desabrochou na atualidade humana aqui.
Isto Teilhard de Chardin quis dizer quando ele diz: “o homem é um novo início dentro de uma continuação”. Ele é um novo início, mas, já precedido por uma longa continuação. A continuação da vida pelo impacto de um novo início.
Isto a Bíblia quer dizer quando diz: “Façamos o homem a nossa imagem e semelhança.” Muitos teólogos pensam que Deus tenha creado um boneco de barro e depois tenha insuflado neste boneco o seu espírito. Isto é contra toda experiência, porque, se o nosso corpo tivesse vindo diretamente de um boneco de barro e do espírito de Deus, nós não teríamos os órgãos dos animais, porque  se não tivéssemos vindo do corpo animal não havia nenhum motivo para termos todos os órgãos do animal. É claro. O espírito de Deus foi insuflado num ser vivo e não num ser morto. Isto está no Gênesis, mas eles não entenderam.
O Gênesis diz: “Os Elohim disseram - Façamos o homem a nossa imagem e semelhança”. E, depois as Potências creadoras insuflaram, fizeram um corpo de substância orgânica. Logo, não de substância inorgânica, do barro. Está no texto grego “shous” - palavra para substância orgânica. No apocalipse está a mesma coisa.O apocalipse é o último livro da Bíblia.
No Apocalipse está: “Saiu do mar um animal e recebeu os poderes do dragão e combateu contra Deus”. Isto é, saiu do mar um animal, recebeu os poderes do dragão e começou a lançar blasfêmias contra Deus. Que é isto? O animal é o nosso corpo. O dragão é a nossa inteligência e mais tarde vem o Cristo. No Gênesis o dragão se chama serpente. Serpente e dragão são sempre os símbolos da inteligência. Em toda literatura humana a inteligência é representada pela serpente. No oriente é representada pelo dragão, sobretudo na China. No ocidente a inteligência é representada pela serpente.
Vocês já viram, na entrada de uma farmácia o que está lá no alto ? Não está lá uma serpente? Enroscada num cálice e olhando para dentro do cálice uma substância vermelha, que parece sangue? Que é isto? Até hoje eles simbolizam a inteligência pela serpente. “Aqui nesta farmácia, nesta drogaria nós prometemos vida e saúde pela inteligência da medicina.” Isto está lá. É um símbolo muito bonito. Se isto é verdade ou não,  não vamos afirmar, mas pelo menos pensam que é verdade. Aqui vocês vêm buscar vida e saúde pela inteligência em forma de serpente.
E Jesus não disse: “Sede inteligentes como as serpentes e sede simples como as pombas?” Palavra de Jesus. Todo o mundo compara a inteligência  com a serpente, desde o princípio do mundo. O Gênesis também, quando introduz a serpente que fala com Eva, é a inteligência que despertou nela. E a inteligência sempre luta com o espírito, não concorda com o espírito.
Veja a Bhagavad Gita, que sabedoria. O mais antigo livro da humanidade que temos- 7.000 anos de existência. “O ego é o pior inimigo do Eu” (o que é o ego senão a inteligência).  Eu é o espírito de Deus em nós. Ego é a nossa inteligência. A nossa inteligência sempre luta contra o espírito. E depois a Bhagavad Gita continua: “mas o Eu é o melhor amigo do ego.” Que coisa maravilhosa! A inteligência sempre luta contra o espírito, mas o espírito é sempre amigo da inteligência. Se o espírito também lutasse contra a inteligência, não teria nenhuma esperança de tratar de paz. Haviam de lutar eternamente, mas, graças a Deus, a inteligência luta contra o espírito, mas o espírito é amigo da inteligência. Quer dizer. O tolo luta contra o sábio, mas o sábio ama o tolo.Vocês podem ver isto: O tolo nunca aprende nada do sábio, mas, o sábio aprende muito do tolo. A sabedoria aceita a tolice, mas a tolice não aceita a sabedoria. O ego é inteligência, mas o eu é espírito.
Então o nosso ego é sempre serpente que sempre se revolta contra o espírito, mas o espírito diz: “Coitado do ego, ele não sabe nada, vamos ter pena dele.” Então ele ama o ego. E quando o Eu ama o ego pode haver paz. O ego não pode amar o Eu  porque ele só odeia. Briga sempre com ele.
Então, tanto o Gênesis como o apocalipse que são o primeiro e o último livro da Bíblia introduzem a inteligência em forma de serpente, no Gênesis. No apocalipse, em forma de dragão. Dragão também é símbolo da inteligência. No oriente eles gostam mais de usar o dragão, e nós usamos serpente.
Isto é uma chave para nós compreendermos a dúplice natureza do homem. O homem nunca teve natureza simples. Ele sempre teve uma natureza de dois pólos. Um pólo negativo chamado inteligência ou ego, e um pólo positivo chamado espírito ou Eu. Mas, os dois pólos não precisam brigar com outro. Os dois podem fazer as pazes. Aqui na luz elétrica há dois pólos- todos sabem- o pólo positivo e o pólo negativo. Os dois estão brigando? Não, os dois fizeram as pazes. E a paz se chama luz. A síntese do pólo positivo da eletricidade e do pólo  negativo dá luz e dá calor e dá força. Luz na lâmpada, calor no aquecedor ou no chuveiro elétrico do banheiro. Também tem dois pólos. A resistência que está lá dentro é atravessada por 2 pólos. E os dois pólos dão calor. Por isso vocês podem tomar banho quente no banheiro porque há 2 pólos que produzem calor.
E, se vocês vão a uma indústria que funciona todos com dínamo, hoje em dia. Donde é que vem o dínamo? A força tremenda do dínamo vem de dois pólos. Um positivo e um negativo. E quando os dois pólos se unem de certo modo, não de modo errado pois isto dá circuito. Cuidado! Mas se unem de modo certo como a nossa inteligência sabe fazer; a união dos 2 pólos dá luz na lâmpada, calor no aquecedor e força no dínamo.
Quer dizer, em nossa natureza humana há dois pólos: o pólo negativo do ego que só conhece os fatos, e o pólo positivo do Eu que também conhece valores. Os fatos não podem descobrir os valores diz Einstein, mas o valor pode descobrir os fatos. Vejam bem, os valores sempre correspondem ao Eu e os fatos correspondem ao ego. O ego não vai fazer as pazes com o Eu. Não tem esperança nenhuma. Ele briga eternamente, mas, graças a Deus, o Eu pode fazer as pazes com o ego, porque o Eu é sábio e o ego é apenas intelectual. A inteligência não é sabedoria. Sabedoria é coisa espiritual e   inteligência não é espiritual.
Então, nós temos uma  esperança que algum dia o homem faça a síntese entre os seus 2 pólos. Se ele nunca descobrir o seu Eu espiritual não vai fazer a paz,  porque o ego não vai fazer paz. O maior pode fazer paz com o menor, mas o menor não vai fazer a paz com o maior. O sábio pode fazer paz com o ignorante, mas o ignorante não vai fazer paz com o sábio.Bem, quer dizer que nós estamos diante deste mistério chamado homem. Ele é um composto de dois pólos que sempre estão em luta, enquanto não descobre o pólo positivo do Eu; porque o Eu é o melhor amigo do ego, mas o ego é o pior inimigo do Eu.



* * *


TRANSCRIÇÃO DA AULA 06 -  O Dragão, o Cordeiro e a Serpente


CURSO NOVA HUMANIDADE
Huberto Rohden 
Aula 6: O Dragão, o Cordeiro e a Serpente.
03/05/1977
            Vou focalizar um pouco o Apocalipse, o único livro profético do Novo Testamento. Os outros livros são históricos,mas o Apocalipse é um livro, uma visão do futuro. Lá ocorre o seguinte sobre o homem velho e o homem novo. O homem velho aparece aí como o animal que veio do mar. E tanto o Gênesis como o Apocalipse supõe que o homem antes de ser homem já existia como ser vivo. O homem já existia, não como ser humano, mas, como outro ser vivo que nós não sabemos, que ser vivo ele era antes de ter homificado, de tornar homem.
 Então, o Apocalipse diz: veio o animal do mar e recebeu todos os poderes do dragão.
 É bom saber, dragão e serpente são a mesma idéia. Em muitos países o dragão substitui a serpente. Na China e no Tibet só se fala no dragão, porque eles usam sempre a idéia do dragão em vez da serpente. E, João quando escreveu o Apocalipse também fala no dragão. O Gênesis fala da serpente. Então, diz o texto que o animal veio do mar e recebeu os poderes do dragão, os poderes da serpente. E, apenas o animal que veio do mar recebeu os poderes do dragão, começou a blasfemar contra Deus.
Imagine! É muito perigoso receber os poderes do dragão. O dragão representa a inteligência luciférica- a inteligência contra o espírito. O dragão é sempre a coisa hostil ao espírito, a inteligência que não combina com o espírito. A Bhagavad Gita diz claramente: “O ego é o pior inimigo do Eu”. O ego é a inteligência, é claro, é o dragão e a serpente. O ego, diz a Bhagavad Gita, “é o pior inimigo do Eu (espírito)”. O ego representa a parte mental do homem. Todos concordam que o mental é sempre inimigo do espiritual. O Gênesis supõe, o Apocalipse supõe, a Bhagavad Gita também supõe isto. São os livros mais antigos da humanidade. O nosso ego mental hostiliza o nosso Eu espiritual.
            Não quer saber dele porque é eclipsado pelo Eu espiritual e ninguém gosta de ser eclipsado. Cada um gosta de mandar e não de obedecer. Agora, se a inteligência é obrigada a obedecer ao espírito, ela se revolta. Hoje em dia também acontece isto. Mas, diz a Bhagavad Gita por outro lado: “o Eu é o melhor amigo do ego”. O Espírito é o melhor amigo da inteligência, mas a inteligência é o pior inimigo do espírito.
            Voltando ao Apocalipse, apenas o animal que veio do mar recebeu os poderes do dragão- é a  intelectualização do homem- começou a blasfemar contra Deus; porque o espírito é a emanação de Deus e como ele não tinha mais poder, ele declarou guerra a todos os povos do mundo. O nosso ego é assim mesmo, blasfema para cima e guerreia por todos os lados. O ego humano está sempre guerreando os outros egos. Ele não tem paz. Não faz tratado de paz com ninguém. Nós estamos sempre vendo isto, porque que a humanidade está sempre brigando. Guerreia dentro e fora do país. É porque nós vivemos na zona do ego e não chegamos ainda na zona do Eu.
            Então o Apocalipse diz: Apenas o animal recebeu os poderes do dragão, começou a blasfemar contra Deus e começou a guerrear todos os povos da terra. Blasfemar para cima e guerrear para todos os lados. Exatamente o nosso ego faz isto. Onde há 2 egos há briga e onde há 3 egos há guerra. É sempre assim. Bem, então, apareceu o cordeiro que derrotou o dragão. Não se podia esperar que o cordeiro derrotasse o dragão, porque o cordeiro é o símbolo da paz, da tranqüilidade e o cordeiro é inerme, não tem armas. Mas, está no Gênesis que o cordeiro derrotou o dragão.
 Nós sabemos que o cordeiro é o  símbolo do Cristo. João Batista diz: “Eis aí o cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo.” É Claro, o cordeiro foi sempre o símbolo do Cristo. E como é que o cordeiro sem arma, sem nada derrotou um dragão poderoso.  Aqui não se trata de armas materiais, nem de armas mentais, mas de um poder espiritual. O poder espiritual derrotou as violências materiais e até as violências mentais.
            E nós não tivemos exemplo em pleno século XX uma repetição disto? Lá na Índia, não vivia mesmo um cordeiro chamado Mahatma Gandhi? Nunca ele permitiu que alguém matasse alguém. Nunca permitiu que ferissem os outros. Nunca odiou ninguém. E quando os hindus queriam odiar os ingleses que ocupavam a Índia, Gandhi proibia: “Vocês não têm que odiar nenhum inglês, vocês têm que amar todos os nossos inimigos.” Os hindus diziam: “mas não é possível! eles estão nos maltratando há 150 anos. Nós temos que os ingleses e expulsar os ingleses da Índia.”  “Sim, é claro”, dizia Gandhi, “nós temos que expulsar os ingleses da Índia, e nós vamos expulsar, mas à força de amor, não à força de armas, de canhões e metralhadoras e aviões de bombardeio e talvez bomba atômica (agora já tem bomba atômica na Índia). Nós não vamos usar violência contra os inimigos, nós vamos usar benevolência, Ahinsa e Satiagraha.” Ahinsa, quer dizer nãoviolência e Satiagraha, o poder da verdade. “Vamos expulsar os ingleses pela não-violência e pelo amor à verdade.”
            Bem, isto é a linguagem de um cordeiro, e ninguém poderia esperar que um único homem sem armas, Gandhi expulsasse os ingleses – um poderoso império britânico que ocupava a Índia. Quer dizer que aqui se manifestou mais uma vez o poder do espírito contra a violência mental e material. Aconteceu em nosso século.
            Está no Apocalipse: o cordeiro derrotou o dragão e o dragão foi vingado por 1000 anos, foi preso e não pôde mais combater durante mil anos. É o célebre milênio do Cristo, porque 1000 anos não sabemos. Durante 1000 anos o dragão foi vingado e houve uma paz universal no mundo durante 1000 anos. Depois dos 1000 anos, diz o Apocalipse, o dragão foi solto, por ordem do cordeiro. O cordeiro mandou soltar da prisão o dragão. E, depois, o que aconteceu? Não se fala mais em luta, apesar do dragão estar solto.
            O dragão é o nosso ego, é o velho homem, e o cordeiro é o nosso Eu- a nova humanidade. E por que a velha humanidade não lutou mais contra a nova humanidade. O Apocalipse se cala- não diz uma palavra. Mas, os experientes devem ter interpretado assim: porque o dragão depois de solto não luta mais, porque ele já compreendeu a sabedoria do cordeiro. Ele não lutou mais contra a sabedoria porque durante estes 1000 anos ele compreendeu que o mental deve integrar-se no espiritual. Se isto acontecer alguma vez aqui entre nós, então nascerá a nova humanidade. E parece que o Apocalipse está prevendo isto. Que agora nós não conhecemos ainda a sabedoria do espírito, do cordeiro e por isso estamos lutando, brigando. Mas, se nós conhecermos a sabedoria do mundo espiritual, nós não lutaremos mais contra o mundo espiritual.
            Assim eu entendo o Apocalipse, porque o dragão não lutou mais depois que foi solto pelo cordeiro. Mas antes ele lutava,  está lá. Quer dizer, aqui o Apocalipse apresenta o velho homem como um animal que recebeu os poderes do dragão. Um paralelo perfeito ao Gênesis, o homem recebeu os poderes da serpente.
            Agora vamos falar um pouco na serpente. Embora alguns paises usam dragão, mas nós estamos mais habituados à idéia da serpente como sendo a inteligência humana. Por toda a parte usa a imagem da serpente como a inteligência. E Jesus também usa: “sede inteligentes como as serpentes, mas sede simples como as pombas.” Aqui ele usa o símbolo da pomba em vez do símbolo do cordeiro. No Apocalipse é cordeiro, no Evangelho é pomba. A pomba também é mansa. A pomba não tem com que se defender. Ela pode ser morta, mas não mata ninguém. A pomba é pacífica como o cordeiro é pacífico. São 2 símbolos do homem cristificado, do próprio Cristo.
            Agora vamos falar da serpente. Vocês que lêm um pouco de literatura oriental hoje em dia, porque todo o mundo ocidental está eivado de literatura oriental, sabem que na Índia a serpente se chama Naja. Quando eles usam a palavra cobra, eles só entendem serpente venenosa. Usam a palavra Naja  para qualquer serpente. Naja é toda serpente da Índia. Também se pode escrever com y -Naya em vez de Naja com j. E alguns escrevem até com g- Naga. Seja Naga, Naya ou mais usualmente Naja - é serpente. Se vocês lerem o texto hebraico de Moisés, a serpente se chama Nahash. Vocês não vêm  semelhança entre Nahash e Naja ?  Em hebraico a serpente se chama Nahash- e em sânscrito Naja. É evidente que a palavra é a mesma.
            Se Moisés não tivesse tido contato com a Índia, ele não teria usado a palavra Nahash para serpente. Mas, é claro que ele teve contato com a Índia. Eu já disse em outra aula: a Bíblia diz que Moisés foi para a Arábia quando ele tinha 40 anos, fugindo do Egito, onde ele tinha nascido. E ficou na Arábia 40 anos. De 40 até 80 anos ele foi pastor na Arábia. Mas a Arábia é oriente médio. A Índia é oriente longínquo, mas ambos são paises asiáticos, não são ocidentais. São paises da Ásia tanto a Arábia como também a Índia.
Então, é muito provável que Moisés tenha tido contato com a Índia, talvez tenha ido pessoalmente à Índia. 40 anos tinha tempo de sobra, para ir até a pé, pois, lá não tinha muito transporte como hoje. Bem, cavalos já havia, camelos e elefantes havia como transporte, mas não havia trens e ônibus, muito menos aviões, mas ele podia mesmo ir a pé. Em 40 anos podia folgadamente ir lá,  ficar muito tempo na Índia e voltar para a Arábia. E, provavelmente ele fez isto, porque no Gênesis está cheio de palavras hindus, sânscritas, inclusive a palavra serpente, Nahash,em vez de Naja.
            Então, Moisés também pegou a idéia da serpente para simbolizar o homem em certo estágio da sua evolução. O homem mental, o homem intelectual é chamado a serpente, como na Índia Naja e em hebraico, Nahash. Em todos os povos a idéia de serpente, ou de dragão como se diz no Tibete e na China, é a idéia da inteligência. Quando alguém é muito inteligente eles dizem: “ele é serpente, ele é cobra”. Nós também usamos a expressão: “ele é muito cobra”. A idéia de serpente e dragão também quer dizer mago. Em todos paises orientais, na China, no Tibete... dragão, serpente, mago e feiticeiro são a mesma coisa. Quando alguém tem faculdades superiores às faculdades comuns dizem: ele é um mago, ele é um feiticeiro. Ele faz coisas que nós não podemos fazer.
            Até os nossos indígenas, aqui nas florestas do Brasil, usam a serpente como coisa superior. Eu me lembro sempre de um antigo livro que eu li outrora, de um padre missionário italiano que foi para o Mato Grosso para uma tribo de índios completamente selvagens. E ele foi tão admirado lá pelos índios (um padre italiano chamado Colbaquini), e a tribo o nomeou membro honorário da tribo dos índios. Fez uma grande festa para conferir ao padre Colbaquini o título de membro honorário da tribo deles. E lhe deram o título de cobra grande. Na língua deles Boiguaçu. O padre ficou com o nome de Boiguaçu. Boi, Boia quer dizer cobra, e guaçu, grande.
            Por que? Porque o padre Colbaquini sabia de coisas, sobretudo de medicina e plantas que curavam os índios. Diziam: “este é um mago, é um feiticeiro, é uma cobra grande.”  Quer dizer, os nossos índios também entendem que cobra é qualquer  coisa superior, fora do comum. Boiguaçu, cobra grande, dragão, serpente, sempre deu a idéia que representa algum poder superior.
            Na Índia ficou célebre a história da kundalini, que é a serpente. Kundala (enroscado), e kundalini é uma personificação da palavra kundala que não é propriamente serpente. Quer dizer enroscado. Porque a serpente quando faz hibernação... (todas as serpentes hibernam no inverno, nos países frios). Aqui no Brasil também no sul, a cobra faz hibernação. Ela dorme durante 2 ou 3 meses contínuo, nos meses frios (junho, julho, agosto). A serpente se esconde debaixo duma pedra num velho cupinzeiro ou noutro esconderijo seguro e dorme. Não come nada durante 3 meses inteiros e não morre. Ela come muito antes de dormir, engole algum animalzinho, porque as serpentes são carnívoras e depois se deitam aí para dormir. Durante 6 meses faz hibernação.
            Anos atrás houve aqui, no Largo Paissandu, um iogue que fazia demonstrações que se podia viver meses inteiros sem comer. Mandaram construir uma casinha para ele, com janelas de vidro. E lá estava deitado o iogue em cima duma cama de pregos como eles costumam fazer. Ficou 130 dias sem comer nada, vigiado pelos médicos de São Paulo, controlando cada dia o estado de saúde dele. E quando eu fui lá, uma vez, espiar pela janelinha (não se podia entrar, mas, a gente podia espiar pela janela), a casinha estava cheia de cobras. Rastejando por cima dele! Não eram venenosas, eu creio, pois, há muitas cobras que não são venenosas. Mas eram cobras verdadeiras, vivas.
Eu perguntei a alguém: “Por que é que ele tem cobras lá dentro?” “Ah!” dissera alguém “isto dá muita vitalidade e as auras das cobras dão muita vitalidade, por isso ele agüenta melhor o jejum na presença das cobras.”
Coisa estranha, não? “Por que é que a cobra dá vitalidade? Porque ela tem uma vitalidade estranha. Ela pode viver meses e meses sem comer. Mesmo fora da hibernação ela pode passar um mês inteiro comendo uma só vez, por mês. Quer dizer, a cobra foi sempre o símbolo da vitalidade. Come e vive muito bem sem comer. Então, os hindus acharam que eles deviam considerar a Naja, a serpente, como vitalidade e atribuíram ao homem a vitalidade. E como a nossa coluna vertebral tem a forma de uma serpente...


Quem vê isto assim diz que isto é uma serpente. Uma cabecinha em cima e o último chakra tem a forma de um grande esse, assim, com 2  curvas.  E como toda a nossa vitalidade passa através da coluna vertebral, a filosofia hindu de 7000 anos de existência achou que a coluna vertebral era uma espécie de serpente, porque  dá vitalidade ao nosso corpo.








Discutiu-se muito, onde está a sede da vida no nosso corpo. Muitos acham que está no cérebro, outros que está no  coração, outros que a sede da vida está no sangue. Mas, os mais antigos filósofos da Índia já sabiam que a sede da nossa vitalidade está na coluna vertebral. Porque a coluna vertebral é toda atravessada pelos nervos. Porque as vértebras têm uma abertura no meio e através desta abertura passa um líquido e dentro do líquido estão os nervos. Passam os nervos através da medula da coluna vertebral. E, como sem nervos ninguém tem consciência, nós não podemos sentir nada senão através dos nervos, era muito natural que os filósofos antigos considerassem os nervos a sede da própria vida. E, descobriram que os nervos são os canais por onde a vida cósmica se comunica a nós. Os nervos da coluna vertebral são canais que estão em contato com a vida cósmica, com a vida universal. Comunica a nós através destes condutores misteriosos que são os nervos.
Nós sabemos que o nosso ar é condutor da nossa voz. Quando estou falando e vós estais ouvindo a minha voz, se não tivesse ar entre mim e vós, vós não ouviríeis nada. Na lua, por exemplo, a gente não pode falar assim. Os astronautas que estiveram lá não puderam falar um com outro. Nem assim, um em frente ao outro. Deviam fazer sinais para se comunicar, porque na lua não há ar. O ar transmite as vibrações da voz,  mas nós podemos falar porque há ar e nós nos comunicamos até 100 ou 200 m, muito mais, não.
            Mas se nós quisermos uma longa distância, não basta o ar, precisamos de outro condutor, outro veículo. Através do ar chega a voz. Através dos fios metálicos vai a eletricidade dos antigos telégrafos, que precisavam de fios metálicos para mandar um telegrama. A eletricidade vai pelos fios. A eletrônica  não precisa nem fios. Basta o éter. Entre nós e a lua não há ar, mas há o éter e nós podemos mandar mensagens eletrônicas daqui para a lua. Não precisamos nem do ar. Quer dizer, são outros veículos: ar, fios metálicos e éter. E os nervos são veículos de energia cósmica.

2parte

Nervos  são veículos de energia cósmica que é transmitida a nós. Nós não temos consciência se não temos comunicação dos nervos. Quando vocês estão doentes e precisam de uma operação, eles lhes dão anestesia. Se precisarem fazer operação num braço eles dão anestesia local e o cirurgião pode cortar o que quiser aqui. Vocês não sentem  nada. Por que  vocês não sentem? Porque os nervos estão interrompidos, estão insensibilizados. A anestesia (palavra grega para insensibilidade) suspende a função dos nervos temporariamente e por isso nós não sentimos nada naquela parte do corpo, onde não há comunicação de nervos.
E quando precisamos de anestesia total, então,  dão uma injeção que abrange o nosso corpo inteiro, fora o coração. O coração é independente, graças a Deus, ele não pára. É muito estranho! Todos os nervos param. O coração continua a bater regularmente. E a respiração também continua, senão não poderíamos ser anestesiados sem morrer. Mas, podemos ser anestesiados e continuarmos a viver. Mas ficamos completamente inconscientes. Não sabemos nada que o cirurgião está fazendo durante a anestesia.
Quer dizer, os nossos nervos são veículos de consciência. Qualquer coisa de fluido cósmico passa pelos nossos nervos. Por isso os hindus acharam que a nossa coluna vertebral é uma serpente de alta vitalidade. E a vitalidade está graduada. Embaixo há pouca vitalidade. À medida que vai subindo a vitalidade, a consciência aumenta. Então, localizaram na coluna vertebral 6 centros de consciência que eles chamam chakras. Chakras quer dizer rodinha, literalmente. Acham que são espécies de círculos ou vórtices talvez, que são sedes da nossa consciência. Agora, não pensem  que algum cirurgião ou algum fisiólogo possa descobrir os chakras na nossa coluna vertebral. Não  vai descobrir nada, nada, nada. Porque não são centros materiais. São centros puramente energéticos. São centros de energia. Não são centros materiais. Por isso ninguém vai descobrir na coluna vertebral um chakra, um centro de forças. Força é coisa invisível. Nós não podemos analisar força pelo bisturi, nem fotografar força. Nós podemos fotografar matéria, mas não podemos fotografar energia pura.
Einstein diz: “matéria é energia congelada, mas energia é matéria descongelada”. Nós podemos fotografar energia congelada em matéria, mas não podemos fotografar energia pura.
Então, os hindus dizem que os chakras, os centros energéticos, de energia cósmica, que estão na coluna vertebral são reais, mas, não são materiais. Então, vamos localizar o centro mais baixo aqui, logo vem outro centro. Não tem rodinha nenhuma. Aqui no meio está vazio. Aqui é bem embaixo, aqui pouco mais acima, na altura do umbigo. Aqui continua o outro na altura do coração. Outro mais ou menos, da laringe e outro logo debaixo do cérebro. Lá termina a coluna vertebral. E o último  centro é uma forma alongada. Uma espécie de pêra mais grossa para cima e mais para baixo.
E através de toda esta coluna vertebral cheia de nervos, todos os nervos passam aí depois se ramificam para os membros, passa a nossa vitalidade em diversos graus. Quanto mais consciente a vitalidade, mais poderosa ela é. Mas, lá embaixo ela é apenas subconsciente, talvez inconsciente. O último é mais ou menos inconsciente. Depois já é ligeiramente consciente no segundo centro. Mais consciente (à medida que vai subindo). E lá em cima no último, consciente. Isto seria a nossa coluna vertebral. Aqui seria do animal horizontal. E aqui seria um estado de completa dormência.
Então, eles distinguiram kundalini, isto é, serpente enroscada, completamente enroscada, quando estamos inconscientes. Nós sentimos instintivamente, mas não pensamos. Isto é a parte mais baixa da consciência que seria uma subconsciência ou inconsciência. Aquilo que Freud chama id, a coisa puramente vital, mas ainda não mental, nem emocional propriamente. Puramente vital, a vitalidade pura do animal. Subindo já entra a idéia da reprodução, a individualidade subconsciente. Aqui já há uma individualidade com idéia de reprodução. A parte sexual está mais ou menos à altura dos órgãos genitais. E aqui já tem uma maior consciência, consciência de possessividade, de possuir algum objeto. Aqui já tem uma consciência de emotividade, consciência de mentalidade e lá em cima, consciência cósmica. Consciência já está em contato com outra esfera do universo que não é mais matéria pura.
Então, eles inventaram que quando o homem está completamente inconsciente, é serpente em forma de Kundala ou de kundalini, serpente enroscada, serpente dormente. Depois, a serpente acorda, começa a mentalização. Começa o homem a mentalizar. Ele cria uma ligeira consciência mental de si mesmo, uma consciência reflexiva.
Aí a serpente se desenrola e começa a rastejar horizontalmente na terra. Isto seria a velha humanidade. Aí no enroscado não é nem humanidade, é pura animalidade. Aqui começa a hominalidade. Começa o despertamento da consciência do ego. Porque no subconsciente não há ego nem eu. O puro id, diria Freud. Aqui começa a consciência do ego e o superego seria isto aqui que nós chamamos o Eu verdadeiro. Seria o infra-ego, o ego e o supra-ego, ou como nós dizemos, o Eu.
Nós somos os únicos seres aqui na terra, verticalizados, de cabeça para cima.Verticalizados, de andar ereto, de cabeça para cima.Os únicos do Planeta Terra. O animal é horizontal porque a coluna vertebral do animal é paralela a terra. E a planta também é vertical, mas de cabeça para baixo. É claro que a planta é vertical, mas não tem a cabeça para cima. A planta é vertical de cabeça para baixo porque as raízes da planta são a cabeça da planta. A planta se nutre pelas raízes. Come pelas raízes. Nenhuma planta pode viver sem terra. Está presa na terra e tira sua nutrição da terra. A planta pode ser chamada um ser vivo, vertical, mas, de cabeça para baixo. Depois vem o animal que é um ser vivo horizontal com a cabeça para o lado e em 3o lugar vem o homem. Um ser vivo vertical de cabeça para cima.
Por que é que nós temos a cabeça para cima? Porque precisamos da nossa antena. A nossa antena poderosa: primeiro a coluna vertebral com suas antenas cósmicas, os nervos. Sem nervos nós não estamos em contato com o cosmos. Então, nós temos os nervos verticalizados para cima, porque a nossa evolução vai rumo ao infinito.A planta não precisa disto porque a sua evolução vai rumo a terra. O animal não precisa disto porque a sua evolução é terrestre. Mas o homem precisa da antena para cima porque a sua evolução mostra os espaços sem limites, lá em cima.
Por isso é que nós fazemos a meditação de cabeça para cima. Muita gente pergunta se a gente pode fazer meditação deitado. Eu digo, não. Não é porque deitado facilmente a gente cai vítima do sono, mas também, deitado a antena está em posição imprópria. A nossa antena tem que estar para cima onde não há nada, só o espaço infinito. Por isso, a meditação se pode fazer ou em pé, ou sentado. Não se pode fazer deitado a meditação verdadeira. A antena não funciona corretamente quando não está em posição vertical. Do cérebro, não vamos falar por enquanto.
Tudo isto se sabia: Aqui estão os 6 chakras e aqui está o sétimo, na base da testa, que chama o olho de Shiva, o olho simples do Evangelho, ou o olho do Cristo. Tudo isto é a mesma coisa. No oriente se chama o 7o chakra, entre as sobrancelhas, o olho de Shiva. Shiva corresponde ao nosso Espírito Santo porque eles têm  a trindade: Brahma, Vishnu e Shiva. A trindade é universal em todos os povos. Não é nenhum privilégio do cristianismo a idéia da trindade. Brahman, a Divindade, sempre se revela de 3 modos: como creador, como continuador e como consumador, exterminador.
O creador chama Brahma.
O continuador chama Vishnu.
O consumador chama Shiva, que corresponde ao nosso Espírito Santo.
Então, o Espírito Santo seria o 7o- chakra aí na base da testa. Está em comunicação com o 6o chakra através duma glândula no meio do cérebro. Hoje em dia, quase completamente atrofiada, e se chama glândula pineal. Quase não funciona, nos grandes videntes funciona. No homem comum a glândula pineal que seria uma ligação entre o 6o chakra e o 7o está quase atrofiada. Agora, por uma meditação bem conduzida, esta glândula pineal que está no meio do cérebro desperta outra vez, se regenera. Por isso convém fazer meditação, porque produz intuição espiritual. A intuição é essencialmente no 7o chakra, na base da testa.
O resto são análises mentais. E embaixo não é sequer análise. Aqui é vitalidade, aqui é emocionalidade, mentalidade e cosmicidade. Lá está o 7o- chakra como a intuição suprema.
Bem, Moisés introduziu a serpente no Gênesis. Evidentemente ele esteve em contato com a filosofia hindu, no Egito onde já se sabia há muitos milênios destas coisas. O nosso Gênesis remonta ao ano 3500, partindo do nosso tempo. Mas a filosofia oriental tem 7000 anos. Quer dizer que é o dobro de 3500. Quando Moisés apareceu, a filosofia hindu já tinha 3500 anos de existência. Quer dizer que já estava muito aperfeiçoada esta idéia de que toda a nossa energia cósmica, flui através da coluna vertebral.
Em evolução muito baixa, só funcionam estes centros aqui. Isto funciona no animal também e numa evolução mais adiantada funcionam estes centros superiores. Emocional, na altura do coração, mental na altura da laringe, e sobretudo o centro cósmico que é o contato entre o mundo material e o mundo espiritual. Lá no 6o- chakra, aí o verbo se faz carne propriamente. O mundo  espiritual se materializa. Isto se chama “o verbo se faz carne” quando o mundo espiritual aparece em forma materializada. Exatamente a idéia da encarnação do verbo. O Cristo aparece em personalidade humana.
Então vamos voltar ao Gênesis, agora. Quando Moisés diz que a serpente entrou em conflito com o sopro de Deus, o que ele quer dizer com isto? Todo o Gênesis gira em torno desta idéia: o sopro de Deus que tinha sido comunicado a Adão; depois não se desenvolveu o sopro de Deus porque a serpente interveio e barrou , interceptou a passagem, entrou em conflito. A serpente é mental. O sopro de Deus é espiritual, aí a parte mental do homem entra em conflito com sua parte espiritual. Isto é que está no Gênesis.
 Vocês nunca vão entender nada do Gênesis sem conhecerem a filosofia oriental. A filosofia oriental tem 7000 anos de existência. O Gênesis tem 3500 anos, apenas. E somente  sobre a base da coluna vertebral do homem, através da qual passa toda a vitalidade e toda a consciência do homem. Sem conhecer isto vocês não podem compreender o que Moisés quis dizer. Que os Elohim, as potências creadoras, insuflaram no rosto do homem, o espírito divino. Mas, interveio a serpente e barrou a passagem, interceptou a evolução. Então, estabeleceu o conflito entre a serpente mental e o espírito, o sopro espiritual.
Agora, entra em conflito o sopro espiritual que veio de cima e a voz da serpente que veio de baixo. Entraram em conflito o homem espiritual Eu, e o homem mental ego. Isto é o que está lá no Gênesis, em forma de parábola, porque todo Gênesis é uma parábola. Vocês não podem analisar o Gênesis ao pé da letra. Vocês têm que intuir, vocês têm que adivinhar o que Moisés quis dizer. E quando o grande vidente fala, ele usa termos comuns do dicionário, mas o que ele viu não tem nada que ver com o dicionário. Dicionários são analíticos, são intelectuais, mas, o que ele viu não era intelectual. Aquilo era cósmico, era transcendente.
           Não tem palavras para dizer o que se vê numa visão. A gente vê a realidade, mas, se começa a pensar já está adulterado. E se começa a falar está 2 vezes adulterado. E se começa a escrever está 3 vezes adulterado. Nós não podemos reproduzir a visão da verdade em forma de pensamentos, em forma de palavras, em forma de um livro.
            Tudo isto são tentativas de dizer o indizível, como diz São Paulo. Não se pode nem pensar a verdade. Então, os grandes videntes fazem o possível, dizendo em palavras humanas o que eles viram no espírito. Mas, através destas concepções da filosofia oriental que é muito profunda e antiga, a gente pode adivinhar mais ou menos, o que é que Moisés quis dizer com o sopro de Deus e o sibilo da serpente, que interveio e obstruiu o sopro de Deus.
            À primeira vista parece como nossos os bons teólogos dizem, que Deus foi derrotado pela serpente. E eles entendem que a serpente era o diabo. Então, Deus foi derrotado pelo diabo.  Bem, isto é uma idéia muito infantil. Deus não pode ser derrotado por nenhuma creatura, nem pelo diabo. É claro que ele não foi derrotado, mas era necessário que estas 2 forças da natureza humana: o espírito  e a mente entrassem em conflito. Porque o ego é o pior inimigo do Eu, embora o Eu seje o melhor amigo do ego. O mental é o pior inimigo do espiritual, mas o espiritual é o melhor amigo do mental. Isto está na Bhagavad Gita.
            E Moisés sabia tudo isto. E por isso ele apresentou o Gênesis, em forma de conflito entre 2 forças do homem. Entre a força espiritual que ele chama o sopro dos Elohim e a força mental, que ele identifica com a serpente. A serpente nada tem que ver com uma cobra. É a coluna vertebral, por onde passa a consciência do homem. Também não tem nada que ver com o diabo. Bem, se nossa mente é o diabo, então é o diabo mesmo. A nossa mente muitas vezes funciona como se fosse o diabo.
             Quando Pedro não quis aceitar a idéia de Jesus, de que ele devia morrer. Jesus disse: “Vá de retro satanás”. Vá à retaguarda satanás. Chamou Pedro de satanás, mas Pedro era uma pessoa humana. Não era nenhum satanás de outro mundo. O que Jesus quis dizer: “Tu estás procedendo como adversário do espírito. A tua mente humana está opondo ao meu espírito.” Satanás é a palavra hebraica para adversário. E de Judas ele diz: “Eu vos escolhi a vós 12, mas, um de vós é diabo.” Aí ele usa a palavra grega, diabo. Diabo, quer dizer opositor e satanás quer dizer adversário.
            A nossa mente muitas vezes é muitas vezes o satanás, e muitas vezes o diabo. Quando ela se opõe ao espírito, então ela é adversária. Ela é opositor. Então, ela pode ser chamada satanás. Jesus chama a mente de Pedro satanás. E a mente de Judas, ele chama diabo, mas eram pessoas humanas. Quer dizer, satanás e diabo não são personalidades. São funções do homem. Nós podemos funcionar satanicamente, nós podemos funcionar diabolicamente, quando a nossa parte mental, o nosso ego propriamente se opõe à nossa parte espiritual, ao nosso Eu. Então nós funcionamos como satanás. Funcionamos como diabo.
Tudo isto precisam saber porque sem isto, não é possível compreender a parábola do Gênesis. Porque Moisés sabia de tudo isto. Ele tinha feito meditação de 40 anos. Não de 1 hora, como nós fazemos, ou de meia hora como fazemos na 2a- feira. Uma meditação nos desertos da Arábia. 40 anos de pastor. Ele deve ter feito meditações  prolongadas e profundas e chegou à intuição espiritual, para além de toda análise intelectual. Isto dá para digerir uma semana.



TRANSCRIÇÃO DA AULA 07 -  As duas árvores do Éden


CURSO NOVA HUMANIDADE
Huberto Rohden 
Aula 7: As duas árvores do Éden.
10/05/1977


Antes de começar propriamente, eu trouxe aqui 2 volumes enormes, porque todas as nossas aulas são baseadas sobre isto: A Septuaginta. Estes 2 volumes são o texto mais antigo do Gênesis que nós possuímos, atualmente. Não está em hebraico como o original. Está em grego. A Septuaginta são 2 volumes editados pelo Instituto Bíblico de Stuttgart- Alemanha, com o texto grego do Antigo Testamento completo. Nós não temos o texto hebraico, mas temos o texto grego que vem de 300 anos antes da era cristã, o texto mais antigo que possuímos. Porque o Antigo testamento foi escrito em1500 anos aC, mas, 300 anos aC foi feita a tradução para o grego, em Alexandria, na África. Alexandria era o grande centro de cultura helênica daquele tempo. Hoje está um montão de ruínas.
Eu estou me referindo muito a isto porque é igual ao texto hebraico de Moisés, e do Antigo Testamento. Outra coisa, eu estou me referindo muitas vezes às coisas sobre a origem do homem, em relação à filosofia oriental, porque é evidente que Moisés conhecia muito bem a filosofia oriental. Ele usa muitas palavras sânscritas e provavelmente ele esteve na Índia. Toda esta história da árvore da vida de que vamos falar daqui a pouco é toda da Índia. A árvore da vida é a coluna vertebral.


Geralmente nós representamos  isto assim mais ou menos, o homem em meditação- a coluna vertebral visível (devia ser atrás, mas eu quis fazer aqui), depois árvore da vida aqui. A árvore do conhecimento do bem e do mal, lá embaixo. Isto é tudo da Índia.
            E Moisés usa os mesmos termos. Por isso convém estar a par das coisas. Todos conhecem esta posição de meditação. A posição que os hindus usam em meditação, mostrando as duas árvores: A árvore do conhecimento do bem e do mal embaixo e a árvore da vida em cima. É a coluna vertebral. Muitos já conhecem esta posição de flor de lótus. E quando alguém está em perfeito samadi, em alto êxtase, que é o ponto culminante da meditação espiritual. É exatamente isto que tirei  deste  livro aqui.  Aqui,  está  perfeitamente a  posição  dos  olhos,  ligeiramente voltados pelo nariz. A posição das pálpebras cortando a metade das pupilas.

É bom saber isto, porque nós temos que nos referir muitas vezes a isto. No alto da cabeça desta figura está o lótus de 1000 pétalas. O lótus de 1000 pétalas é uma irradiação do cérebro, quando nós estamos em alta concentração, em meditação, em samadi, em êxtase, em satori como dizem os zen-budistas. Então, o nosso cérebro irradia ondas cósmicas que os hindus chamam a flor de lótus de 1000 pétalas; uma espécie de irradiação luminosa. Às vezes esta irradiação luminosa do cérebro se torna visível em forma de aura, envolvendo luminosamente a cabeça. Aura, cujo diminutivo é auréola (do latim). Nós fazemos as auréolas, nas cabeças dos santos. E às vezes todo o corpo fica circundado de luz.
 São irradiações cósmicas dos nervos e do cérebro porque o nosso cérebro está todo penetrado de nervos. Começa sempre ao redor do cérebro a irradiação. Começa em forma de auréola luminosa ao redor da cabeça. Pouco a pouco, toma conta de toda coluna vertebral que são os feixes de nervos, e irradia por todo corpo.Os hindus sabiam disto, porque eles tinham uma cultura de 7000 anos, cultura muito espiritual. E representa isto deste modo.
Aqui está o melhor livro que eu conheço sobre kundalini, pelo grande autor Arthur Avalon, cujo nome verdadeiro é John Woodroffe que foi alto funcionário da justiça britânica na Índia, antes da emancipação da Índia. Então o Sr. John Woodroffe ocupava-se muito com o estudo da filosofia oriental, o que conhecia a fundo. E se entusiasmou pela irradiação da coluna vertebral e os 6 centros da coluna vertebral: os 6 chakras.
Aqui está a serpente e aqui está o olho de Shiva. 



Este livro se chama em inglês “The serpent power”, o poder da serpente. Aqui está a edição alemã, cheio de ilustrações dos chakras em diversas cores, porque dizem que os chakras têm cores. E a última está aí. Eu digo isto porque nós nos referimos muitas vezes a estas coisas.
Agora vamos retomar o fio, vamos repensar o que Moisés  pensou 3 500 anos antes da nossa era.
Quando Moisés concebeu por intuição cósmica, a origem do universo e a origem da humanidade, ele estava como eu já disse, na Arábia, entre 40 e 80 anos. Ele fugiu do Egito com 40 anos. Até 40 anos ele viveu na corte do faraó. E ele foi expulso do Egito porque ele quis libertar o povo escravizado. Havia 400 anos que estava escravizado e ele queria libertar o povo, mas os faraós não queriam deixar partir o povo, porque eram bons operários. Construíram tantas coisas no Egito e Moisés queria libertá-los do poder do faraó. Isto foi considerado subversão. Ele era um subversivo, e quem quer libertar um povo sujeito a outro povo, naturalmente é um Tiradentes, e tem que ser enforcado, mas aconteceu a coisa mais estranha. Todos os príncipes do Egito queriam que Moisés fosse morto. Pena de morte para os subversivos!
Mas o faraó daquele tempo, que não sabemos se era Ramsés I ou Ramsés II, teve uma inspiração estranha. Este filme “Os dez mandamentos”, representa muito bem a cena. O faraó diz: “Manda vir Moisés aqui”. E Moisés apareceu diante do faraó. O faraó diz: “Moisés, tu que és um traidor, um subversivo, eu te condeno para a vida.” Todos esperavam que condenasse para a morte. Ele disse: “Eu te condeno para a vida, para uma vida de solidão. Vai ser expulso do Egito e vai ser tocado para dentro do deserto, e vais morrer no deserto”. Condenou Moisés a uma vida de solidão.
Foi o maior beneficio que o faraó fez a Moisés, se não fosse isto, nós não teríamos nem o Gênesis. Porque Moisés foi para a solidão...caminhou, caminhou...até a Arábia, para a Ásia, portanto, para o oriente médio. E se tornou pastor do seu futuro sogro Ietro. E foi pastor durante 40 longos anos, guardando os rebanhos, lá nas estepes da Arábia. E, lá se tornou tremendamente intuitivo, porque a solidão favorece à intuição, é sabido. A sociedade favorece à análise, às conversas e aos pensamentos, mas, a solidão favorece à experiência cósmica. Na solidão, a gente deixa de ser ego-pensante e se torna pouco a pouco cosmopensado.
Como eu digo isto? Quando nós não pensamos mais por nossa conta, nós somos pensados, pela própria Alma do Universo, então nós somos intuitivos. E Moisés se tornou tremendamente intuitivo e cosmo-pensado, na solidão da Arábia. E, lá ele escreveu o Gênesis. O que ele viu nas suas visões cósmicas, ele procurou dizer em palavras humanas, em hebraico daquele tempo. Mas, naturalmente uma intuição cósmica não se pode  reproduzir em pensamentos analíticos. Nunca dá certo. De maneira que a gente tem que usar parábolas. As grandes coisas sempre são expressas em parábolas.
Jesus usou mais de 30 parábolas para dizer o que era o reino de Deus. O reino de Deus é semelhante a isto, o reino de Deus é semelhante a um grão de mostarda... O reino de Deus é semelhante a uma festa de núpcias... o reino de Deus é semelhante a uma rede de pescadores. São parábolas, são comparações e alegorias.
E, Moisés fez a mesma coisa. Então, ele descreve como é que o homem apareceu neste mundo, mas nós não devemos tomar isto ao pé da letra. As parábolas têm que ser adivinhadas, interpretadas e não podem ser analisadas intelectualmente. Então, Moisés conta que os Elohim (as Potências, ele não usa a palavra Deus, ele diz sempre, os Elohim), as Potências Cósmicas, resolveram crear o homem, porque ele já tinha creado muitas outras creaturas. Já havia creaturas minerais, creaturas vegetais, creaturas animais, mas não havia homem sobre a face da terra. Então, os Elohim, as Potências Cósmicas, resolveram crear uma outra creatura, diferente daquelas que já existiam; mas, serviram-se de uma creatura já existente para lhe comunicar o espírito dos Elohim.
Teilhard de Chardin explica muito bem isto em seu livro: “O Fenômeno Humano”. Imagine uma linha horizontal, que são as creaturas já existentes. Creaturas minerais, creaturas vegetais, creaturas animais. De repente, vem de cima uma vertical, sobre a linha horizontal. Isto é a invasão do espírito dos Elohim sobre uma creatura viva já existente. Pelo Gênesis é evidente, e pelo Apocalipse é evidente, que o espírito dos Elohim (o espírito divino) foi comunicado a uma creatura que já existia, mas ainda não tinha espírito. Isto é evidente, pelo Gênesis. O Gênesis diz que a Z foi comunicada a psyché. Quem sabe um pouco de grego, sabe que psyché quer dizer, vital.
O princípio vital chama psyché, o principio vital das plantas  e dos animais. Podíamos dizer, a vitalidade, a psyché. E a Z, na Bíblia sempre se chama a vida espiritual. Zoé  quer dizer vida, mas não vida vegetal, não vida animal, mas vida espiritual. A planta só tem psyché. O animal só tem psyché. Nós, além da psyché que é a nossa vitalidade vegetal e animal que nós também temos, ainda recebemos a Zoé, que é  a expressão típica da Bíblia para vida espiritual.


Então, o Gênesis diz: Os Elohim comunicaram à sua Z, a psyché. Comunicaram a sua vida espiritual à vida vegetal e animal, que já existia antes de nós, mas, não existia ainda a vida espiritual. E agora a vida vegetal e animal  entram em conflito com a vida espiritual. Esta descrição dramática do Gênesis, em forma de parábola toma estas duas vidas; a vida nova de Zoé enxertada na vida antiga da psyché animal. Entra em conflito porque a psyché se revolta contra o advento duma vida nova, duma vida espiritual que ela não quer aceitar. Ela se revolta. Aí vem toda a descrição que Moisés faz dramaticamente sobre a luta entre as duas vidas. Entre a vida do animal e a vida espiritual. Não terminou até hoje. Nós estamos em plena psyché e Zoé até hoje.
Bem, é bom dizer que estas duas palavras ocorrem sempre aqui na Septuaginta grega. A Psyché da vitalidade e a Zoé da espiritualidade. Outra palavra que ocorre logo, paradeisos, que nós chamamos paraíso e que o latim chama paradisus, quer dizer, viveiro. Bom, paraíso é viveiro, paradeisos, em grego. Outra palavra que ocorre no Gênesis é Éden. Nós sempre pensamos que o Éden fosse um jardim bonito, muito bem plantado. Uma espécie de sítio cheio de árvores, e que Deus pôs o homem no Éden. O Éden não é nenhum lugar. O Éden quer dizer gozo, em grego. Hoje em dia se chama Hedoné. Os Hedonistas  no tempo da escola de Epicuro, eram chamados os gozadores. E hoje em dia, quando o homem só pensa em prazeres, em gozos, dizem: é um hedonista.
Bem, em vez de hedoné, que é a palavra grega para gozo, o Gênesis usa a palavra Éden, que é uma abreviação disto aqui. Tirando o h (edoné) e pondo isto aqui, dá Éden. Então, o paraíso do gozo, isto é o viveiro do gozo... os Elohim colocaram esta nova creatura que tinha recebido o espírito de Deus, dentro dum viveiro. Notai bem, isto está no Gênesis. Os Elohim depois de crearem o espírito humano, colocaram-no dentro do Paradeisos –Éden, isto é, no viveiro do gozo.
E todo mundo pensa que o viveiro do gozo é um lugar muito bonito, uma chácara, um sítio, mas, o Gênesis não supõe que isto seja um lugar. Ele supõe que era o corpo humano. Colocaram o espírito divino dentro do corpo humano e o corpo humano é chamado, o viveiro do gozo. Não se esqueçam disto. O corpo humano no Gênesis é chamado por Moisés o viveiro do gozo, o paradeisos, Éden, em grego.
A Vulgata latina que traduziu do grego, 200 anos depois de Cristo, não usa a palavra Éden. Põe sempre gozo em vez de Éden. Fez muito bem, porque Éden não é palavra latina. É palavra grega. Então a Vulgata que é latina, diz: “Os Elohim puseram o homem no viveiro” – diz voluptatis, em latim. No viveiro do gozo, no viveiro do prazer. No viveiro de delícias. Paraíso é viveiro e Éden é gozo. No paraíso do gozo, ou viveiro do gozo.
Então, continuando, Moisés diz: E quando o espírito tinha sido colocado no viveiro do gozo, os Elohim disseram: “Neste viveiro há duas árvores, uma é a árvore do conhecimento do bem e do mal, e a outra é a árvore  da vida.” Está lá. no Gênesis. Duas árvores estavam no meio do viveiro, no meio do paraíso do gozo. Uma árvore era a árvore do conhecimento do bem e do mal e a outra árvore era a árvore da vida eterna. Agora nós sempre pensamos que eram duas árvores, uma árvore plantada aqui e outra, plantada lá.
Moisés não fala absolutamente de árvores. O que é que ele chama árvores? Duas faculdades do corpo humano. Uma faculdade material e uma faculdade espiritual, ele chama árvore. Vamos ver se podemos descobrir o sentido das duas árvores. Então, o Gênesis diz que as duas árvores, ambas estavam plantadas no meio do viveiro. Quer dizer, as duas árvores estavam plantadas no meio do nosso corpo, porque o viveiro é o nosso corpo. Não é nenhum lugar geográfico. É o nosso corpo que é o viveiro da alma.
A nossa alma foi plantada dentro do viveiro do nosso corpo. E no viveiro do nosso corpo, as duas árvores, uma embaixo e outra bem em cima, mas, ambas estão no centro. Não podia estar no mesmo lugar, mas pode estar na mesma linha vertical. Isto é o que Moisés quis dizer. Agora vamos ver se descobrimos as duas árvores de que fala Moisés. A mais misteriosa é sempre a árvore do conhecimento do bem e do mal.
Tem-se escrito uma literatura inteira, há dois mil anos, para saber o que Moisés quis dizer com a árvore do conhecimento do bem e do mal. Porque os Elohim disseram: “vós não deveis comer do fruto desta árvore”. É proibido comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. “E se comerdes do fruto desta árvore, morrereis”. Deveis comer do fruto da árvore da vida, mas não do fruto da árvore conhecimento do bem e do mal. E nós estamos boiando, o que Moisés quis dizer? Por que ele não falou mais claro? Bem, a gente não pode falar claro quando tem visões. Quem tem uma visão cósmica, e depois quer dizer aos outros o que ele viu, não pode dizer nada.
São Paulo teve isto, ele foi arrebatado ao terceiro céu e lá ele ouviu ditos indizíveis. Imagine! Ditos indizíveis! Paulo de Tarso! Ditos que ninguém pode dizer! Ele tentou dizer, mas não conseguiu dizer. E Jesus usa sempre a mesma coisa. O reino de Deus é semelhante a...Nunca diz o que o reino dos céus é. Nunca se pode dizer aos profanos o que é o reino dos céus. O místico que teve experiência do reino dos céus sabe o que é, mas, um bando de profanos que não teve vidências místicas, ouve e não entende nada. Então Jesus sempre usava parábolas. E Moisés usa parábolas dizendo: “Havia duas árvores no viveiro do gozo” , que é o nosso corpo.
Ambos dão gozo: A primeira árvore dá gozo e a segunda árvore também dá gozo. Mas, ele diz que os Elohim tinham proibido ao homem de comer do fruto da primeira árvore, que era a árvore do conhecimento do bem e do mal. Que é isto? Árvore do conhecimento do bem e do mal? Estava no meio do viveiro das delícias. No meio, portanto, no meio do corpo, mas, uma árvore estava no meio em baixo, e outra no meio em cima. Moisés faz claramente ver isto.
Vamos ver o que é a árvore do conhecimento. Esta palavra conhecer é uma palavra bíblica que ninguém compreende. A Bíblia constantemente usa a palavra conhecer quando fala de relações sexuais. Constantemente! Veja lá: Adão conheceu sua mulher e ela concebeu. Teve relações sexuais com ela e ela concebeu. Está no Gênesis, conhecer se chama isto, conhecer é ter relações sexuais.
E Maria no NT...no Evangelho, o anjo Gabriel aparece a Maria e diz:  “-Serás mãe!” E Maria diz: “-Como é que vou ser mãe, eu não conheço varão?” “Eu não conheço homem, varão” está lá. Varão, homem na forma masculina, mas ela não conhecia José? Não era noiva de José? Como é que Maria afirma que não conhece homem?
Ela não quer dizer que não conhece mentalmente. Ela conhecia José, do contrário, não seria noiva de José. Ela quer dizer: “-eu não tenho relações sexuais com nenhum homem.” Isto está lá, no Evangelho. Ela usa a palavra conhecer, em vez de dizer: “-Eu não tenho relações sexuais com nenhum homem, e por isso não posso ser mãe”. Então, quando vem a resposta do anjo, aquele tal varão divino (Gabri é varão – El é Deus; varão de Deus, aquele que fez a anunciação)... 
Quando o homem de Deus lhe explica que ela não precisa ter relações sexuais, mas, que ela será fecundada por uma vibração superior, a vibração do mais alto grau sobre ti, então, ela consente em ser mãe, mas, sem relações sexuais. Outra vez ela usa a palavra conhecer. Quer dizer, a árvore do conhecimento é a árvore da sexualidade.
A Bíblia usa constantemente conhecer em vez de sexo. Precisa saber disto, senão vocês não entendem nada. Então, os Elohim disseram: “Não deveis comer do fruto das coisas sexuais, porque o fruto disto dá corpo mortal,” mas, é evidente que pelas relações sexuais nós só podemos dar vida ao filho, mas, não podemos dar vida imortal. Ninguém pode criar um corpo imortal pelo sexo. Ele vive tantos anos e depois morre. E o nascimento e a morte, no Gênesis, são chamados o bem e o mal. Esta é a árvore do conhecimento do bem e do mal. O bem é o nascimento e o mal é a morte.


2a-PARTE

As relações sexuais somente dão vida temporária, não dão vida imortal. Nascer e morrer são os dois limites da vida criada pelo corpo masculino e feminino. Nenhuma relação sexual pode dar vida imortal. Isto não existe. Então, Moisés disse: “se comerdes do fruto do sexo sereis mortais, e vossos filhos também serão mortais”, mas os Elohim queriam que os homens fossem imortais. Aqui está o grande mistério. Os animais eram mortais. O animais não pode gerar uma prole imortal. E o homem que comeu apenas do fruto do sexo não pode gerar um filho imortal, mas, os Elohim queriam que o homem fosse imortal. Não somente no espírito, mas também no corpo. Nós sempre pensamos que imortalidade se refere somente ao espírito.
 Não é verdade, o Gênesis sempre supõe que o corpo do homem seja imortal, mas, uma geração masculina e feminina não pode produzir um corpo imortal. Mas, o Gênesis quer que haja homens imortais. Depois vem, como é que o homem se pode fazer imortal, não só espiritualmente,    mas também fisicamente imortal?
 De vez em quando aparece no Antigo Testamento um homem imortal em corpo. Poucos aparecem aí. De Enoc, diz a Bíblia que ele nunca morreu. Ele foi transformado em outro corpo. De Elias, a Bíblia diz a mesma coisa. Ele foi arrebatado às alturas numa chama de fogo que eram nuvens de fogo e que o povo diz: “são rodas de um carro”. Interpretou as nuvens de fogo em que se transformou o corpo de Elias, dizendo: “foi arrebatado ao espaço por um carro de fogo.”
Era um fenômeno luminoso que transformou o corpo material num corpo astral. E o povo viu isto como um carro de fogo. De Moisés, a mesma coisa. Diz que quando Moisés tinha 120 anos, em plena juventude (a Bíblia insiste que Moisés nunca envelheceu, nem com 120 anos, 40 anos no Egito, 40 anos na Arábia, e 40 anos na peregrinação para a terra santa)...com 120 anos, ele subiu ao Monte Nebo, na fronteira de Canaã, olhou aquela terra que lhe tinha sido prometida e nunca mais voltou. E, nunca foi encontrado o corpo dele.
O que é que aconteceu com Moisés? Ele se astralizou, é claro. Ele se desmaterializou e transformou o seu corpo material num corpo astral. O corpo astral é um verdadeiro corpo, mas, é feito de pura energia. Não de energia congelada, que é matéria como diz Einstein, mas, de matéria descongelada que é pura energia. Astral quer dizer energia. Então, o corpo de Moisés se desmaterializou e se astralizou até hoje. Isto foi em 1500aC. E no tempo de Jesus ele reaparece. Quer dizer,e 1500 anos depois de se ter desmaterializado, Moisés aparece no Tabor, na transfiguração de Jesus. Aparece ele e outro imortal. Elias também aparece aí. E os 3 apóstolos que estavam lá, Pedro, Tiago e João viram Moisés e Elias flutuando no espaço, todos em corpos astrais, vivos, mas, não com corpo material. Eles viram neste momento os corpos astrais no Tabor. Isto a Bíblia conta:  Enoc, Elias e Moisés já se imortalizaram na vida presente. Os seus corpos, não só os seus espíritos.
 Será que isto, nunca mais aconteceu? É claro que aconteceu. Quem leu este maravilhoso livro de Paramahansa Yogananda, “Autobiografia de um iogue”... aquele Babaji, aquele grande iogue do Himalaia, lá da Índia, nunca morreu. Há trezentos anos que está aparecendo e desaparecendo. Desapareceu sem morrer. Desmaterializou seu corpo pelo poder do espírito. E às vezes ele reaparece, reúne seus discípulos lá no Himalaia, fica um mês inteiro com eles, dá instruções. Babaji... depois diz: “Agora chega, vou-me embora”. E de repente, ele se volatiliza, e não se vê mais nada dele. E depois de algum tempo, reaparece outra vez em corpo físico, em corpo material. Isto está lá escrito muito bem por Paramahansa Yogananda.

E, na Europa, não acontece? No tempo da revolução francesa, eu tenho um livro inteiro sobre isto, vivia sempre nas cortes da França, um conde, o Conde de Saint Germain. Era um homem muito rico e eternamente jovem.  Sempre aparecia com a idade de 40 a 45 anos. Sempre no mesmo aspecto de 40 a 45 anos. Muito rico, o Conde de Saint Germain dava-se muito bem com os reis e as rainhas da França; e preveniu que eles iam ser mortos e guilhotinados se não mudassem de regime. E nós sabemos o que aconteceu na revolução francesa. Todos os reis foram massacrados e as rainhas, Maria Antonieta e outras, guilhotinadas barbaramente; porque a realeza tinha acabado, e a democracia estava começando.

Isto foi em 1780, ou 90, por aí (Maria Antonieta foi morta em 1793). Faz quase 200 anos agora. Lá vivia o Conde de Saint Germain. Falava com as rainhas e com os reis. Era muito rico. Usava muitas jóias, diz o texto. Ele fabricava jóias pelo poder mental; magia mental era coisa conhecida de Saint Germain. Quando ele queria ouro ele fazia ouro. De qualquer material ele fazia ouro. Alquimia mental. Quando ele queria um diamante ou um brilhante precioso, ele fazia de qualquer substância, sobretudo de carvão. E quando ele queria pedras preciosas Saint Germain fazia. Ele andava muito bem vestido. Usava muitas pedras preciosas, mas não era apegado.
Quando alguém queria, ele dava imediatamente, de graça, qualquer pedra preciosa, qualquer diamante, qualquer jóia, ele dava. Era muito liberal. Ele tinha um poder imenso de fazer jóias. Ele aparecia sempre nas cortes e preveniu os reis e as rainhas da França que mudassem de regime, porque estavam na véspera de uma grande catástrofe. Ele sabia da revolução francesa que foi uma coisa bárbara. Ele falava 12 línguas, correntemente, sem nunca ter aprendido nenhuma. O francês dele era com acento piemontês O Piemonte fazia parte da França. Ele tinha um ligeiro sotaque piemontês, quer dizer, ele devia ter nascido no Piemonte.
Ele falava 12 línguas, inclusive o português, perfeitamente, sem sotaque.  Qualquer língua que ele falava, ninguém podia saber que não era a língua dele. Até falava sânscrito, falava grego, hebraico, até falava latim. 12 línguas, Saint Germain falava correntemente. Pouco depois, no tempo de Napoleão Bonaparte, ele apareceu pela ultima vez, na Europa, 1825, parece que foi, e disse: “Eu me vou retirar para a Ásia, para o Himalaia, e voltarei só nos piores dias da humanidade do ocidente.” Ainda não voltou, está esperando dias piores, no fim deste século. Está profetizado que no fim deste século terá uma grande conflagração mundial. E o Saint Germain diz: “Eu voltarei quando o ocidente tiver nos seus piores dias.” Este homem nunca morreu. Há 200 anos que ele está desmaterializando e materializando seu corpo.
Quer dizer, isto de ter corpo imortal, não é só da Bíblia, não é só do Antigo Testamento. Jesus também tinha corpo imortal. Quando o queriam matar, ele não dava licença. Dizia: “Não, não...meu tempo ainda não é chegado. Ainda não é chegado o meu tempo para morrer.” E no fim ele disse: “Agora, eu vou ser preso, eu vou ser morto, mas, ninguém me tira a vida. Eu deponho a minha vida quando eu quero e retomo a minha vida quando eu quero.” Ele fez mais do que transformar o seu corpo. Ele permitiu que seu corpo fosse destruído. Ele disse: “Destruí este templo do meu corpo, e, em 3 dias eu vou reedificá-lo.”
Ele o fez. Permitiu ser destruído para poder reconstruir o seu corpo. Isto é mais que transformar. Os outros transformaram o seu corpo, sem morrer: Enoc, Elias, Moisés, Babaji, Saint Germain e provavelmente muitos outros que nós não sabemos. Jesus disse: “Não, vou fazer mais do que isto. Eu vou permitir que seja destruído o meu corpo e vou reconstruí-lo quando eu quero.”
Isto é o poder do espírito que era prometido no princípio da humanidade, se eles não comessem do fruto do conhecimento do bem e do mal; porque esta árvore, não dá vida eterna ao corpo, mas, se eles comessem duma outra árvore, então, eles teriam a vida eterna. E que outra árvore era isto? Esta outra árvore chamada árvore da vida. E, estava no meio do viveiro de gozo. No meio estão os órgãos sexuais (embaixo), e no meio está o ultimo chakra, aqui (em cima). Isto é a árvore da vida.
Os hindus sabiam muito bem disto. Quer dizer, as duas árvores estão no meio do corpo: A árvore do conhecimento do bem e do mal é a árvore do sexo, que não dá vida eterna. Só dá vida temporária, de pai para filho, e, depois acaba tudo. E de filho para neto e bisneto, e assim por diante. Mas, é uma sucessividade de vidas, não é uma vida simultânea. Contínua. É uma sucessividade. Diversas vidas que vêm daquela árvore do conhecimento do bem e do mal. É como Moisés chama relações sexuais. O bem é o nascimento e o mal é a morte.
Mas, a árvore da vida não tem nascimento nem morte. Tem somente viver. Nascer e morrer vêm da árvore do conhecimento do bem e do mal. Viver sem nascer, nem morrer, diz Moisés, vem daquela outra árvore que está no meio dum viveiro do gozo, mas, não do mesmo lugar; porque está justamente no sentido oposto, mas está no meio. Uma linha vertical através disto dá exatamente o que Moisés disse.
E árvore da vida, o que é isto?
Escute, eu já expliquei uma vez, que nós temos na coluna vertebral, 6 centros de consciência energética, desde o primeiro, embaixo, até o segundo ou terceiro. Eles fazem parte da árvore do conhecimento do bem e do mal. E depois do coração para cima, nós temos mais 3. Do coração, a altura da laringe. E, depois atrás, no cérebro, são 6. E vem o 7o- aqui na base da testa que os hindus chamam, o olho de Shiva. O olho de Shiva é da base da testa, entre as sobrancelhas, onde convergem todos os nervos mais sensíveis que partem da parte traseira do cérebro, estão em contato com a coluna vertebral, e produzem o mais alto grau de consciência. Isto é o olho de Shiva, na filosofia oriental. O olho do Cristo na nossa filosofia. E, no Evangelho se chama isto o olho simples.
Nunca ninguém compreendeu aquelas palavras de Jesus: “O teu olho é a luz do teu corpo.” Todo mundo traduz: “Os teus olhos.” Não está lá-  os teus olhos, no plural. Não são estes dois olhos que fazem parte do corpo. Quando Jesus diz: “O teu olho”, no singular, ele se refere a este centro da consciência espiritual: “O teu olho é a luz do teu corpo.” Quer dizer, a minha consciência espiritual pode dar luz a meu corpo. A luz é imortalidade. A minha consciência espiritual pode imortalizar o meu corpo. Isto está lá no Evangelho, há 2000 anos: a minha consciência espiritual.
Se eu intensificar a minha consciência espiritual, eu posso transformar o meu corpo material num corpo astral, sem morrer, e se eu quiser, eu posso até deixar destruir o meu corpo material e reconstruir o meu corpo material. Jesus o fez. Os outros fizeram a transformação do seu corpo. Já é muita coisa. Nós nem conseguimos isto, mas Jesus fez mais do que transformar. Permitiu a destruição, porque se nós conscientizássemos a nossa entidade espiritual, a nossa identidade com o espírito, nós teríamos o poder de nos imortalizar, em corpo. E também nós nunca teríamos doença, porque se o corpo está lucificado pelo olho simples (a luz não conhece doenças, não existe luz doente, existe matéria doente), se eu pudesse lucificar o meu corpo, penetrar como um cristal pela luz da minha consciência espiritual, nós não teríamos doenças.
As doenças vêm por falta de lucificação do nosso corpo. Nós não temos consciência espiritual suficiente para podermos imunizar o nosso corpo de qualquer doença. E por isso, a qualquer momento estamos doentes. As doenças não fazem parte da natureza humana. As doenças são falta de consciência espiritual. Jesus nunca esteve doente. Nunca se fala de nenhuma doença de Jesus. Moisés nunca esteve doente, viveu 120 anos, nunca se menciona uma doença de Moisés. Quer dizer que ele já estava num alto grau da consciência espiritual.


Então, temos as duas árvores: a árvore do conhecimento do bem e do mal e a árvore da vida. Eu desenhei rapidamente. Aqui a linha vermelha- daqui para baixo é a árvore do conhecimento do bem e do mal. Atravessa os órgãos sexuais aqui. Está no meio do corpo, embaixo. Aqui, na outra linha vermelha, passa aqui através das sobrancelhas, está a árvore da vida. O Gênesis fala das duas árvores: “Se comerdes da árvore do conhecimento do bem e do mal, sereis mortais.” Não vivereis eternamente, em corpo, mas, “se comerdes do fruto da árvore da vida”, daqui para cima, “então sereis imortais”.
Mas, infelizmente, o Gênesis acrescenta que esta árvore da vida está defendida pelos Querubins, e não é acessível a qualquer pessoa. Nós ficamos desanimados, porque nós gostaríamos tanto de entrar na árvore da vida. Então o Gênesis diz; “Bem, por enquanto a árvore da vida” que é aquela para cima “está vedada, está defendida pelos Querubins.” Quem são os Querubins? Os Querubins são os anjos da imortalidade. Em toda a Bíblia quando se fala de Querubim, se fala de entidades imortais em corpo. Entidades não humanas, mas entidades extra-humanas. E diz o texto: “A árvore da vida está sendo defendida pelos Querubins”, e usa mais uma palavra, “e pela lâmina do fogo vibratório.” Entendam isto! Pela lâmina do fogo vibratório.
Agora, quando entramos um pouco na filosofia da Índia, encontramos a mesma expressão, que eles chamam, agni, que quer dizer fogo. Agni é a expressão sânscrita para ígneo. Ignis, em latim, fogo.E, Moisés usa a mesma expressão. A Vulgata traduz, uma espada flamejante e vibratória. Uma espada flamejante e vibratória está protegendo a árvore da vida eterna. Mas a melhor tradução que eu consegui tirar da Septuaginta (grego): Uma lâmina (não é bem espada), uma lâmina de fogo em vibração.
Vocês estudam um pouquinho a filosofia oriental, e vamos descobrir o seguinte: Aqui estão o 1o, o 2o, o 3o , o 4o,o 5e o 6o  chakras. Toda a filosofia oriental diz: Os chakras entram em grande vibração na proporção que aumenta a nossa consciência. Este chakra embaixo, quase está parado, quase não tem vibração, o 1o. O  2o tem uma ligeira vibração, mas muito vagarosa. O 3o já tem mais. E aqui vamos subindo de vibração em vibração. E diz o texto, quando chegamos ao último chakra, ao último centro de consciência, que é aqui na base da testa, estão umas vibrações vertiginosas. E lança suas vibrações para o alto da cabeça onde é o fim do cérebro, e se transforma no lótus de 1000 pétalas.
 É claro que não tem pétalas verdadeiras, é uma parábola; transforma-se numa vibração que parece milhares de chamas de uma flor de lótus que tem muitas pétalas. Esta comparação que a filosofia oriental usa, e Moisés diz: “esta árvore da vida está defendida por uma lâmina de fogo vibratório.”  Tudo é a mesma coisa, que se diz na Índia.
Quer dizer, se nós chegássemos ao zênite de nossa consciência espiritual e conscientizássemos na base da testa, no olho simples, “Eu sou espírito,eu e o Pai somos um, o Pai está em mim e eu estou no Pai.” São palavras do Evangelho. “E as obras que eu faço não sou eu que as faço, é o Pai que em mim está quem faz as obras”. Se nós conscientizássemos isto, nós íamos subir até a árvore da vida. Não só da vida eterna para a nossa alma, mas também a vida eterna para o nosso corpo; porque o Gênesis não diz que o homem é só imortal na alma. Ele diz que ele deve imortalizar-se também no seu corpo. Ele não deve perder o seu corpo. Ele deve transformar o seu corpo pela luz do seu espírito. “O teu olho é a luz do teu corpo. Se teu olho for simples, todo o teu corpo estará em luz, mas se o teu olho for mau, todo o teu corpo estará em trevas.” Trevas são a morte. Luz é a vida.
Quer dizer, tanto o Gênesis como o Evangelho afirmam que o homem pode imortalizar o seu corpo. Nós não o fazemos na vida presente, mas como nós não vamos morrer na hora da morte, mas o nosso espírito continuará a viver, em corpo astral, algum dia é certo, que nós devemos imortalizar o nosso corpo. Não pela reencarnação, que é apenas um regresso, mas pela evolução superior da nossa consciência. Em qualquer zona do Universo, nós podemos imortalizar também o nosso corpo. Não é preciso que seja o corpo físico, porque os que transformaram o seu corpo físico em corpo astral também não têm corpo físico. Têm corpo astral, mas o corpo astral também é corpo. E ele também pode ser mortal, mas nós podemos imortalizar o corpo astral.

Todos estes problemas profundos estão desde o Gênesis nos nossos livros sacros, mas é preciso entender de outro modo. Como nós costumamos interpretar tudo infantilmente, como quem em escola primária... Vamos entrar um pouco na Universidade do espírito, para compreendermos estes grandes livros que os homens geniais da humanidade escreveram.


*   *   *


TRANSCRIÇÃO DA AULA 08 -  Fecundação Bioplasmática


CURSO NOVA HUMANIDADE
Huberto Rohden 
Aula 8: Fecundação Bioplasmática.
17/05/1977




Agora, fiz este gráfico, para ver se conseguimos ter clareza sobre a ideologia de Moisés, no Gênesis, sobre a origem e a evolução do homem; porque isto está sendo discutido há quase 2000 anos, na cristandade ocidental, nas igrejas, nas escolas, colégios e universidades. Não é fácil compreender, porque Moisés escreve em forma de parábola, que tem que ser interpretada. E, não é fácil interpretar corretamente um símbolo, uma alegoria, uma parábola. Todo o Gênesis é uma parábola, é uma grande verdade, mas expressa em forma de termos simbólicos.
Então, eu fiz este desenho geométrico, para ver se por meio da geometria, por meio de um gráfico, possamos compreender melhor, o que Moisés disse em termos abstratos e alegóricos. Primeiro, uma linha horizontal. Debaixo da linha horizontal escrevi:  animal. A vida animal deste planeta terra, que já é muito antiga. Muitos milhões de anos, já existe aqui, vida animal. Acima da linha horizontal, pus uma linha vertical, e escrevi ao lado: espiritual. Então o espiritual se encontra com o animal. A vida espiritual exerce um impacto sobre a vida animal, formando ângulo reto. Estas duas coisas são importantes.
            Unindo o animal com o espiritual através desta chave com linhas oblíquas ascensionais, nem horizontais, nem verticais, (estas linhas aqui são ascensionais, intermediárias entre horizontal e vertical). E, lá fiz uma chave, que compreendi todas as linhas – na palavra: hominal. Usar hominal em vez de humano, porque humano já tem outro sentido.
            Animal, espiritual, hominal - quer dizer que hominal é uma combinação animal e espiritual. Isto é importante compreender, porque disto aqui trata o Gênesis. Qual a relação entre a vida animal que já existia muito antes de nós, e a vida espiritual, que no Gênesis se chama o sopro divino? O sopro de Deus, o sopro dos Elohim (das Potências cósmicas)? Então, os Elohim exercem um impacto sobre a vida que já existia. Esta idéia de que o impacto espiritual é exercido sobre a vida animal é importante saber.
            A palavra espírito não é palavra filosófica. A palavra filosófica é razão, logos  em grego, mas infelizmente, aqui no ocidente, nós deturpamos a terminologia e identificamos a razão com inteligência. É um desastre. Dá uma obscuridade, uma confusão por toda parte. Nós devíamos acostumar a usar a terminologia grega antiga, e nunca identificar a inteligência com a razão. A razão é muito superior a inteligência. A razão é uma faculdade do nosso Eu espiritual e a inteligência é apenas uma faculdade do nosso ego mental. Por isso, eu muitas vezes, uso a palavra espírito em vez de razão, porque vocês estão acostumados a identificar razão com inteligência, e dá confusão. Então, quando eu digo espírito, saibam desde já que isto quer dizer razão, em grego, logos. Noos,em grego com dois oo, é inteligência e logos em grego é razão.
            O 4o Evangelho, atribuído a João, diz: “No princípio era o Logos” entendendo o Cristo, falando do Cristo, que a Vulgata chama o Verbo. “No princípio era o Logos, e o Logos estava com Deus e o Logos era Deus.” Isto no princípio do 4o Evangelho em grego. Quer dizer, o Cristo é identificado com a razão, não com a inteligência. Porque inteligência geralmente é o anticristo. A nossa inteligência é muito anticrística. Ela não gosta de obedecer ao espírito. O espírito é amigo do nosso ego, mas, o nosso ego quase sempre é inimigo do espírito.
            Então, voltando ao nosso tema, aqui está o mundo animal, lá está o mundo racional ou espiritual. Também pode usar racional para espiritual. Não no sentido intelectual, mas no sentido de espiritual. E, se fizermos agora uma combinação entre a vertical do espiritual e a horizontal do animal, resultam diversas linhas que não são nem espirituais, nem animais, mas hominais. O homem é uma coisa intermediária entre o animal e o espiritual, uma combinação da horizontal do animal e da vertical do espiritual.
            Isto é necessário ter clareza sobre isto para compreender o Gênesis, o Apocalipse o Evangelho, e muitos outros livros inspirados. Supõe que a gente conheça isto, mas como nós não sabemos, não compreendemos estes livros. Então, vamos ver a 1a linha. A 1a linha ascensional, esta linha oblíqua para cima. Está pertinho ainda no animal, mas está um pouquinho acima- vamos dizer 10% acima. A outra está mais acima ainda, a vertical está muito distante, há um ângulo reto entre a vertical do espiritual e a horizontal do animal. Mas, aqui não há ângulo reto. Aqui pode haver 10o, 20o, 30o . no meio 45o e o total segundo a nossa geometria é 90o. Entre horizontal e vertical nós colocamos 90o que é ângulo reto. Então, 10o aqui, 30o aí, 45o lá no meio e 90o em cima.
            Agora vem a historia do Gênesis. Aqui estava o animal primitivo. O Apocalipse supõe que o nosso corpo vem do animal. Não o nosso espírito, mas, o nosso corpo vem do animal. E Teilhard de Chardin diz: “Aqui há uma descontinuidade da vida sobre a continuidade da vida”. Está muito bem expresso. Aqui no ponto de encontro da vertical com a horizontal há uma descontinuidade, mas aqui há uma continuidade. Na horizontal há uma continuidade da vida animal, mas, no ponto de encontro da vertical com a horizontal há uma descontinuidade.
            Isto nós chamamos a creação do homem, não do seu corpo, mas do seu espírito; porque o espírito do homem não vem do animal, mas vem do Infinito, vem dos Elohim, vem da Divindade. Isto está claramente expresso tanto no Gênesis, como em todos outros livros. Nenhum livro inspirado atribui a origem do espírito ao animal. Isto é confusão de certos darwinistas modernos que querem a toda força derivar o espírito do animal. Ora, o mais não pode ser derivado do menos. Uma consciência maior que é o espírito não pode ser derivada de uma consciência menor que  o animal.
             A matemática não aceita tal coisa, que o mais seja derivado do menos. O menos pode ser derivado do mais, mas o mais não pode ser derivado do menos. O mais não está contido no menos. Os nossos darwinistas querem fazer crer que o homem estava contido no animal  implicitamente, potencialmente, e pela evolução multimilenar, o homem que estava dormindo dentro do animal, finalmente acordou e apareceu como homem. Isto é uma camuflagem. Logicamente, não podemos aceitar que o maior esteja dentro do menor, nem potencialmente, nem em estado latente, dormente.
O maior veio de outras regiões como diria Einstein: “Do mundo dos fatos, nada nos pode conduzir ao mundo dos valores.” Valor é isto aqui. Fato é isto aqui. “Do mundo dos fatos não há nenhum caminho que conduza ao mundo dos valores.” Palavras de Einstein. Os valores são verticais e os fatos são estas coisas horizontais.
Agora aqui há uma combinação entre animal e espiritual. Esta linha aqui. Há uma combinação porque ela não é nem vertical, nem horizontal. É um intermediário entre vertical e horizontal. Quando os Elohim crearam o homem, quando insuflaram o sopro do espírito a este animal que já existia... Pois é claro que existia (nunca caia na idéia de que o espírito fosse insuflado a um pedaço de barro). Então, se isto fosse barro e não animal,porque é que nós somos iguais aos animais pelo corpo. O barro não é igual aos animais. É claro que o espírito foi infundido a um ser vivo que já existia. Não há dúvida nenhuma. O Apocalipse diz claramente. O Gênesis não diz muito claramente. Então, nós somos uma combinação, corporalmente continuamos a ser animais (corporalmente, temos todos os órgãos que o animal tem), mas espiritualmente somos superiores aos animais.
Então os Elohim dão ordem aos primeiros homens que não continuem a viver como simples animais, porque eles já não eram como animais. Eles já eram seres hominais. Este ser aqui já é um homem primitivo. Não muito avançado, mas primitivo. Então os Elohim dão ordem que não comam do fruto proibido da árvore do conhecimento do bem e do mal, que eu já expliquei na última aula. A árvore do conhecimento do bem e do mal é a idéia da reprodução puramente animal. Mas, como o homem já não era um animal 100%, embora ainda parcialmente fosse, ele não devia continuar a reproduzir-se como se fosse animal.
Então, a ordem dos Elohim é isto aqui: “Daqui por diante vivei e reproduzi-vos como seres humanos.” Que quer dizer isto? A reprodução seria corporal como nos animais. Até hoje não conhecemos nenhuma outra reprodução que não seja de corpo a corpo. Do corpo masculino com o corpo feminino dá reprodução. Isto não era proibido, porque, por enquanto a humanidade não ultrapassou a possibilidade duma reprodução corporal. O que era proibido é que a reprodução não fosse feita pelos mesmos motivos porque o animal se reproduz. Por que é que o animal se reproduz? Por simples libido. Libido é instinto sexual. Em latim, libido quer dizer prazer.
            Quer dizer, o animal se reproduz simplesmente pelo instinto do prazer. Se não houvesse prazer na fecundação, não haveria continuação da vida. Então, o animal  instintivamente se reproduz  sem saber propriamente o que ele faz. Ele é impelido pelo instinto à fecundação, e isto dá reprodução. Então, os Elohim dizem: “Reproduzi-vos (naturalmente, corporalmente) mas não por motivo de simples libido”.
Agora, entra um novo fator que o animal não conhece: amor. Infelizmente os nossos bons romancistas e filmadores por aí confundem libido com amor. E quando um homem e uma mulher se encontram, dizem que se encontraram por amor. Em 99 casos, não se encontraram por amor, mas por simples libido. E muitos se acasalam por libido. O acasalamento é do animal, o casamento é do homem e da mulher. Mas muitos não fazem casamento, que seria por amor,  fazem acasalamento, que é por libido, por instinto sexual.
Então, os Elohim dizem, “daqui por diante, reproduzi-vos, mas não como o animal, não por simples prazer sexual, por libido, mas, vós agora já sois seres humanos. Já tendes uma categoria superior, reproduzi-vos por amor.” Esta a ordem que os Elohim dão. O amor é chamado árvore da vida. E a libido é chamada árvore do conhecimento do bem e do mal.
Eu já expliquei na última aula, a terminologia bíblica é a seguinte:  quando a Bíblia diz conhecer ela sempre entende, ter relação sexual. Adão conheceu sua mulher e ela concebeu. E Maria diz ao anjo quando anuncia que ela vai ser mãe de Jesus. “Mas, como posso ser mãe, eu não conheço varão, eu não conheço homem?” quer dizer: “Eu não tenho relações sexuais com nenhum homem, e como posso mãe.” Então, ela chama isto conhecer. Conhecer na linguagem bíblica quer dizer, ter relações sexuais.
Então, a árvore do conhecimento do bem e do mal é a árvore das relações sexuais. O bem e o mal: o bem é o nascimento, e o mal é a morte. Porque as relações físicas fazem nascer, mas também deixam morrer, porque ninguém pode gerar um filho imortal. O filho nasce, vive algum tempo e depois morre. Então, dizem os Elohim: “Não vos reproduzais daqui por diante, não vos procrieis como animal, porque senão sereis mortais, porque o animal também é mortal. O animal não pode imortalizar o seu corpo. Vós porém deveis procriar um corpo imortal.”
Esta coisa é estranha no Gênesis. Todo o Gênesis afirma que se pode procriar um corpo imortal e nós estamos procriando corpos mortais. Mas, o Gênesis diz: “Se vos unirdes não por libido,, não por instinto sexual, mas por amor, então procrieis corpos de filhos imortais.” Será que isto é possível? Bem, no Gênesis está a possibilidade. Ela não se vai realizar hoje ou amanhã, como não se realizou em milhares de anos, mas existe no fundo da natureza humana a possibilidade da procriação de corpos imortais. Isto está claramente no Gênesis: “procriai-vos então pelo amor
.Naturalmente o amor nunca será 100. Pode ser 50 de amor, e 50 de libido. Já é um princípio, mas não é o fim. Aqui há ainda muita libido e pouco amor, porque a distância é muito grande. O amor é aquilo ali. Agora, se nós avançássemos esta linha para cá, já seria menos libido e mais amor. E, se chegássemos perto da vertical, 80 de amor e apenas 10 de libido (a vertical é 90). Quer dizer, a evolução humana seria esta, afastando-se da procriação por libido e aproximando-se cada vez mais da procriação por amor, mas, a procriação seria corporal, só o motivo seria diferente.
Isto é que está no Gênesis: “Não comais daqui por diante da árvore do conhecimento do bem e do mal, que é como os animais. Comei da árvore da vida.” A árvore da vida é vertical. Agora o interessante é: A Bíblia sempre conta casos em que nasceram filhos altamente espirituais, e também conta casos em que nasceram filhos terrivelmente animais. Vamos trazer alguns exemplos.
Adão e Eva se encontraram no plano horizontal, isto está escrito no Gênesis. Por sugestão da serpente, da inteligência, eles se uniram animalescamente comendo do fruto proibido, que era isto aqui. Eles não estavam ainda na vertical, no princípio. Estavam na pura animalidade, apesar de serem homens, não superaram a animalidade, no princípio. Sucumbiram à velha animalidade e não chegaram até a nova hominalidade, nem um pouco. E o filho deste primeiro acasalamento...(eles se acasalaram como animal, está claramente expresso no Gênesis). E o que nasceu daí? Faz favor de ver na Bíblia. Nasceu Caim. O primeiro homem que nasceu, segundo o Gênesis foi o primeiro homicida da humanidade. Não é triste verificar tal coisa?
O primeiro filho que nasceu daquele casal assassinou por motivos fúteis, seu irmão Abel. Sem nenhum motivo, só por inveja. “Porque Abel era melhor do que ele (e Deus mostrou através de sinais visíveis que Abel era melhor do que Caim), Caim achou que devia matar seu irmão”. Matou. Quer dizer, o filho da primeira procriação animal de Adão e Eva é um homicida. O primeiro homicida da humanidade. Não é muito honroso para eles. Quer dizer, não houve amor, houve apenas libido. Acasalamento por libido em vez de união por amor. Isto foi logo depois. Eles conceberam logo depois, este Caim.
 Depois eles vão avançando..avançando...vivendo...vivendo...e diz o livro da Bíblia... E quando Adão e Eva tinham 500 anos, não 50, não está errado não; eles geraram Set. Diz a Bíblia que tiveram muitos filhos e muitas filhas. Muitos não eram uma dúzia. Muitos eram centenas, naquele tempo.  Naquela longevidade tremenda daquela força primitiva, eles podiam ter centenas de filhos. Bem, e quando eles tinham 500 anos, diz a Bíblia, geraram Set, e este era feito a imagem e semelhança de Adão. Quer dizer, já era um homem espiritual. Do Adão verdadeiro. Não do Adão animal, mas do Adão hominal. Set era um homem altamente humano, hominal, pouco animal e muito hominal. Isto quer dizer, era feito à imagem de Adão.
Set quando tinha 150 anos gerou Enos. Quer dizer, Adão e Eva tinham 500 anos quando geraram Set. E Set quando tinha 150 anos gerou Enos. E de Enos se diz uma coisa grandiosa. Enos foi o primeiro homem que invocou o nome de Deus. O primeiro homem espiritual gerado quando seu pai tinha 150 anos.
Porque a Bíblia menciona estas gerações tardias, de pessoas avançadas? A Bíblia quer dizer, eles já estavam muito longe da libido. Estavam muito perto do amor. Isto seria o que a Bíblia supõe e muitos homens antigos. Cresceu o amor e diminuiu a libido. E quando o amor era muito grande e a libido era muito pequena geraram, é claro, fisicamente, mas, não por motivo de paixão ou de libido, mas muito mais por amor. Vamos dizer com 90% de amor e apenas 10% de libido.
Então, nasceram estes homens espirituais, Set, Enos e outros. A mesma coisa a Bíblia conta de Abraão e da sua mulher Sara. Sara era estéril e eles eram muito idosos os dois e não tinham nenhum filho. Mas, quase no fim da vida, tiveram o único filho Isaac. Isaac quer dizer sorriso em hebraico. Abraão na sua velhice, como não tinha filho (com Sara), ele teve um filho lá pelos 70, 80 anos, provavelmente, e disse: “Este é o sorriso da minha velhice.” Chamou o filho de sorriso. Isaac: E Isaac é um dos antecessores de Jesus.
Parte ll
Nós sabemos, ele está na linha dos ascendentes de Jesus, Isaac. Isto aconteceu quando Abraão e Sara tinham muito amor, mas pouca libido, na idade avançada.
 João Batista, outro caso típico. Jesus chama João Batista, o maior dentre todos os filhos de mulher. Os que nascem pela união sexual, ele chama filhos de mulher. Os que nascem sem união sexual, ele chama filhos do homem. Jesus é sempre chamado filho do homem, porque já estava além de todo as coisas físicas. Isto,  nós vamos tratar em outra ocasião. João Batista então nasceu quando Zacarias, seu pai, e Elizabete (que nós chamamos Izabel , mas que no Evangelho se chama Elizabete)...quando Izabel ou Elizabete que também era estéril, apesar disto ela concebeu João. Fisicamente, é claro. Dum modo humano, mas pode-se supor que na avançada idade  de Zacarias e de Elizabete o amor com que eles estavam vivendo era muito grande. E a libido provavelmente não era muito grande, na avançada idade. Ela diminui com a idade, mas o amor não precisa diminuir.
O amor é da alma. A libido é do corpo, mas a alma não envelhece. Não existe alma idosa. A alma é sempre eternamente jovem. E ela pode perfeitamente ter um grande amor em qualquer período da sua existência, mesmo em milhares de anos. Porque a alma não envelhece. Só o corpo envelhece. Então, isto é uma linha ascensional afastando-se da animalidade da libido, e aproximando-se da espiritualidade do amor. E os filhos que daí nascem, sempre têm qualidades altamente espirituais, porque se aproximaram através de seus pais da espiritualidade. Herdaram qualquer coisa de espiritualidade porque foram concebidos, com mais amor do que paixão, mais amor, do que libido.
Isto é que os Elohim querem dizer quando dizem: “Não comais da árvore da libido,do conhecimento do bem e do mal, mas, aproximai-vos da árvore da vida.” Quer dizer, eles insistem na evolução hominal. Todo o Gênesis é uma apoteose da evolução humana. O Gênesis não quer que o homem seja igual ao animal, porque é uma categoria superior de seres. E se ele se reproduz simplesmente como animal, por meio de libido física, de instinto sexual; então, ele não é diferente dos animais. Então, ele deve insistir o homem em sua reprodução hominal, tipicamente humana, reprodução por amor. Naturalmente, nunca pode excluir inteiramente a libido. Enquanto há reprodução física, haverá sempre tal ou qual porcentagem de libido.Isto não está excluído no texto, mas a libido não deve prevalecer sobre o amor.
Isto é todo o conteúdo desta misteriosa história: que era proibido comer do fruto do conhecimento do bem e do mal, do fruto da animalidade pura. Mas que houvesse uma linha ascensional entre a horizontal da animalidade e a vertical da espiritualidade. Naturalmente poucos chegaram, talvez ninguém, até a vertical da espiritualidade, mas o interessante é que a Bíblia, como já contei, conta diversos casos em que o corpo deles não morreu. Conta-se de Enoc, conta-se de Elias, conta-se de Moisés; pelo menos 3 casos que não morreram.
Quer dizer que apesar de serem concebidos fisicamente, mas, provavelmente com muito amor e depois eles intensificaram por sua própria conta, o amor. Espiritualizaram a sua animalidade que ainda tinham. Espiritualizaram o seu corpo, conseguiram alto grau de espiritualização e  esta espiritualização lhes deu a possibilidade de transformar o seu corpo material num corpo astral. Isto está lá. O corpo astral é invisível. O corpo astral não tem peso, não tem dimensões. O corpo astral é pura energia (astral quer dizer energia).
 Hoje em dia a ciência aboliu a palavra astral e chama isto, bioplásmico. O corpo bioplásmico é aquele que está na base do corpo material, mas não é visível. Hoje em dia nós conseguimos fotografar pelos aparelhos Kirlian, o corpo bioplásmico. O corpo astral pode ser fotografado com certos aparelhos, mas ele está além da matéria. Astral, quer dizer energia. Aquele que suspende os astros no espaço. Isto é energia e se chama astral, vem de astro.
Quando alguém consegue transformar o seu corpo material num corpo energético ou astral, ou bioplásmico, então ele imortaliza o seu próprio corpo. O Gênesis supõe que isto seja possível a toda humanidade, mas, por enquanto são exceções esporádicas. Alguns astralizaram o seu corpo, mas a humanidade em peso ainda não consegue fazer isto. Mas continua a existir a possibilidade dentro da natureza humana, de realizar a astralização do seu corpo. Naturalmente não vai acontecer tão cedo, porque a evolução vai com passos mínimos em espaços máximos.
Quando há um pequeno progresso leva milhares de anos. A natureza nunca tem pressa, pressa temos nós. A natureza é vagarosa. Veja o crescimento duma árvore. Bem, a hortaliça cresce rapidamente. Num mês uma hortaliça está pronta para ser comida. Mas, veja um jequitibá! Veja um coqueiro! Veja um carvalho! Levam séculos inteiros. Para reproduzir e produzir flores a maior parte das grandes árvores leva 15 anos. Uma nogueira leva 15 anos para produzir nozes. Um coqueiro leva pelo menos 10 anos para produzir. As árvores longevas levam muito tempo. As hortaliças de horta crescem rapidamente, mas também morrem logo. Quer dizer, para haver um pequeno progresso na humanidade leva séculos e milênios.
Paramahansa Yogananda, neste maravilhoso livro “Autobiografia de um iogue,” afirma que o homem pode acelerar a sua evolução espiritual. O que ele faria em 200 anos ele pode fazer em 20 anos se ele tratasse seriamente disto! Mas a maior parte não trata disto. Se a gente se concentrasse no seu corpo astral...havia de acelerar a sua evolução e a mortalidade do corpo físico seria menor, e a imortalidade do corpo astral seria maior. Isto seria um processo de evolução consciente; mas quem nada faz tem que esperar milhares de anos para que aconteça alguma evolução. Mas ele pode produzir evolução mais rápida.
Então, suponhamos que alguém chegue até a vertical da espiritualidade, isto seria 100% de amor e zero de libido. Bem, isto não é comum na humanidade. O Evangelho refere apenas um único caso, na formação do corpo de Jesus, em que aconteceu isto. Em que o amor de seus pais chegou ao máximo e a libido desceu a zero. Então, isto nós ainda vamos ver em outra ocasião. Os Evangelhos de Mateus e Lucas contam através de termos misteriosos, como se formou o corpo de Jesus, verdadeiramente humano, através de José e de Maria, mas sem nenhum contato físico. E quando não há contato físico, não há libido. A libido só funciona pelo contato físico, propriamente.
Orgasmo sexual se manifesta pelo contato físico dos corpos, mas se não há contato físico, pode haver amor, porque o amor funciona a qualquer distância. O amor não precisa contato, mas, amor também pode produzir corpo. Não pelo contato, mas à distância. Mas isto supõe 100% de evolução espiritual. E isto deve ter havido da parte dos pais de Jesus, mas como nós não compreendemos este processo misterioso que os evangelistas narram, nós caímos na mitologia, e inventamos que Jesus não tinha pai humano. Em que o Espírito Santo é que foi pai de Jesus, etc..
Oh! Isto é mitologia, é claro. Uma divindade nunca pode ser pai de um ser humano. Isto é absolutamente impossível. Um ser humano tem que ter por pais, seres humanos. É evidente! Mas, o que nós não compreendemos é que possa haver uma fecundação sem contato, uma fecundação astral. É claro que se deu uma fecundação astral. A fecundação astral se dá pelo amor. A fecundação física só se dá pelo contato físico. Isto é o que está narrado lá, mas isto é uma antecipação de uma nova humanidade.
O grosso da humanidade não está neste caso. O que o grosso da humanidade pode fazer é, de zero até perto do 90. Aqui é grau zero, lá é grau 90. A humanidade comum, provavelmente chegará de zero a 80 ou 88, ou 89. Se algum  dia chegar a 90, fecundação através de corpo astral, por amor...isto levará milhões de anos. Mas, isto está implicitamente contido no Gênesis. O Gênesis não quer saber se isto dura muito tempo, ou pouco tempo, mas afirma que existe a possibilidade duma multiplicação por amor.
Crescei, e depois, multiplicai-vos.” Nós lemos isto há 2000 anos. E nós sempre pensamos que se trata de crescimento físico. Não se trata absolutamente de um crescimento  físico. Trata-se deste crescimento, isto se chama crescer: “crescei na vossa hominalidade, na vossa evolução humana. Crescei, aumentai o vosso potencial humano, e depois nultiplicai-vos.” Aqui, crescimento já é de 10. Aqui o crescimento talvez seje de 30. Se alguém crescesse até 90, isto seria um crescimento total. A ordem dos Elohim é, não fiqueis no plano horizontal do animal em que estais. Crescei! E quando tiverdes crescido bastante, então, multiplicai-vos. Esta ordem não foi dada àquele casal. Isto foi dada à humanidade.
Mas é claro, os Elohim não queriam que apenas Adão e Eva vivessem milhares e milhares de anos. A ordem não foi dada a eles. A ordem é dada à humanidade do futuro. A humanidade do futuro cresce, passa por uma evolução espiritual   e durante todo este período, mesmo sem chegar ao fim; “Crescei e multiplicai-vos, e vereis que na medida do vosso crescimento espiritual, melhorará o vosso corpo.” Porque o nosso corpo está cheio de taras.
Doenças não fazem parte do corpo. A doença não tem nada que ver com a espiritualidade. A doença existe porque nós ainda estamos  na materialidade. A matéria produz a doença. O espírito não está doente. Então, doenças não deviam ser, não deviam afetar o nosso corpo. Uma morte compulsória não devia afetar o nosso corpo. Se nós estivéssemos na hominalidade completa, nós não teríamos doença nenhuma. Nunca existiria doença na nossa vida. Não precisávamos de farmácia, drogarias e médicos, nada disto. Nós nasceríamos em perfeita saúde. Viveríamos em perfeita saúde e morreríamos, se quiséssemos, para dentro do mundo astral. Porque morrer não seria dissolver o  corpo material, como sempre acontece.
Morrer não seria transformar o seu corpo material num corpo astral, como aconteceu com Enoc, com Elias, com Moisés no alto do Monte Nebo. E como em nossos dias está acontecendo na Índia, com Babaji e outros grandes iogues do oriente. Está acontecendo provavelmente, como já disse, com o Conde de Saint Germain. Todos sabem que o Conde de Saint Germain viveu no tempo da revolução francesa há quase 200 anos, nas cortes da França, e nunca morreu até hoje. Ninguém sabe da morte de Saint Germain.
Ele aparecia sempre nas cortes dos reis e das rainhas da França, no tempo mais horrível da França quando a revolução arrasou tudo. Matou reis, guilhotinou rainhas, Maria Antonieta e outros;  Saint Germain conhecia. Ele sempre prevenia: “Cuidado, o povo está revoltado contra as tiranias da realeza, vai acabar com todos os reis e rainhas.” Saint Germain sabia disso, ele era um vidente. E não foi atendido. Aparecia sempre de novo. Ora na França, ora na Tchecoslováquia, ora na Alemanha, na Inglaterra também apareceu.
Pela última vez, Saint Germain apareceu em 1825, depois de Napoleão Bonaparte. Despediu-se dos amigos da Europa, e disse: “Eu vou para o oriente, vou para o Himalaia, mas voltarei para o ocidente quando a cristandade do ocidente estiver nos seus piores dias.” Ainda não estamos nos piores dias. Estamos esperando, ou  receando. Os piores dias, dizem que é no fim deste século. Se Saint Germain vai voltar ou não, não sabemos. Ele disse que ia voltar. Este homem está vivendo há 200 anos. Sempre na idade de 45 anos. Ele era muito rico. Falava 12 línguas, correntemente, sem sotaque, inclusive o português. Falava grego, falava sânscrito, falava latim, falava línguas árabes, correntemente, sem ter aprendido. Falava francês como sua língua materna, com sotaque piemontês, dizem os que o conheciam. Ele deve ter nascido lá no Piemonte francês.
Quer dizer que a imortalidade do corpo não é uma coisa do passado. Também no presente existem homens imortais que podem desmaterializar o seu corpo quando querem, e podem rematerializar o seu corpo quando querem. Babaji está fazendo isto no Himalaia. É sabido, Babaji disse aos seus discípulos da Índia. “Eu vou me transformar (e se tornou invisível), mas, de vez em quando eu vou materializar o meu corpo, eu vou dar instruções aos meus discípulos”. Ele está formando grupo lá no Himalaia. 1 mês, 2 meses de instruções, depois se desmaterializa e desaparece.
Isto é uma faculdade do nosso corpo, quando o nosso espírito está em alta evolução. Quando o nosso espírito é muito primitivo, o nosso Eu verdadeiro, nós não somos donos do nosso corpo. Nós somos escravos do nosso corpo. Nós não podemos dar ordens ao nosso corpo para não ter doença, porque nós temos doença quer queiramos, quer não queiramos. Nós não podemos dizer: “eu não permito a morte do meu corpo.”  Não a morte é uma coisa compulsória. Ou, morremos de acidente, ou morremos de doença, ou morremos de velhice. Não há jeito. Muitos querem imortalizar o seu corpo.
Ainda há pouco, Aurobindo Ghosh, lá do Ashram dele, na antiga Indochina, pensava que ele iria transformar o seu corpo material em corpo imaterial. Não conseguiu. Há pouco faleceu a mãe que foi a sucessora de Aurobindo. Também esperava (ela viveu noventa e tantos anos), mas, no fim morreu.
Não é comum a gente poder astralizar o seu corpo material. Mas, existe a possibilidade implícita, potencial desta astralização. Não se perdeu na natureza humana a possibilidade, mas está dormindo profundamente, e nós não acordamos ainda o poder astral do nosso corpo. Mas, o Gênesis diz: “o corpo humano é naturalmente imortal.” Só se ele não chega à plena evolução espiritual, se ele não se aproximar daqui, então ele sucumbe à morte.
O corpo de Jesus também era imortal, nós sabemos disto. Eles não o queriam matar tantas vezes? E o Mestre sempre dizia: “Ainda não chegou o meu tempo. Ainda não chegou o tempo de eu morrer.” Se nós pudéssemos dizer isto seria bom. Ainda não chegou meu tempo. E no fim do 33o ano ele disse: “Agora chegou o meu tempo, eu vou a Jerusalém e vou ser morto.” Os discípulos disseram: “Mas se tu sabes que vai ser morto tu vais a Jerusalém?” Ele disse: “Agora é chegado o meu tempo. Ninguém me tira a vida, eu deponho a minha vida quando eu quero, e retomo a minha vida quando eu quero.”
Ele fez mais do que astralizar o seu corpo material. Ele permitiu a destruição total do seu corpo material e depois reconstruiu o seu corpo material em 3 dias. Isto é mais ainda do que transformar o seu corpo material em corpo astral. Uma vez disseram: “Como, quem és tu?” quando ele expurgou o templo dos vendilhões. Disseram: “Quem te dá o direito de fazer isto, tu não és autoridade para fazer isto.” Ele disse: “Quem me dá o direito? Destruí este templo de meu corpo e em 3 dias eu vou reedificá-lo.”
Eles entenderam que era o templo de Jerusalém, mas João diz: “Ele não falava do templo de pedra, ele falava do templo vivo do seu corpo.” Porque ele sabia que ele podia reconstruir o seu corpo morto num corpo vivo. Isto é o máximo do poder espiritual. Poder até reconstruir o seu corpo morto quando ele quer. Outros chegaram apenas a transformar o seu corpo, mas não a reconstruir, porque eles não morreram.
Quer dizer, tudo que estou dizendo está implicitamente contido nas palavras do Gênesis. O homem futuramente chegará ao zênite da sua evolução e então a sua reprodução, primeiro será feita por amor, mas, ainda corporalmente, e não por simples libido. E no fim será feito por amor, não mais materialmente, mas astralmente. Aí termina propriamente a nossa velha humanidade. A velha humanidade se multiplica fisicamente, ainda que seja por amor. Já é um grande avanço, quando faz por amor, e não por libido. Mas ainda é da velha humanidade.
A nova humanidade chegará a ponto de se multiplicar simplesmente de corpo astral para corpo astral. O corpo astral do homem ia atuar a qualquer distância sobre o corpo astral da mulher e continuar uma nova humanidade. Isto está no Apocalipse: “No fim dos tempos” diz a revelação de João, “haverá um novo céu e uma nova terra, e o reino de Deus será proclamado sobre a face da terra.” Haverá um novo céu. Quer dizer, este novo céu é isto aqui: O espiritual. E por isso também haverá uma nova terra (isto aqui). Um novo espírito e um novo corpo.O Apocalipse chama um novo céu, espiritual; e uma nova terra, corporal. A terra é o corpo e o céu é o espírito.
 Mas, se não houver um novo céu espiritual, uma consciência espiritual altamente desenvolvida, não pode haver uma nova terra. A nova terra é a humanidade imortal e o novo céu é a consciência do nosso Eu espiritual. Parece que o nosso planeta terra ainda vai ser o habitáculo futuro duma humanidade gloriosa. Parece que este planeta terra em que vivemos, depois de ser expurgado das suas escórias, que nós produzimos; isto tudo ainda é escória aqui. Muita escória ou pouca escória, mas não está expurgada. Parece que o nosso planeta terra está tão privilegiado. Parece que é previsto para o habitáculo de uma humanidade perfeita, futuramente, não por enquanto.

Ainda temos que morrer e entrar na zona do corpo astral, mas o corpo astral pode ser imortalizado. Mesmo que não seja agora, na vivência terrestre, nós não vamos deixar de existir porque perdemos o corpo físico. Continuamos a viver no corpo astral e podemos continuar a nossa evolução.



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TRANSCRIÇÃO DA AULA 09 -  Humanidades Paralelas


CURSO NOVA HUMANIDADE
Huberto Rohden 
Aula 9: Humanidades Paralelas
24/05/1977



             Agora vamos voltar ao nosso tema habitual-  Moisés e o Gênesis.
            Vocês não vão compreender o Gênesis se não se basearem sobre o que Moisés quer dizer no Gênesis. É o seguinte: Ele acha possível que haja uma humanidade tão perfeita como ele. Porque ele era um homem sem nenhum defeito. Primeiro, nunca teve doença em toda sua vida. Viveu 120 anos sem ter uma doença. A Bíblia insiste neste  ponto, que ele nunca esteve doente. E insiste num 2o ponto, que ele nunca envelheceu. Podem ler o texto da Bíblia: “E quando ele tinha 40 anos, estava em plena juventude”. Quando saiu do Egito tinha 40 anos e quando voltou da Arábia tinha 80 anos, estava em plena juventude. Depois, quando ele terminou a peregrinação entre a África e a Ásia, na Palestina, quando ele não entrou na terra santa, tinha 120 anos e estava em plena juventude.
A Bíblia repete, e diz tão ingenuamente. “A luz dos seus olhos não se haviam apagado”, nem na velhice de 120 anos. “E nenhum dente estava solto em sua boca.” Isto ela indica como absoluta juventude. Nenhum dente estava solto em sua boca. Nunca precisou de dentista. Com isto a Bíblia frisa  a formidável juventude de Moisés.
            Moisés então diz: “Como é isto, eu vivo uma vida perfeita, física, mental e espiritualmente. E por que o resto da humanidade não vive assim?” Agora ele está diante de um mistério; porque ele não tem doença e porque todo mundo está cheio de doença e morre antes da idade de vida; e ele não morreu. Segundo a Bíblia ele nunca morreu. Ele se transformou em corpo astral, no alto do Monte Nebo. E 1500 anos mais tarde ele reaparece no Tabor, ao lado de Jesus. Ele e Elias em corpo astral.
            Então Moisés quer saber: “qual é o segredo desta eterna juventude do meu corpo.” Está intrigado com isto. E descobriu o seguinte: descobriu que ele nasceu de outro modo, e, que nascendo daquele modo como ele nasceu, não há doença e não há morte compulsória. A gente se pode transformar, de corpo material para corpo astral. Isto vai através de todo o Gênesis, esta idéia. Então, ele apresenta a humanidade do passado, do presente, e visualizando a humanidade do futuro. E faz ver que uma procriação puramente material como a dos animais não dá corpo perfeito, não dá corpo imortal e permite doenças. Mas, se houvesse uma outra espécie de procriação, de concepção sobretudo, então, não haveria doenças e não haveria morte compulsória. Esta idéia vai através de todo o Gênesis.
            Nós estamos habituados a ler que Moisés era filho de uma mulher hebréia e que o escondeu nas águas do Nilo, porque o faraó tinha dado ordem que todos os meninos hebreus fossem afogados. Os hebreus se multiplicavam como coelhos e os Egípcios estavam com medo que os hebreus tomassem conta do Egito. Eles eram imigrantes. Então, o faraó mandou matar todos os meninos hebreus e jogar no Nilo para se afogar.
E, diz a Bíblia que a mãe de um menino escondeu o filhinho dela num cestinho e foi encontrado pela princesa real do faraó;  quando esta princesa ia tomar banho no Nilo; naquele tempo a gente não tomava banho de chuveiro, jogava-se no rio para tomar banho. E ela encontrou o menino e o levou para casa e o adotou como filho, e lhe deu o nome de Moshe, em hebraico, com sh. Nós demos Moisés. Moshe quer dizer, meu filho, porque eu tirei das águas.
Então pensam que Moisés quer dizer tirado das águas. Pura ilusão. Moisés quer dizer filho, nada mais.muitos nomes egípcios acabam em moses, Tutmoses e outros moses. Moisés e Moses são a mesma coisa. Ela disse: “ele é meu filho, porque eu o tirei das águas.”
Agora escutem bem, o que quer dizer tirar das águas: Madame Blavatsky, que é uma das grandes iniciada do nosso século, a Helena P. Blavatsky, que escreveu livros maravilhosos: A doutrina secreta, A voz do silêncio, e outros... diz, “água” em sentido esotérico, quer dizer, astral. Quando os livros esotéricos falam de sair das águas então querem dizer, “nascer do astral e não do material.” 
Então, a princesa egípcia usa as mesmas palavras, “eu o tirei das águas.” Ela não se refere às águas do Nilo, porque em linguagem esotérica, água não quer dizer água física. Diz a Blavatsky, “água quer dizer a Potência creadora do Universo.” Isto os livros esotéricos chamam água. Quer dizer, o mundo astral que nós chamamos o mundo das puras energias cósmicas, segundo Einstein. Isto os esotéricos chamam água. Não se refere a uma água física. Refere-se a uma água astral. Então a princesa usa as palavras: “eu o tirei do mundo astral, eu o tirei das águas.” Mas, ela não se refere às águas do Nilo.
Tales de Mileto, 600 anos aC, o 1o filosofo grego, começou a filosofia dele assim: “Toda a vida vem da água.” O que Tales de Mileto quis dizer que toda a vida nasce na água? Ele também se refere à água astral que não é água física. Aqui temos a mesma linguagem de Tales de Mileto, que os esotéricos usam.
E, Jesus fala com Nicodemus, naquela célebre noite e diz:  “Se alguém não nascer de novo pelo espírito, não pode ver o reino de Deus”. Então, Rabi Nicodemus diz: “Mas, como é que se pode nascer de novo quando se é velho como eu? Será que posso voltar ao seio de minha mãe e nascer mais uma vez? E Jesus repete:” “Se alguém não nascer de novo, de água e de espírito,” agora ele acrescenta a palavra água, “não pode ver o reino de Deus.” Que quer dizer, nascer de água e espírito?
Têm-se escrito muitos livros sobre estas palavras. Certa igreja conhecida aqui diz: “Bem isto deve ser o batismo- e nascer de água e espírito.” Mas, Jesus não falou do batismo absolutamente. Ele falou dum outro nascimento, não físico. De um nascimento astral, e ele sabia que a gente pode nascer astralmente em vez de nascer materialmente. Então ele diz a Nicodemus: “Se alguém não nascer de novo de água e de espírito...” Nós não nascemos de água e espírito, nós nascemos de matéria e de espírito. Mas ele exige nascimento de água e de espírito para ver o reino de Deus.
Evidentemente ele fala de um outro corpo que não é concebido materialmente como corpo animal, mas que é concebido astralmente como o corpo de Jesus. Ele fala de seu próprio corpo, de Jesus, porque ele tinha nascido de água e espírito. Água em linguagem esotérica quer dizer, a energia astral do Universo. Isto ele chama água.
E quando Jesus fala com a samaritana, que sabia muito bem o que era nascer de matéria, porque ela tinha tido 5 maridos e tinha mais um amante... então ele sabia muito bem o que era nascer fisicamente. E, Jesus fala com a samaritana: “Se tu conhecesses o dom de Deus e aquele que te está falando, tu lhe pedirias água e ele te daria água viva.” Outra vez a coisa misteriosa de “água viva”. Ele te daria água viva, e esta água se tornaria dentro de ti, uma fonte jorrando para a vida eterna. Outra vez a alusão a um outro nascimento.
Nós sempre pensamos que ele fala de um nascimento puramente espiritual, mas não é verdade, porque o nascimento espiritual não precisa nascer de água e de espírito, basta nascer de espírito. Ele está falando de um nascimento de um corpo diferente daquele corpo que nós temos hoje, porque o corpo de Jesus tinha nascido assim, astralmente e não materialmente.
Se vocês compreenderem o Evangelho de São Lucas que era um médico grego muito erudito...além de ser evangelista era médico  grego. E Lucas tenta explicar como é que o corpo de Jesus se formou. Usa palavras misteriosas. Ele diz: “Foi anunciado a Maria que um sopro sagrado virá sobre ti.” Falando do corpo astral, um sopro sagrado.
E os nossos bons teólogos traduzem “o Espírito Santo”, mas não tem nada de Espírito Santo como 3a pessoa da Santíssima Trindade. Lucas não sabia nada disto. Um sopro sagrado virá sobre ti, e a Potência Suprema ti envolverá em sua aura. Isto está lá no Evangelho grego. A Potência Suprema, não a potência material masculina, mas, a Potência do mais alto te envolverá em sua aura.
Lucas faz depender a concepção do corpo de Jesus de uma Potência Suprema, de um sopro sagrado e de uma aura que envolveu todo o corpo de Maria. É muito misterioso para nós, mas é o mesmo modo de concepção de que fala o Gênesis. Moisés foi talvez o único homem, ou um dos poucos que antes de Jesus nasceu de concepção astral.
E a princesa, cujo retrato eu trousse aqui, que é a filha do faraó    Ramsés II ... o original está em Berlim, no museu, vocês podem procurar.


Esta cabeça de mármore branco que eu tenho uma fotografia... e sobre a fotografia eu mandei fazer um desenho ampliado. Então, esta princesa real do Egito que se chamava Hat - Shep- Sut (esta cabeça foi encontrada no século passado por um cientista alemão que escavou lá nas ruínas do Egito, está no museu de Berlim). Esta princesa adotou segundo a Bíblia, Moisés, mas nós temos outra mensagem.Uma mensagem extrabíblica muito conhecida, que diz que a princesa real concebeu Moisés de um modo astral, na ausência de um homem físico. Mas, com potências astrais, que também existem fora dos espermatozóides masculinos. E a Blavatshy diz muito bem. A potência astral existe no Universo e muitas vezes se serve dos elementos masculinos para realizar uma concepção astral, sem contato físico, como aconteceu com o corpo de Jesus.
            Deve ter acontecido isto com o corpo de Moisés. Imagine se a princesa real tivesse tirado das águas um hebreuzinho que, além disso, era escravo, detestado pelos egípcios. Será que ela teria criado com tanto amor e com tanto carinho, este menino, este escravo? Que casualmente tenha encontrado nas águas do Nilo? Não, diz a Bíblia que ela o educou por 40 anos na corte real do Egito. 40 anos ele viveu na corte real. Depois ele foi enxotado do Egito, porque era um subversivo. Ele queria libertar o povo dos hebreus que eram ótimos trabalhadores.E o faraó não queria deixar partir.
            Moisés trabalhava para tirar este povo do Egito. Um subversivo, nós diríamos, um rebelde contra o governo. E ele foi perseguido. Os príncipes do Egito queriam que o faraó decretasse sentença de morte sobre este subversivo e o faraó decretou: “Eu te condeno, não para a morte mas, para a vida, eu te condeno para a vida de solidão.” Expulsou para o deserto, para ele morrer sozinho no deserto. Foi o maior favor que o faraó fez a Moisés, porque Moisés precisava disto mesmo.
            Ele peregrinou, foi para o outro lado do deserto e chegou até a Arábia. E lá se tornou pastor de rebanho do seu futuro sogro . E ficou 40 anos na Arábia.  O primeiro período- 40 anos é no Egito. Magia mental. Isto era sabedoria dos egípcios. Os egípcios conheciam segredos da natureza estupendos. Conheciam até eletricidade. Aquela arca da aliança em que Moisés carregava consigo na peregrinação, chamada  arca da aliança; era uma verdadeira pilha elétrica.
 Se vocês querem ver como é que ele construiu a pilha elétrica, leiam o livro do Êxodo-cap. 25. Lá está claramente expresso que Moisés conhecia a eletricidade. Ele mandou fazer uma caixa pequena de madeira de acácia bem seca. Ele diz: “As tábuas devem ser bem secas”. Porque madeira seca não conduz eletricidade. Só madeira úmida. Então ele diz que deve ser uma caixa de acácia e que de cada lado deve ter um varal de ouro puro, para carregar aquela caixa.  E nunca se deve tirar este varal de ouro, mesmo quando estivesse em repouso no tabernáculo.
Por que não? Por que não se podia retirar aquelas varas de ouro? Porque Moisés sabia muito bem que uma caixa precisa de antenas para conduzir a eletricidade do ar. E em certos dias aquela caixa se tornava luminosa. Havia uma nuvem por cima da caixa, a arca da aliança. E quando havia uma nuvem luminosa sobre a arca da aliança, eles consultavam Deus sobre certas coisas. Por que tinha uma nuvem luminosa lá em cima? Porque em cima da arca da aliança tinha 2 querubins de ouro, 2 estátuas de ouro com as asas voltadas para dentro, mas sem contato.
E Moisés disse: Entre as asas dos querubins deve ter sem contato de tantas polegadas. Lá se contava com polegadas, não tinha centímetro ainda. Então deixa espaço entre as asas dos Querubins de tantas polegadas e por cima destas asas dos querubins havia a nuvem luminosa. Nós sabemos que a eletricidade em certo tempo forma eletricidade estática, galvânica, que dá luminosidade. Eu vi isto muitas vezes; nos Alpes isto é comum.
Moisés sabia de todos estes fenômenos. Quer dizer, ele era instruído em toda sabedoria dos egípcios, mas foi enxotado porque se fez subversivo. Foi para a Arábia e iniciou seu segundo período de vida, que não era mais de magia mental, mas era de experiência mística. 40 anos de experiência mística ele teve na Arábia, como pastor de rebanhos, na sua tremenda solidão.
Depois, ele tinha 80 anos. Estava em plena juventude, afirma a Bíblia. A luz de seus olhos não se haviam apagado e nenhum dente da sua boca estava solto. A Bíblia repete...isto é sinal de juventude. E ele foi para o Egito porque Deus o mandou libertar o povo. Voltou para o Egito aos 80 anos, armado de umas tremendas forças mágicas e místicas. A magia ele recebeu no Egito. A mística lhe veio no deserto, na solidão. E com estes poderes extraordinários ele exigiu do faraó que soltasse o povo, que era quase um milhão de pessoas, os hebreus.Estiveram no Egito 430 anos, escravos. Tinha cerca de um milhão de pessoas escravizadas.
E Moisés fez questão de libertar o povo, mas o faraó negou tudo. Então, vieram as pragas. As nove pragas que Moisés lançou são magia mental. Ele produz doenças por meio de magia mental. Homem poderoso.  Produziu sobre um país inteiro com magia mental, mas não conseguiu nada porque os magos do Egito sabiam tanto como ele. Também tinham sido instruídos nesta magia. Neutralizaram todas as pragas. 9 pragas foram neutralizadas, diz o texto.
E Moisés disse: “Eu tenho inimigos poderosos aqui no Egito. Eles sabem tanto como eu”. Então, diz o texto, Moisés resolveu lançar a ultima cartada contra o faraó para obrigá-lo a soltar o povo escravizado. O que ele fez? Diz o texto que ele se preparou para a morte dos primogênitos. Ele queria matar todos os primogênitos de todo  Egito. Quem fosse primogênito, desde o palácio do rei até a ultima escrava ia ser morto numa noite só. De que modo Moisés ia matar milhares de primogênitos numa única noite? Magia mental.
Ele esperou o plenilúnio do mês de abril. A lua cheia. Porque a magia se faz em noite de lua cheia. É sabido. A lua nova, não dá certo. Só em lua cheia. Lua nova é espiritual e lua cheia é mental. E Moisés disse: vou esperar a primeira lua cheia da primavera; abril, lá no hemisfério norte. Aqui é outono. Ele esperou a primeira lua cheia do mês de abril, que naquele tempo se chamava Nisan, é o nosso abril. E na noite de lua cheia diz o texto, ele se concentrou mentalmente. Ele devia ter uma tremenda concentração mental e produziu uma entidade astral.
Na concentração mental, ele criou uma entidade astral de pura energia. E deu ordem a esta entidade astral que percorresse todo o Egito e matasse em cada casa o primogênito, fosse quem fosse. Fosse filho do faraó, fosse filho do escravo do faraó. E a entidade astral perguntou: “Quem são os egípcios?” e Moisés disse: “São todos habitantes deste país, menos os hebreus,” porque os hebreus moram no meio deles.  E a entidade astral, que na Bíblia se chama o anjo exterminador, o anjo da morte, perguntou a Moisés: “Quem são os hebreus, que eu não devo matar?” Então Moisés diz: “Os hebreus são aqueles que eu dei ordem que pintassem os batentes das suas portas com sangue de cordeiro. Onde encontrares sangue nos batentes das portas e nas vegas das portas, não entres. Estes são os hebreus.”
Então Moisés deu ordem a todos os hebreus que matassem um cordeiro e pintassem os batentes das suas portas, as Vegas de cima com sangue do cordeiro. E assim fizeram. E o anjo exterminador percorreu todo o Egito numa noite e quando encontrava uma porta pintada com sangue fresco não entravam. Mas matou todos os outros primogênitos. Isto está lá na Bíblia. Quer dizer, um poder sinistro que este Moisés tinha. Matando milhares de pessoas numa noite.
E então o faraó deu ordem que saíssem . Deu ordem a Moisés que saísse com todo o seu povo na mesma noite. E não ficasse mais nenhuma noite. Um povo azarento assim não se pode tolerar. E Moisés deu ordem aos hebreus que saíssem na mesma noite do plenilúnio de abril. Saíram às pressas... é o que eles chamam Páscoa deles. A Páscoa judaica é a libertação do Egito. Não tem nada que ver com ressurreição. A Páscoa judaica é o nosso 7 de setembro, libertação nacional, porque eles eram escravos. Então se libertaram e começaram o Êxodo. A saída do Egito. Bem, tudo isto está escrito na Bíblia.
Depois ele peregrinou para a terra santa com todo o povo. Imagine! Ele mandando 1 milhão de pessoas, sem armas, sem nada. Só com a tremenda magia mental dele. E mandou afogar todo o exército do faraó no Mar Vermelho. Deu água ao povo batendo no rochedo. É tudo magia mental. Porque quando a gente entra na zona da magia mental todas as leis da natureza nos obedecem. Não precisa nem mística espiritual para isto. Jesus fazia isto, talvez com mística espiritual. Mas Moisés faz em grande parte com magia mental. Os egípcios eram campeões de magia.
Mas o povo não chegou à terra da Promissão. Por que não? Não chegaram. Levaram 40 anos pelos desertos e não chegaram. Porque eles murmuraram contra Moisés dizendo: “Moisés, que historia é esta? Nós passávamos tão bem lá no Egito. Éramos escravos, é verdade, mas tínhamos a barriga cheia, não é? Então não era melhor, ser escravo de barriga cheia do que morrer de fome aqui no deserto? Vamos voltar para o Egito!” E Moisés disse a Deus: “Este povo é mesmo ingrato. Eles preferem a escravidão com fartura, à liberdade austera. Aqui não tem panelas cheias de carne e cebola, mas eles querem panelas cheias de carne e cebola. Materialistas!”
Então disse Deus: “Moisés diz ao povo que nenhum deles, que saiu do Egito, vai entrar na terra da Promissão; mas só os seus filhos, que nasceram no deserto e na liberdade austera.” E assim aconteceu. Imaginem! Eles levaram 40 anos do Egito para a Palestina. A gente faz isto numa semana, até à pé. Não é muito longe. A gente faz isto até a pé. Não tinha automóvel, nem avião, naquele tempo. Tinha cavalos, tinha camelos. Mas eles levaram 40 anos. Não porque fosse muito longe, mas deviam morrer todos os amigos da escravidão, e somente os filhos da liberdade é que deviam entrar na terra santa. Por isso é que eles morreram. Não puderam entrar.            
Então diz o texto: “Moisés os conduziu até a fronteira de Canaã, que corria de leite e mel.” Era um país muito abundante, que corria de leite e mel; que diz que tinha abundancia de tudo. Mas, não entrou. Subiu o Monte Nebo, olhou para a terra e transformou-se;  e nunca mais voltou. Não morreu, mas astralizou o seu corpo. Ele tinha vindo do astral, passando pelo material, e voltou ao mundo astral. O mundo astral é o mundo de pura energia.
Então Moisés, depois de feito tudo isto... enquanto fazia isto pensou: “Por que o resto da humanidade não pode viver como eu vivia, em perfeita saúde e sem velhice, nem morte?” Ele descobriu que havendo uma procriação material de corpo a corpo, como o animal, não há corpo imortal. Mas, se houvesse uma procriação energética, não material, astral (energia quer dizer astral) – então haveria corpo sem doença e sem morte.
Então ele escreveu o Gênesis insistindo sempre na necessidade do homem não se procriar fisicamente como o animal, mas de se procriar astralmente como tinha acontecido com ele. Isto precisam não esquecer. Ele quer crear uma eugenia humana perfeita. Uma eugenia como nós chamamos hoje em dia. Uma vida perfeita. É uma eugenia (em grego). Uma eugenia seria um corpo sem doença. Um corpo em eterna juventude, isto seria uma perfeita eugenia. E isto Moisés acha possível.




Mas, contanto que o homem não se multiplicasse como animal, mas hominalmente, e não animalmente. Porque ele descreve como o espírito dos Elohim, o espírito de Deus, tinha vindo sobre eles e transformado o corpo animal do homem num corpo hominal, um corpo humano. Quer dizer, aqui há duas coisas. A vida animal já existia. Ou como diz Teilhard de Chardin, veio uma descontinuidade da vida na continuidade da vida. Muito bem descrito. A continuidade da vida é esta aqui e a descontinuidade da vida é esta vertical.
            Uma descontinuidade espiritual enxertada na continuidade animal. Esta vertical, uma espiritualidade, o sopro de Deus enxertado na animalidade. É evidente que Moisés supõe que o corpo humano já existia como ser vivo. Ele diz claramente: “A  Zoé foi enxertada na psiché.” Está lá no Gênesis. Zoé em grego quer dizer vida espiritual; psiché quer dizer vida animal. Está lá claramente, no Gênesis. “A Zoé foi enxertada na psiché”, que já existia. A vida do animal.Da planta e do animal chama-se psiché, e uma vida espiritual, Zoé (às vezes se encontra uma pessoa que se chama Zoé, eu conheci duas pessoas).
            Nós temos psiché no nosso corpo, e recebemos o Zoé, pelo espírito. Então, as duas vidas; a vida espiritual entrou em conflito com a vida animal. Depois nasceu a vida intelectual e piorou o conflito. Agora a vida animal não luta propriamente contra a vida espiritual, mas se entra no animal a vida intelectual, então começa a luta. Porque sempre a nossa inteligência luta contra o espírito.
A Bhagavad Gita sabia disto. A inteligência é o nosso ego e o espírito é o nosso Eu. Isto aqui  (horizontal) é para nós o nosso ego, e isto (vertical) para nós é o nosso Eu. E na Bhagavad Gita diz: “o ego é o pior inimigo do Eu, mas o Eu é o melhor amigo do ego.” Então entraram em conflito- o ego intelectual e o Eu espiritual. O ego intelectual quis continuar a vida na horizontal e o Eu espiritual quer iniciar uma vida nova espiritual. E armou-se um conflito.
Então  Moisés diz: “É preciso sair da horizontal da animalidade e entrar pouco a pouco na vertical da espiritualidade.” Mas, como isto não se faz de um dia para o outro era necessário formar uma série de linhas ascensionais; estas aqui subindo aos poucos, até chegar lá em cima. Isto está tudo no Gênesis. Isto Moisés chama a “árvore do conhecimento do bem e do mal”. E aquilo, (vertical) “árvore da vida.” “Não deveis comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque isto dá um corpo mortal, e deveis comer da árvore da vida, porque isto dá um corpo imortal.”
Isto aqui, dá um corpo cheio de doenças e de morte; e isto aqui dá um corpo sem doenças e morte. Ele tinha experimentado isto, porque ele nunca teve doença, e não morreu. E mais tarde Jesus fez a mesma coisa. Aqui também, nesta linha estava Jesus.
Eu já expliquei na última aula porque isto chama árvore do conhecimento do bem e do mal. É uma linguagem bíblica que nós não conhecemos. Conhecer na Bíblia significa sempre  ter relações sexuais. “Adão conheceu sua mulher e ela concebeu.” É claro que ele não conheceu com a cabeça, mas conheceu com o corpo. Isto na Bíblia se chama conhecer. E quando o anjo Gabriel anuncia a Maria que ela vai ser mãe, ela diz: “Como? Eu não conheço varão?” Mas ela não conhecia José? Não eram noivos? Como é que ela afirma que não conhece homem? Mas ela não quis dizer que não conhecia mentalmente. Ela quis dizer: “Eu não tenho relações sexuais com nenhum homem.” E só depois de ter a explicação que a fecundação não seria material, mas astral, aí ela consente. “Faça-se em mim segundo a tua palavra. Eis aqui a serva do Senhor”.  Aí ela consente uma fecundação astral. E depois o Verbo se fez carne. Está lá.
Moisés sabia de tudo isto. Então, ele quer crear uma eugenia perfeita, e quer que o homem não tenha doenças, nem morra necessariamente, como acontecera com ele. Mas isto não se pode fazer de um dia para o outro. Até hoje não se realizou. Uns poucos imortalizaram seu corpo, como Enoc, Elias, Moisés e outros. E em nossos dias Babaji, Saint Germain, alguns outros... mas o grosso da humanidade não chegou até aí. Moisés entende que futuramente a humanidade pode fazer isto. Pode subir da horizontal zero para a vertical 90 vamos dizer. Um ângulo reto tem 90o . Aqui é zero- lá é 90- aqui no meio é 45o . Alguns homens chegaram até aqui. Transformaram o seu corpo material num corpo astral. Enoc, Elias, Moisés, Babaji, Saint Germain, e outros.
Agora, uns poucos chegam lá. Moisés era um dos poucos que estava lá. Jesus também. Segundo o Evangelho de São Lucas e de Mateus, ele estava na vertical duma concepção puramente imaterial, astral. Aqui ainda há ainda uma mistura de material e espiritual. Mas, lá em cima acaba o material. 90o ângulo reto, é pura espiritualidade. Aqui há também uma mistura de concepção material e de concepção espiritual.
Estranhamente, porque o homem ficou no plano da concepção material, a culpa é dada a Eva, e não a Adão. Que coisa estranha. Nós ficamos desanimados. Será que Moisés era tão antifeminista para dizer tais coisas? Para acusar a Eva de ter provocado esta concepção material? Mas logo depois vem a reconciliação. De fato primeiro ela sucumbiu. Ela entrou em contato com a inteligência que se chama serpente e a serpente da inteligência disse:  “Por que vós não vos reproduzis como os outros seres?” e Eva diz: “Mas isto nos é proibido, nós temos proibição de comer da árvore do conhecimento do bem e do mal- do sexo.” O bem é o nascimento e o mal é a morte. Nós não devemos procriar um corpo que nasça e morra. E a Bíblia chama o bem e o mal.
Nós não devemos ter estas relações, porque senão nós criamos um corpo que nasce e depois morre. Mas os Elohim disseram que nós devemos procriar um corpo que não morra nunca. Então a serpente da inteligência disse: “Não, isto não é verdade.” E aí Eva se deixou enganar como ela mesmo confessa depois. “Eu fui enganada pela serpente.” E quando vieram os Elohim e lhe perguntaram: “Por que desobedeceste  nossas ordens?” Ela diz: “A serpente me enganou.”  Isto nós diríamos: “A inteligência me enganou.”
 E depois vem as 3 maldições-  1o vem a maldição à serpente; depois vem a maldição à mulher e no fim vem a maldição ao homem. Isto aconteceu  no princípio. Mas depois vem a reabilitação de Eva. É muito bonita esta reabilitação. Logo depois reaparecem os Elohim (as forças creadoras, nunca se chamam Deus), e fizeram um ajuste de contas. Chamaram somente a serpente e Eva. Desta vez Adão não está. Aliás, o Adão nunca viu a serpente. O Adão nunca falou com a serpente. Nunca existe nenhum contato de Adão com a serpente. Todo contato é entre a serpente e a Eva.
Então, reaparecem os Elohim, chamam Eva e a serpente e vêm estas palavras gloriosas. Nós vamos pôr inimizade entre a serpente e seu descendente; e entre a mulher e seu descendente. Agora já vem a inimizade entre Eva e a serpente. No principio era a amizade. Se ela se deixou derrotar pela serpente, pela inteligência, é porque ela era muito amiga da inteligência, serpentina. Agora vem a inimizade. “Havemos de pôr inimizade entre ti, a mulher, e a serpente, entre teu descendente e o descendente da serpente.” Aqui aparecem as duas humanidades. A humanidade animal e a humanidade espiritual. Aqui já vem separação entre isto e aquilo. Agora eles vão colocar inimizade, incompatibilidade entre a velha humanidade e a nova humanidade.
Aqui começam as duas humanidades. A velha humanidade é da serpente. A nova humanidade é da mulher. Não mais a mulher que foi enganada pela serpente. Não, a mulher que já se separou da serpente. Aqui está uma reabilitação de Eva. E uma sublimação. Estas palavras que estão no segundo capítulo do Gênesis: “Nós, as forças creadoras, os Elohim, vamos pôr inimizade entre ti, Eva, e teu descendente; e entre a serpente e seu descendente.”
Até aqui o texto grego da Septuaginta e a Vulgata latina estão de perfeito acordo. Agora começa o grande desacordo entre os dois. Nós todos estamos habituados a ler a Vulgata latina porque as nossas traduções são todas feitas pela Vulgata Latina. E na Vulgata Latina vem agora o seguinte texto: “Poremos inimizade entre ti e a serpente, entre teu descendente e o descendente da serpente.” Agora a Vulgata diz: “Tu Eva esmagarás a cabeça da serpente e a serpente armará ciladas ao teu calcanhar.”
Isto está na Vulgata Latina que vem do terceiro século da era cristã. Não tem nada disto no grego. Não tem uma palavra disto no texto grego que é 300 anos aC. E o texto latino é de 200 ou 300 anos depois de Cristo. Uma diferença de 500 ou 600 anos. O texto grego não diz: “Ela te esmagará a cabeça e tu armarás ciladas ao seu calcanhar.” Isto não está lá. Ninguém sabe porque a Vulgata introduziu isto.  Em grego está..., primeiro não está ela, mas ele. Autos e não Auté. Na Vulgata está ela, a mulher esmagará a tua cabeça. No grego está ele, o descendente dela.
Ele... também não diz esmagará a cabeça. O que está lá? Ele espreitará a tua cabeça e tu espreitarás o seu calcanhar.” Que quer dizer? A nova humanidade espreita a cabeça da velha humanidade e a velha humanidade espreita o calcanhar, isto é, os passos da nova humanidade. Isto está no texto grego que é o texto verdadeiro.
Vamos descobrir os sentidos destas coisas misteriosas. Haverá duas humanidades no futuro. Nenhuma será vencedora e nenhuma será derrotada. Ambas correrão paralelas. Uma humanidade nova e a outra humanidade velha. A humanidade animal e a humanidade espiritual correrão paralelas até o fim dos tempos. Ninguém vai esmagar a cabeça de alguém.
Imaginem se a mulher esmagasse a cabeça da serpente , como é que a serpente podia armar ciladas ao calcanhar da mulher? Com a cabeça quebrada? Esmagada? Morta? Não tem lógica. Se a mulher esmagou a cabeça da serpente acabou-se a história. Quer dizer, a Vulgata não entendeu nada de lógica. Disse coisas que não combinam. Não está no texto grego que ela te esmagará a cabeça.  Ele te espreitará a cabeça. Vai observar quais são os pensamentos da velha humanidade. A nova humanidade vai vigiar o que a velha humanidade está pensando. Vai vigiar a cabeça, e a velha humanidade vai vigiar os passos da nova humanidade. Para onde é que esta nova humanidade vai. São duas humanidades paralelas.
No Evangelho nós temos a história do joio e do trigo. É exatamente a mesma idéia. Havia um homem que semeou  trigo no seu campo. De repente apareceu joio, mato, como diz o caipira. Erva daninha (gramínea). e os servos disseram: ‘Vamos arrancar o joio do meio do trigo’.  ‘Não, disse o dono, não arranqueis o joio do meio do trigo, deixai crescer os dois conjuntamente, (o trigo juntamente com o joio) até o fim  dos tempos e só no fim dos tempos se fará a separação.’ Mas durante toda a evolução os dois, o trigo e o joio têm direito á sua evolução; evolução para o bem- (o trigo)- e evolução para o mal- (o joio). Deixai os dois correr paralelamente.
É a mesma idéia do Gênesis. Deixa a nova humanidade correr paralela à velha humanidade. A nova humanidade não vai esmagar a cabeça da velha humanidade, mas elas apenas vão se espreitar mutuamente. A nova humanidade quer saber: “Quais são os pensamentos da velha humanidade ego?” porque a velha humanidade é o ego. A velha humanidade do ego, vai dizer: “Para onde é que vai esta nova humanidade do Eu?” Isto é que está no texto grego. Uma coisa muito profunda. Não vai ser exterminada nenhuma das humanidades. As duas correrão paralelas, uma, rumo à luz, outra rumo às trevas. Mas, ambas têm o direito a sua evolução. Deus não impede a evolução dos bens e não impede a evolução dos maus.
Se os bons e os maus são creaturas creadoras, cada um é responsável pelos seus atos. Ninguém precisa exterminar os maus. Os maus se exterminarão a si mesmos. Algum dia os maus farão a sua autodestruição e os bons farão  a sua vida eterna. Isto é que está lá. Então, aqui temos uma grandiosa reabilitação de Eva. Porque Eva tinha sucumbido à sugestão da serpente, no princípio, e logo depois os Elohim declaram: “mas, agora se acabou isto. Eva não vai ser mais amiga da serpente, não vai ser enganada pela serpente”.
Muitos atribuem isto a Maria, mãe de Jesus. Pela Septuaginta, não se sabe nada disto. E nós conhecemos aquela imagem muito bonita onde Maria, a mãe de Jesus está com os pés em cima duma serpente, esmagando a cabeça da serpente. Isto foi tirado da Vulgata porque a Vulgata diz ‘ela’ em vez de ‘ele’- o descendente da mulher. Ele também não diz- esmagará a cabeça. Isto só pode  ser calcada sobre o Gênesis. Esta mulher que representa Maria, com os pés em cima duma serpente, esmagando-lhe a cabeça; quer dizer, pela Vulgata se supõe que a nova humanidade vai exterminar a velha humanidade.
Isto se supõe pelo texto da Vulgata que é um texto mais recente, que é do 3o século, mais ou menos. Mas pelo texto da Septuaginta que é 300 anos aC não consta que a nova humanidade vá exterminar a velha humanidade. As duas correm paralelas, uma à outra. Uma vigiando a outra. Quer dizer, a luta entre o bem e o mal vai continuar até o fim do mundo. Nunca o mal vai ser exterminado.
Por que não? Porque onde não há resistência não há evolução. Isto é do livro dos sábios de Princeton: “A Gnose de Princeton.” Aquele livro que apareceu em francês. Os sábios, os corifeus da era atômica, da Universidade de Princeton, escreveram um livro: “Gnoses” - conhecimento; onde eles dizem – deve haver luta entre o bem e o mal. Nunca deixará de haver luta. Porque se não houvesse luta não haveria evolução. Os bons haviam de parar, estagnar e não fariam mais nada. Se eles não tivessem resistência nos maus, os bons não chegariam ao termo de sua jornada.
Por isso, na parábola do joio e do trigo, o joio é necessário, porque se não houvesse joio, o trigo não se havia de desenvolver. Tanto o Gênesis, como o Evangelho, como este livro de Princeton, supõe a necessidade de uma luta permanente entre o bem e o mal. Porque o bem só faz sua evolução em face duma resistência. E onde não há luta, sofrimento e resistência, não há evolução. Isto já está no Gênesis. As duas humanidades irão até o fim dos tempos.
A humanidade da mulher que agora já é mulher convertida, não é mais a Eva derrotada, mas a Eva vitoriosa. A humanidade da mulher e a humanidade da serpente serão paralelas até o fim dos tempos. Quer dizer, aqui já está o elemento resistência. O elemento luta. Se tomarmos o texto grego que é muito mais autêntico do que o texto latino... muito mais antigo... porque o texto grego, como já expliquei em outra ocasião, foi calcado sobre o texto hebraico de Moisés...
Moisés viveu 1500 anos antes de Cristo e o texto grego foi feito 300 anos antes da era cristã, em Alexandria, na África; por 70 tradutores judeus. Judeus que conheciam perfeitamente a língua deles, o hebraico, e a língua grega, que naquele tempo dominava todo o mundo. Então eles traduziram o texto de Moisés para o grego. Esta nossa Septuaginta, quer dizer, 70. Setenta tradutores traduziram isto fidelissimamente. Não mudaram nada no texto hebraico, original.
Nós não temos o texto hebraico. Só temos o texto grego. E muito mais tarde veio o texto latino. De maneira que Moisés, repito, tem uma grandiosa visão da humanidade. Ele sabe que a humanidade no princípio vai ser derrotada pela serpente, pela animalidade e pela intelectualidade. Porque Eva, no princípio ainda representa a animalidade e a intelectualidade; mas que no fim haverá separação, não vitória e derrota, mas, separação. No fim talvez haja vitória da nova humanidade e  derrota da velha humanidade, mas isto não está no Gênesis. A visão vai até a separação.
Porei inimizade entre ti e a mulher, entre teu descendente e o descendente dela.” Mas os dois sempre andam paralelos, vigiando um ao outro. Nós estamos vendo. Até hoje assim aconteceu. Cada um é responsável pelo fato se ele pertence à nova humanidade que vai progredindo rumo ao espírito, ou, se ele permanece na velha humanidade que se contenta com as suas animalidades e intelectualidades, muito cômodas.
Isto, cada um tem que resolver por si. Mas, em resumo, esta visão de Moisés é uma visão grandiosa sobre a evolução da humanidade, na sua derrota, na sua separação e talvez finalmente na sua vitória. Não se sabe. Moisés não fala de uma vitória final. Só fala do paralelismo das duas humanidades.


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TRANSCRIÇÃO DA AULA 10 -  Tese filosófica sobre o homem


CURSO NOVA HUMANIDADE
Huberto Rohden 
Aula 10: Tese filosófica sobre o homem
31/05/1977


Agora vou explicar outra coisa. Há três teorias sobre a origem do homem, aqui neste planeta terra. Porque ninguém sabe donde nós viemos. Ninguém sabe. Nós somos um eterno mistério. Porque nós somos diferentes de todo o resto do planeta terra. Por um ponto, pela inteligência. O resto, não. O resto é a mesma coisa. Mas, como é que apareceu aqui um ser inteligente como nós, ninguém explicou até hoje. Eu vou explicar, a probabilidade; que são 3 teorias:
            1o – Teoria teológica
            2o – Hipótese científica
            3o – Tese filosófica
            Eu acho mais provável a tese filosófica da origem do homem, menos provável a hipótese cientifica. E nada provável a teoria teológica.
            Ultimamente apareceu uma 4a teoria, que é muito recente. Apareceu há poucos anos. Que nós não somos cidadãos da terra. Que nós somos imigrantes. Isto é daquele fantasioso escritor suíço Erich Von Däniken: “Eram os deuses astronautas” - “De volta às estrelas”.- aqueles livros foram best sellers durante muito tempo por uma editora daqui de São Paulo. Fizeram muito dinheiro, o autor e o diretor. Fizeram milhões. Mas, isto não nos interessa, os milhões. Interessa a probabilidade.
            Erich Von Däniken, aquele escritor suíço que agora desapareceu completamente. Ninguém mais fala nele. Ele esteve aqui em São Paulo, fez conferências no Clube Transatlântico. Eu assisti as conferencias dele, em alemão, mas agora ele desapareceu. Ele diz que o homem não nasceu aqui neste planeta terra. Ele foi importado de outros planetas do universo, muito mais avançado do que nós, é claro, onde já existia esta espécie de seres como nós. E os astronautas, os deuses eram astronautas, diz ele, vieram aqui com discos voadores, com outros aparelhos, e desembarcaram alguns homens aqui, e nós somos descendentes destes habitantes, que vieram de outros planetas.
            Isto é a fantasia de Erich Von Däniken, que alarmou o mundo inteiro com seus livros ultimamente. Mas, poucos anos depois, tudo silenciou. E, agora uma grande revista do rio acha que tudo isto é chantagem. Bem, não vamos falar disto aqui, porque não pode ser aceito cientificamente, o que seria a 4a teoria.
            Vamos falar das outras três teorias que já têm séculos e milênios. A mais antiga é a teoria teológica. A mais recente é a hipótese cientifica que começou no século passado com Charles Darwin. É a teoria darwinista. Vamos primeiro tratar da teoria teológica, que é da Bíblia. Aliás, a Bíblia não diz isto mais, a interpretação que nós costumamos dar do texto do Gênesis, originou esta teoria. A teoria teológica, então, em poucas palavras é o seguinte:
            Este mundo já estava povoado de muitos seres vivos; plantas e animais já existiam muito antes de nós, no 1o, no 2o, no 3o, no 4o, e no 5o período de creação; no yom, como dizem os hebreus, que nós traduzimos erradamente por dia. Yom, quer dizer período. Os seis yom da creação. Cada yom pode ter levado milhões de anos. Não eram dias, eram períodos cósmicos imensos. Vamos então traduzir que houve 6 períodos sucessivos de creação.
            E diz a Bíblia que no fim do 6o yom, no fim do 6o período, no último, no fim de tudo, os Elohim, as forças creadoras resolveram crear o homem. Então, a teologia diz que nós somos as últimas creaturas que apareceram aqui na terra. E as mais recentes, portanto. Mas, as mais importantes, porque temos alguma coisa que os outros não têm. Então, os teólogos entendem que no 6o período de creação Deus resolveu crear o homem, separadamente de todo o resto.
E segundo a teologia, o homem nada tem que ver com os animais, nem sequer o corpo veio dos animais. Muito menos o espírito é claro, mas que os Elohim, as divindades ou as forças creadoras resolveram fabricar de terra, de barro, um corpo especial, não um corpo animal, um corpo diferente. E, insuflaram neste boneco de barro o espírito de Deus. Isto é em poucas palavras, a teoria teológica até hoje. Isto não está no Gênesis, mas isto é uma interpretação que os teólogos dão destas palavras. Se isso fosse verdade, nós nunca poderíamos explicar porque é que o nosso corpo é inteiramente igual ao corpo dos mamíferos superiores, dos primatas, que são os mamíferos mais aperfeiçoados que tem neste planeta terra.
Os primatas! Ninguém explica a completa semelhança entre o corpo humano e os mamíferos superiores; porque se o nosso corpo não veio do animal, não se explica a identidade completa em todos os órgãos internos e externos do nosso corpo. Qualquer médico sabe disto. Todos os órgãos dos animais superiores estão em nós. Funcionam, do mesmo modo. Isto torna muito improvável a explicação que os teólogos dão, que o nosso corpo não veio dos animais, mas que foi fabricado especialmente para nós.
Então, Deus teria copiado um corpo animal; por que é que não fez um corpo muito mais perfeito, se nos queriam insuflar o espírito? Ele devia ter feito um corpo muito mais perfeito, que um corpo animal, porque o nosso corpo não é mais perfeito que o corpo animal. Alguns animais têm o corpo mais perfeito do que nós. Alguns animais têm os cinco sentidos muito mais aperfeiçoados. O olfato maravilhoso que cheira a distância  qualquer coisa; o nosso olfato está atrofiado, nós não cheiramos quase nada. O nosso olhar não é tão penetrante como o olhar das águias. O nosso ouvido não é tão aperfeiçoado como o ouvido de um cão de policia, e que outros animais noturnos sobretudo; ouve a grande distância o menor ruído. Nós não ouvimos a grande distância. O nosso ouvido não é muito perfeito. Os nossos olhos não são muito perfeitos. O nosso olfato está completamente atrofiado. Neste ponto nós somos inferiores aos próprios animais.
E o corpo? Se os Elohim quiseram dar um corpo perfeito nos deveriam ter dado outro corpo muito melhor. Esta teoria é muito improvável. O modo como os teólogos explicam. Em segundo lugar, no Apocalipse, que é o último livro da Bíblia está claramente declarado que o nosso corpo é do animal. Veio o animal do mar, diz o texto do Apocalipse, e foram lhe dados os dons do dragão. No Apocalipse, a serpente sempre é o dragão. O dragão e a serpente sempre representam a inteligência. Foram nos dados os dons da inteligência ao animal, está lá. No Apocalipse está claramente que era um animal vivo.
E Teilhard de Chardin, o grande cientista do nosso século também diz: “Nós passamos através da biosfera e chegamos até a noosfera e vamos chegar futuramente até a logosfera.” Primeiro vem a hilosfera da matéria, depois vem a biosfera da vida animal, e agora estamos na noosfera da inteligência e futuramente chegaremos até a logosfera da razão. Este é o itinerário evolutivo de um dos grandes cientistas no nosso século, que também era teólogo. Pois era sacerdote da ordem dos jesuítas, Teilhard de Chardin. Ele admite tranqüilamente que nós viemos da biosfera, que é o animal, chegamos até a noosfera que estamos nós atualmente, inteligência; e que vamos chegar futuramente até a logosfera da razão espiritual.
Quer dizer, a teoria teológica não pode ser defendida em pleno século XX, em que nós queremos coisa muito mais séria e não coisa mitológica. Isto é uma teoria quase mitológica, que Deus teria feito uma sessão especial lá no céu para decretar que ele ia crear uma entidade muito mais perfeita que o animal, mas não nos deu um corpo mais perfeito do que o animal. Em muitos pontos, até menos perfeito; nos deu uma coisa, por enquanto, o que nos distingue do animal é unicamente a inteligência. No resto nós não mudamos nada.
 A inteligência é do pescoço para cima, quer dizer, a nossa única coisa diferente do animal é do pescoço para cima; do pescoço para baixo, nós não mudamos nada. O nosso andar ereto, é verdade, começou com a inteligência. Quando nós recebemos inteligência nós não podíamos mais andar horizontalmente como o animal, porque a nossa cabeça é a nossa grande antena. A nossa principal antena é o cérebro. Está ligado à coluna vertebral que também é uma antena. Cérebro e coluna vertebral são as nossas antenas. Toda a nossa consciência passa através da coluna vertebral, onde estão uns feixes de nervos e termina no cérebro.
E uma antena tem que estar em posição vertical e não deve estar em posição horizontal., porque horizontal é o animal que funciona entre os dois pólos. Entre o pólo norte e o pólo sul onde tem as ondas elétricas. Ondas magnéticas, que vão de norte a sul. As ondas magnéticas. Mas, nós precisamos mais do que ondas magnéticas. Nós precisamos receber ondas mentais e espirituais. Por isso a nossa cabeça voltou para cima. Isto foi uma necessidade da nossa evolução intelectual. Virar a nossa antena para cima.
Vocês sabem que a planta está virada de cabeça para baixo. As raízes da planta são a cabeça da planta. Elas se nutrem pelas raízes. Toda nutrição da planta vem da terra. Por isso nós temos que plantar uma árvore com as raízes debaixo da terra, porque ela tira da terra o seu alimento. Evidentemente, as raízes da planta são a cabeça da planta. Ela está invertida. Ela está de cabeça para baixo, e os órgãos de reprodução da planta são as flores. As flores estão para cima, porque são os órgãos de reprodução. Sem flores nenhuma planta se reproduz. As flores dão sementes e a semente reproduz a planta. Quer dizer, a planta é exatamente vertical invertida. Vertical de cabeça para baixo e o resto para cima.
O animal fez isto. Ele está com a coluna vertical em linha horizontal, geralmente porque ele precisa das irradiações da terra. Nós voltamos a cabeça para cima e somos o único ser que anda de cabeça para cima. E a coluna vertebral para cima também. E não é só a nossa cabeça que é para cima, a coluna vertebral é para cima. Esta, a nossa perfeição. Mas, pergunta-se se a inteligência nos melhorou, ou não? Bem, nos melhorou intelectualmente, mas não nos melhorou moralmente, nem espiritualmente. Humanamente, não melhorou. Pela inteligência nós exploramos nossos semelhantes. A inteligência explora o mais possível a seu favor, os outros. Quer dizer, a inteligência é terrivelmente exploradora.
Possessividade -nós pela inteligência queremos apoderar-nos de tudo. Quanto mais, tanto melhor. Tiramos dos outros e damos para nós, egoístas que somos. A inteligência é terrivelmente exploradora, terrivelmente egoísta e terrivelmente agressiva. Nós agredimos nossos semelhantes sem necessidade nenhuma. Quando o animal agride outros animais é porque está com fome. Porque o animal só se defende ou só agride os outros quando está com fome. Ou defende a sua ninhada, os seus filhotes.
E nós, fazemos o mesmo? Nós não matamos milhares e milhares, brincando. Nestas últimas guerras...  Na última guerra, só Hitler matou mais de 6 milhões de inocentes. Não soldados, homens indefesos. Estavam tranqüilamente nas suas casas. Só porque eram de outra raça. Veja que coisa faz a inteligência: possessividade, agressividade... Horrível!
Quando Schweitzer estava na África durante a primeira guerra mundial do Kaiser;  Schweitzer estava na África , o grande Schweitzer, e as tribos africanas estavam em território francês (e ele também estava em território francês) foram convocadas à guerra pela França, contra a Alemanha. E os negros contaram a Schweitzer: “Sabe Dr. Já morreram 10 da nossa tribo.” E Schweitzer diz “Vocês pensam que são só 10? Já morreram milhares. Não da vossa tribo, mas de outra. Milhões já morreram.”  E os africanos disseram: “Mas, será que os europeus têm tanta fome?”
Schweitzer diz: “Não, eles não comem os mortos”. “Ah” disseram, “quando nós matamos alguém é para comer, então eles matam e nem comem, são muito piores do que nós”. Filosofia dos negros! Matar, quando está com muita fome, ainda se explica, porque animal faz isto. Mas matar e deixar apodrecer lá no campo de Batalha... “Estes são muito piores do que nós, os europeus. Graças a Deus que somos melhores do que eles”. E Schweitzer conta isto no livro dele.
Isto vem de nossa querida inteligência. Matamos milhares e milhões, por bobagem; na última guerra mundial mais de 100 milhões de inocentes, não soldados, de inocentes, homens, mulheres e crianças que não estavam em guerra. Quer dizer que a nossa inteligência é terrivelmente agressiva. Mata a torto e a direito. Nenhum animal faz isto. Quer dizer que a nossa inteligência não nos melhorou. Humanamente nós não ficamos melhores, por causa da inteligência. Inteligência é uma coisa muito unilateral.
E na sexualidade, a inteligência não nos piorou? Nenhum animal é  tão libidinoso como os homens. Os animais têm o seu período de cio. Geralmente na primavera de cada ano como Walt Disney mostra naqueles filmes sobre as focas. Durante  a primavera de cada ano, os focas moram numa ilha e as focas moram na outra ilha. Então Walt Disney conta: “Na primavera de cada ano os focas visitam as focas durante 3 meses. Fazem a sua procriação e voltam para sua ilha tranqüilamente, para o resto do ano. Nem se importam mais com suas fêmeas aí.” Para o outro ano repete a mesma coisa. Isto é do mundo selvagem dos animais. Sexualidade controlada. Conforme as necessidades da espécie.
Que os homens fazem? Os homens civilizados vivem no cio sexual 360 dias por ano. Os animais, 3 meses por ano. Melhorou muito? E os animais só usam o sexo para procriação. Não usam sexo para luxúria sexual, para libido. Mas, muitos homens, e provavelmente mulheres também, praticam libido o ano inteiro sem nenhuma intenção de procriação. Quer dizer, a inteligência hipertrofiou a própria sexualidade.
E as doenças? O animal selvagem não tem doenças. O animal doméstico tem, porque já foi contaminado por nós. O animal selvagem praticamente não tem doenças. O animal doméstico também tem doenças. Por que? Porque o animal doméstico vive num ambiente completamente desnatural. Imaginem! Pastos, estábulos e até gaiolas não são ambientes desnaturais para o animal? O ambiente natural para o animal é a natureza, mas não é um curral. Não é um pasto cercado. Não é um estábulo.
Quer dizer, nós adulteramos o organismo do animal; quando domesticamos o animal está fora do seu ambiente natural. E que comida nós damos ao animal doméstico? Completamente desnatural. Nós fabricamos rações que a natureza não dá, mas, que nós inventamos. Porque inventamos rações artificiais? Para a nossa ganância, e nosso egoísmo. Uma vaca que vive selvagem no mato, precisa dar 5 litros de leite para o seu bezerrinho. 5 litros por dia dá perfeitamente para alimentar o bebê. As nossas vacas têm obrigação de dar 30 l. Vaca holandesa tem que dar 30 l de leite. Não, para o bezerro, para o nosso egoísmo. Assim, naturalmente o organismo da vaca fica completamente adulterado; porque nós a obrigamos com certas rações a falsificar o seu organismo, para nosso proveito.
E as galinhas? Uma ave natural põe 5 ovos por ano. Quase nenhuma ave põe mais de 5 ovos por ano. As nossas galinhas têm obrigação de pôr 200 ovos por ano, para nós vendermos. Nós lhe damos rações tão artificiais que hipertrofiam os ovários da galinha e a galinha queira ou não queira, tem que pôr ovos, não fecundados, ovos estéreis, não galados. Assim somos nós a nossa inteligência é terrivelmente egoísta. Falsifica a natureza. E como os animais vivem em nossa vizinhança e nós já falsificamos o nosso organismo, as nossas auras e vibrações criam doenças para os próprios animais domésticos.
Quer dizer, a nossa inteligência não foi um benefício universal para a humanidade. Deu muitas vantagens unilaterais, mas, não melhorou universalmente o organismo humano. Em muitos pontos, a inteligência nos piorou... nos piorou no sexo, na possessividade, nos piorou na agressividade, nos piorou nas doenças, nas enfermidades. Porque nós só melhoramos da cabeça, do pescoço para cima. Só este pedacinho é melhor do que os animais. O resto ficou tudo pior.
Bem, agora vamos a outra teoria. Aliás, nem é uma teoria, é uma hipótese científica. Pseudocientífica, talvez. A hipótese científica diz: “O homem não veio de Deus, nem o seu espírito, nem o seu corpo. O homem veio integralmente do animal. O animal através de milhares e milhões de anos se foi aperfeiçoando, mas no princípio, nós éramos simples animais. Nada mais, nada de inteligência. Pouco a pouco, criamos, transformamos o instinto em inteligência, muito primitiva. Do tempo dos trogloditas, aí não havia muita diferença entre instinto e inteligência. Pouco a pouco a nossa inteligência foi aperfeiçoando, porque via vantagem de seu aperfeiçoamento. Porque é vantajoso, a gente ser inteligente, porque pode derrotar os outros, pode explorar os outros, e quem não tem muita inteligência não tem muita capacidade para exploração e para se apoderar das coisas dos outros. Então, o homem aperfeiçoa a sua inteligência porque viu a necessidade de derrotar seus colegas mais atrasados”.
Assim, os darwinistas explicam o crescimento paulatino da inteligência até hoje. Nós usamos a inteligência quase exclusivamente para derrotarmos os outros, para criarmos soberanias sobre os outros e para nos apoderarmos das coisas que são dos outros. Ganância e egoísmo são as molas reais da nossa inteligência, até hoje. Legalmente organizado, porque a lei não exige uma exploração indefinida, mas controla a exploração dentro de certo limite. A lei põe certos limites. Você pode fazer isto com sua inteligência, mas não pode fazer aquilo. Quer dizer, a lei é o freio legal para a exploração, para o egoísmo e para a ganância, mas ela permite muitas coisas que para o animal não seria permitido.
Mas, o argumento principal contra a teoria darwinista é o seguinte: O darwinismo científico diz: o homem foi causado pelo animal. O homem é um efeito e o animal é a causa, porque a ciência darwinista não aceita nada fora das leis físicas. Não aceita creação, só aceita evolução. A creação é um mito para eles. A creação é uma crença, mas não é uma ciência, que se pode provar. Então, o principal argumento que nós aduzimos contra o darwinismo científico é o seguinte: ele é contra a lógica e contra a matemática. Não vamos falar de religião, porque isto é perigoso. Porque eles não aceitam tal coisa como a religião, mas, ninguém pode deixar de aceitar a lógica e a matemática. Todos têm que viver dentro da lógica e dentro da matemática.
E a lógica e a matemática dizem o seguinte: Nenhum efeito pode ser maior que sua causa. Isto é tese absolutamente certa da matemática. Não há efeito maior que sua causa. A lógica é a mesma coisa que a matemática. Matemática e lógica são a mesma coisa. Podemos usar uma palavra pela outra. Não há nenhum efeito maior que sua causa. Se a causa é 10, o efeito não pode ser maior que 10. Se a causa é 20, o efeito não pode ser maior que 20. Pode ser menor, mas não pode ser maior. Se a causa é 50, o efeito não pode ser maior que 50. Isto é pura matemática. Pura lógica.
E agora? Todo mundo admite que o homem é mais perfeito que o animal, principalmente por causa da inteligência. Não tanto no corpo, mas na inteligência. E os darwinistas também admitem que eles, os darwinistas são mais inteligentes que qualquer animal. Isto ninguém nega, porque nenhum animal ainda conseguiu fazer o que nós temos feito pela inteligência. Nenhum animal do mundo nunca vai fazer isto.
Agora, vamos dar ao homem perfeição 100 e vamos dar ao mais perfeito dos animais, perfeição 50. Os números são arbitrários, mas vamos fazer este jogo, então vamos dizer que o homem é na média, perfeito grau 100. e o mais perfeito dos animais, com instinto apurado, não é mais que 50, porque ele não está na altura da nossa inteligência. Nenhum animal. Nunca existiu. E agora? Estamos fora da matemática porque estabelecemos um efeito 100 e uma causa 50. Se aceitamos que o homem é o efeito e o animal é a causa.

2a parte

Potencialidade. Que é potencialidade? No animal existia a potencialidade de produzir o homem e através de milhões e milhões de anos, a potencialidade animal que era 50 vamos dizer, desenvolveu-se na potencialidade hominal 100. Quer dizer, a potencialidade pequena produziu uma potencialidade grande. Isto está nos livros escolares, está nos livros dos colégios, está nos livros de universidades; que pela potencialidade, uma potencialidade pequena se pode desenvolver para uma potencialidade grande através de longos períodos evolutivos. Não vai tão depressa. E quase todo mundo científico aceitou esta camuflagem. É uma camuflagem. Por que uma camuflagem? Porque nunca uma potencialidade maior está dentro de uma potencialidade menor.
Isto é a morte da lógica e a morte da matemática, aceitar isto. O maior nunca cabe no menor. Nunca se viu isto no mundo inteiro. Se vocês têm um recipiente de 1 litro, e ao lado tem uma tonelada que são 1000 litros, eu quero ver de que modo vocês vão pôr a tonelada de água dentro dum litro. Mas, o litro não pode expandir-se para caber 1000 litros. Mas, os darwinistas admitem isto. A potencialidade animal era apenas, vamos dizer, como se fosse 1 litro, e a potencialidade do homem é agora 1000 litros, uma tonelada. E como é que a tonelada veio do litro? Nunca ninguém explicou isto.
Não adianta recorrer a palavras misteriosas, evolução, potencialidade, porque são camuflagens. Na realidade não existe tal possibilidade. Uma vez eu expliquei isto. E um aluno muito inteligente, foi lá nos Estados Unidos, em Washington, onde eu dava aulas na universidade. E o aluno disse: Escute, Professor, o senhor diz que, uma causa menor não pode produzir um efeito maior. O animal que é uma causa menor não podia produzir o homem que é um efeito maior, mas eu provo, que uma causa menor pode produzir o homem que é um efeito maior. E todo mundo ficou atento a ver como ele me ia refutar.
Ele disse: “Aí tem um coqueiro de 20 m de altura, qual foi a causa deste coqueiro? Foi um coquinho pequenino assim, desse tamanho. Aí está uma causa muito pequenina assim, e durante muitos anos ele deu este coqueiro. Ninguém pode negar que um coqueiro é maior do que um coco. E uma nogueira é maior do que uma noz. E até que um pé de milho é maior do que um grão de milho. Todo mundo sabe disto. Então está provado que uma causa menor pode produzir um efeito maior. Isto aconteceu na humanidade. O coco é semelhante, comparável ao animal e o homem é comparável ao coqueiro. Por que isto não pode ser? A natureza faz isto todos os dias. Por que ela não fez isto com o homem?”
            Todo mundo ficou estupefato, porque eles me julgaram completamente derrotado. Eu disse: “Escute, você faça o favor de pegar o seu coco e colocar aqui na mesa, e espere 100 anos para ver se dá coqueiro. Não vai dar.. Ué! Mas se a causa está aqui por que não aparece o efeito?” Ele não sabia o que responder. Eu disse: “Não é verdade que o coco é  a causa do coqueiro. Não é verdade, é pura ilusão. Porque se isto for verdade, você podia pôr o coquinho lá na mesa e depois de algum tempo dava um coqueiro. É claro que nunca dá coqueiro. Nunca, nunca vai dar. Falta o principal. A coisa secundaria está aqui. A coisa principal não está aqui.” Então eu expliquei: “Qualquer  semente, seja um coco, seja uma noz, seja um grão de milho, seja um grão de arroz ou feijão são condições mas não são causas de planta.”
 Pela primeira vez eles ouviam isto. A semente não é causa da futura planta. Ela é uma condição, mas não uma causa. E quiseram saber o que era condição. Vamos dizer, condição é uma espécie de canal. E causa é uma fonte. Se você tem canais e não tem fonte, nunca vai ter água nos canais. Porque nós não podemos fabricar água. O melhor dos engenheiros não pode fabricar uma fonte. A natureza faz as fontes. Os engenheiros fazem os canais, mas, se o engenheiro não tem uma fonte, não adianta fazer encanamentos, nem de ouro; não vai produzir água. Nós vamos ter encanamentos eternamente vazios.
Então, a semente, seja  coco, seja outra coisa, são canais , são encanamentos da natureza, ou condições como nós dizemos na filosofia. Condição é um canal, causa é uma fonte. E agora, onde está a causa do coqueiro? Se o coco é apenas uma condição, um canal, um veículo, e onde é que está a fonte? Eu disse: -Você tira este coco da mesa e põe no fundo da terra úmida. E daí algum tempo, vai aparecer um coqueiro. E vai ficar grande. E o que aconteceu? Na terra ele está em contato com as infinitas potências da natureza, que são água e luz. Água e luz são causa de uma planta. Se uma semente não tem umidade, água, vai secar e morrer. Se só tem água, mas não tem sol, vai apodrecer. Sem água e com sol vai ficar seca, e com água sem sol vai apodrecer. Mas, se ele tem duas coisas, água da terra e sol do espaço, então ele tem as causas necessárias para dar um coqueiro.
Aqui tem duas causas. Água e luz, sempre são necessárias para qualquer planta. Não existe possibilidade de crescimento. Podia ser inicial, mas por muito tempo, não. Por 100 anos não dá. Então precisamos das causas que são as potências da natureza. Água e sol são causas cósmicas que produzem a planta, mas, precisam dum canal. Precisam duma condição que é a semente. Se não existe semente, água e luz não produzem a planta, mas, se existe a semente e ao mesmo tempo água e luz, então aparece a planta.
Eu disse: - O senhor está enganado pensando que a semente seja a causa da planta. A semente é uma condição. Condição é um fator externo. Causa é um fator interno. Sem o fator interno, causa, a condição externa, semente não funciona. Isto acontece em toda natureza. O ovo e uma ave -parece que o ovo é a causa da ave. Parece, mas não é verdade. Se vocês têm um ovo, um ovo fecundado e põem um ovo aqui na mesa, vai sair um pintinho? Nunca vai sair pintinho deste ovo. Mas, se o ovo é a causa do pintinho e da ave, porque não sai? Falta a causa. Está aqui a condição, não está aqui a causa. E a condição, o que é? Água e luz.
Vocês vão a uma incubadeira elétrica por aí, nas granjas, que produzem milhares e milhões de pintinhos. O que está nesta incubadeira das granjas? Água e calor. Eles põem luz elétrica lá dentro, mantêm uma temperatura de 39o mais ou menos. Eu já fiz isto quando eu tinha sítio lá no Rio de Janeiro, antigamente. Eu fiz uma incubadeira muito pequena, para uma dúzia de ovos. E os caipiras diziam: - Imaginem! Este homem quer produzir pintinhos, sem choca. Faz uma caixa e diz que vai produzir pintinhos numa caixa.
Esperem 21 dias porque um ovo precisa de 21 dias para produzir. Eu pus luz elétrica de 39o lá dentro, permanente, e água. É importante água, sem água não dá. Morre tudo, porque a casca do ovo é porosa. Ela absorve a umidade do ar para não ressecar o germe que está dentro do ovo. Se não tem água resseca, morre o germe e não dá nada. Vocês põem uma tigela de água na incubadeira; basta uma tigela ou um pano úmido, renovando cada dia a umidade, e mantendo a temperatura de 39o permanente. Calor e água, em 21 dias, qualquer ovo galado sai um pintinho vivo; mas, a causa foi, a umidade e o calor. E a condição foi o ovo. Em toda natureza é assim.
É preciso que haja duas coisas. A causa e a condição. A causa funciona através da condição, como a fonte funciona através dos encanamentos. Se há só encanamento, nunca vai dar água. Pode haver água sem encanamento, mas encanamento sem fonte não dá nada. A causa, às vezes, funciona mesmo sem condições, em casos fora da natureza, mas, não dentro da natureza.
Então, aplicando isto ao nosso caso. O animal pode ser uma condição para o aparecimento do homem. Pode ser um canal, pode ser um veículo. O animal não pode ser uma causa, porque  no homem há uma coisa que o animal não tem. Inteligência. Nenhum instinto se desenvolve, inteligência por si só. Se, para além das potencialidades do animal e do homem, para além dos 50 do animal e dos 100 do homem, não existe uma potência para canalizar as potencialidades do animal 50 e as potencialidades do homem 100; isto não funciona. Portanto, potencialidade sem potência não existe.
Onde está a potência? A potência não está no animal, a potência também não está no homem. A potência está no infinito. A potência é a alma do universo. Spinoza chama isto a alma do Universo. A alma do Universo produz os corpos do Universo. A alma produz planta, a alma produz animais. A alma do Universo produz homens, mas, se não existe esta fonte, esta potência que alguns chamam alma do Universo e que as religiões chamam Deus, mas, no sentido verdadeiro. Não no Deus pessoa. Não no Deus papai-noel. Este não vai produzir nada. Mas, se existe a potência da natureza que é infinitamente grande (a potência da natureza, a alma do Universo é infinita), ela pode produzir qualquer creatura, servindo-se de potencialidade menor para canalizar potencialidades maiores.
Esta é a única explicação. E agora já não estamos na ciência. Se eu falo de evolução, estamos na ciência. Se eu passo da evolução para a creação, estamos fora da ciência, porque a ciência não sabe nada de creação. De criação, ela sabe, mas não sabe nada de creação.
Eu sei que a nossa ortografia oficial aboliu a palavra creação, que é palavra latina e substitui pela palavra criação que é um neologismo moderno; mas, na filosofia nós temos que introduzir outra vez a palavra creação.  Creação é a transição do infinito para o finito. Isto é creação. Criação é evolução. A transição de um finito para outro finito se chama evolução. Geralmente de um finito menor para um finito maior...Isto é evolução. Que também se pode chamar criação, mas, não creação. Não dá. É uma diferença infinita entre creação e evolução. Evolução é a transição de uma criatura finita para outra criatura finita, talvez maior. Isto é evolução, mas, creação é a transição do creador para a creatura. Quer dizer creador, creatura é linha vertical. Uma linha horizontal é evolução, de uma creatura para outra creatura.

         

Então, na filosofia, nós temos que distinguir nitidamente crear e criar. Eu  uso geralmente a palavra evolução, em vez de criação. Porque assim não há confusão. Mas, como a nossa ortografia foi feita para escola de alfabetização, porque metade do Brasil, é analfabeta; é claro que os poderes públicos deviam fazer o possível para alfabetizar os analfabetos e para dificultar o menos possível. Se nós exigimos dum analfabeto alfabetizando, que faça distinção entre crear e criar, ele entra na confusão. Porque ele diz: isto puxa muito pela idéia, como pensa o caipira. “Isto puxa muito pela idéia”.
            Vamos escrever tudo igual, isto é para facilitar a alfabetização, é claro, é justo. Fizeram muito bem. Mas, nós não podemos introduzir isto na zona Universitária, onde nós temos que fazer nítida distinção entre uma idéia e outra idéia. Entre a idéia vertical →  horizontal que é creação, e outra idéia,  horizontal → horizontal, que é evolução.
            A ciência só conhece evolução. A filosofia conhece evolução e creação. A única explicação exata que nós podemos dar da origem do homem é afirmar creação e evolução junta. A teologia não gosta muito da palavra evolução. Termo assim meio materialista, tal e qual. Então, a teologia insiste na creação. O homem foi creado... e não tem nada de evolução. A ciência não gosta da creação, mas gosta muito da evolução. Eles dizem: “nós somos evolucionistas”.
            Nós na filosofia, não podemos ficar, só com a teologia da creação, nem só com a ciência da evolução. Nós temos que fazer a síntese entre creação e evolução. É a única coisa certa que temos que fazer. Na filosofia, nós dizemos: “É evidente que todo o finito veio do infinito, isto ninguém pode negar. O finito não começou com o finito. O finito começou com o infinito. O finito é uma manifestação parcial do infinito. Isto é lógico. Isto é matemático”.
 O primeiro passo da filosofia então é: o início do homem é creação. Agora, a evolução do homem é outra coisa. Depois de creado ele continua na evolução. Evolução é uma continuação ascensional. Creação é um princípio. Filosofia necessita de duas coisas: A transição do infinito para o finito e o aperfeiçoamento do finito menor para um finito maior. Com estas duas bases nós podemos aceitar perfeitamente a origem do homem como de todas as coisas, aliás, não só do homem, é do infinito. A fonte está no infinito. Os canais estão no finito, os canais são a evolução; a fonte é a creação.

Juntando creação com evolução nós podemos defender perfeitamente a origem do homem. Todo finito veio do infinito, mas, todos os finitos fluem através de outros finitos. Assim é evidente que o nosso corpo fluiu através de outros corpos orgânicos. Finito para um finito maior. Mas, seja qual for o organismo, seja qual for a creatura, toda creatura finita necessita duma fonte; porque, se eu não tenho fonte e apenas canais, os canais não funcionam. Serão eternamente vazios. Eu preciso tanto duma fonte infinita, como também de canais finitos.

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TRANSCRIÇÃO DA AULA 15 -   Acrobacia mental


CURSO NOVA HUMANIDADE
Huberto Rohden 
Aula 15: Acrobacia mental
16/08/1977


Vamos subir todos à estratosfera do pensamento.
Vocês estão prontos para voar alto? Preparem-se, com suas máscaras de oxigênio, que lá tem pouco ar.
            A coisa mais difícil em toda filosofia, sobretudo na filosofia Univérsica, é uma coisa ou duas. Ver a unidade em toda a pluralidade. É um problema. Ver o monismo absoluto no pluralismo relativo. Vamos dizer assim: ver o monismo, a unidade, monos quer dizer um em grego. Monismo é unidade. Ver a essência única nas existências múltiplas. Se alguém é capaz disto, que é a maior acrobacia mental que se pode imaginar; quem não consegue isto vai rastejando eternamente e ciscando aí como as galinhas, mas não vai voar como as águias. Pode ciscar no galinheiro mas não vai voar. Mas se alguém consegue compreender a unidade em toda a pluralidade, ou o monismo absoluto, como nós diríamos, então todo o resto é café pequeno. Todo o resto é fácil na filosofia , mas isto é realmente difícil.
 Então, eu estou usando desenhos para concretizar um pouco esta coisa abstrata, que a realidade é terrivelmente abstrata. As facticidades são concretas. Mas nós estamos habituados as facticidades, aos fatos. Os sentidos só percebem os fatos. A inteligência só analisa os fatos. Mas nós não podemos chegar à realidade, pelos sentidos, nem pela inteligência. Como é que vamos chegar lá? Só pela intuição. Mas a intuição não está desenvolvida na maior parte das pessoas. A intuição existe em cada um de nós, mas é uma criança nascitura, que ainda não nasceu. É uma criança em gestação. É preciso fazer nascer esta criança da intuição cósmica.
            Bem, pela meditação a gente favorece um pouco o nascimento desta criancinha em gestação: a intuição cósmica. Somente pela intuição cósmica vocês podem ver a unidade da essência na pluralidade de todas as existências. É fácil dizer isto, mas não é fácil realizar.



Então, eu fiz estes desenhos aqui. Aqui, jogando com a cruz e o círculo. Vamos usar a cruz como essência e vamos usar o círculo como existência. Aqui fiz o diagrama do monismo. Aqui há uma única essência e uma porção de existências ao redor. Isto é a essência, a unidade. E isto são as existências, as pluralidades, em diversas cores. Aqui tem uma existência muito pequena, aqui uma maior, maior... isto são as creaturas. Isto é o creador. Isto são as existências finitas, isto é a essência infinita.
            É fácil dizer isto, mas não é fácil ter a experiência, porque os nossos sentidos não sabem nada da essência. Para os nossos sentidos a essência é um puro nada, quando é a própria realidade. Os nossos sentidos não podem perceber a realidade, a essência. Os nossos sentidos só percebem as existências, as facticidades, as coisas concretas. Pelos sentidos nós só percebemos  coisas concretas. Mesmo pela inteligência nós não chegamos até lá.
            Ela pára a meio caminho, vai mais longe do que os sentidos, mas ela não vai até o fim, porque ela está baseada nos sentidos. Não há inteligência onde não há sentidos. Toda inteligência está baseada nos 5 sentidos. Então, quando nós só trabalhamos com a inteligência e com os 5 sentidos, nós nada sabemos da realidade. Nós confundimos as facticidades com a realidade e dizemos que isto é real, aquilo é real. Tudo isto é bobagem. Na filosofia  isto é heresia pura. Nós não sabemos nada da realidade. A não ser por uma intuição cósmica. A intuição cósmica vai infinitamente além dos sentidos, e além da mente.
            Além dos sentidos e além da mente começa a funcionar a intuição cósmica que sabe da realidade. Na mística se chama a Realidade, Deus. E esta experiência se chama consciência cósmica. A intuição, que chamamos na filosofia, em termos religiosos se chama isto consciência cósmica. Mas a consciência cósmica não é dos sentidos, e não é da inteligência, e vocês nunca vão chegar até a consciência cósmica pelos sentidos, nem pela inteligência. Só esvaziando-se completamente do conteúdo dos sentidos e também do conteúdo da mente. Sentidos e pensamentos ultrapassados, aí vocês vão ter experiência da realidade, antes, não.
            Agora fiz outros desenhos aqui. Aqui em cima pus a realidade (essência) isolada, mas isto de fato não existe. Não existe nenhuma essência sem existência. Aqui eu pus a existência isolada. Também não existe. Isto é pura fantasia.


 Vocês imaginem agora, esta cruz preta, a essência, a realidade, a Divindade, praticamente, Brahman Tao yahve, isto é a realidade. Mas  isto não é objeto dos sentidos. Isto é da intuição cósmica. Isto é da experiência mística, dizem os outros. Mas é a mesma coisa.  Nós nada sabemos de Deus a não ser pela experiência mística, ou pela intuição cósmica. O que nós sabemos é isto aqui. São as existências. Muitas existências. As existências são milhões e milhões. Tem existências no mundo mineral, no mundo vegetal, no mundo animal e há existências no mundo hominal. Tudo isto é existência, existencialidade. Isto nós vemos todos os dias (a existência). Mas, a existência não existe neste vácuo aqui . A existência só existe assim, com a essência dentro. Porque eu pus uma essência tão pequenina lá dentro? É para dizer que nós não temos consciência disto. Por isso eu pus tão pequenino, quase invisível.
Nós temos consciência só disto. Os sentidos nos falam disto  e a inteligência analisa isto (as existências). Existências minerais, existências vegetais, existências animais, existências hominais são objetos dos sentidos e da nossa mente, mas, disto nós não temos consciência. A não ser pela intuição cósmica ou experiência mística, mas existe. Dentro de cada existência está a essência. Em outras palavras, dentro de cada creatura está o creador. Isto é uma creatura. Isto é o creador, mas para mim este creador é inconsciente.
Há poucos anos atrás eu tive lá no antigo sítio, ainda estava na beira da estrada, não lá onde está o Ashram agora, quando ainda era meu o sítio, eu não tinha dado para a Alvorada. Eu tive a visita de 2 estudantes luteranos dos Estados Unidos, que estudavam em Campinas que fica perto. Estudavam teologia para converter o Brasil. E foram visitar-me lá no meu sítio. E falamos muito em filosofia. E chegamos também a isto, que Deus está presente em todas as creaturas.
-O que? Disseram os dois, Deus está presente nas creaturas? Deus está no céu. Deus não está aqui não. Eram completamente ignorantes em matéria de filosofia. E acham que Deus mora do outro lado da via Láctea, e nunca esteve aqui e não está presente na terra, segundo eles.
Eu disse:- Mas Deus está onipresente, Deus é isto aqui. Está onipresente em qualquer lugar e em qualquer creatura.
-Em qualquer creatura? Ele pegou uma flor e disse: Deus está nesta flor?
-Está.
-Mas que bobagem, como é que Deus pode caber numa flor assim.Outro pegou uma pedra e disse:
-Deus está dentro desta pedra? Eu disse:
-Sim senhor.
-Mas que heresia! Dizer que Deus está dentro de uma pedra. Quebrando a pedra a gente não vai achar Deus.
Eles disseram tanta bobagem! Lá da teologia dogmática deles; eles estavam habituados a uma certa teologia muita atrasada, muito medieval. Então, alguém disse:
-E o Sr. acha que Deus também está presente nesta aranha que está aí?
-Também está.
-Imagine, que blasfêmia dizer que Deus está numa aranha. E Deus está nesta barata aqui?
-Está.   
 -Outra blasfêmia! e Deus está até no inferno?.
-Também está.
            -Meu Deus, agora acabou tudo. E Deus está no Diabo também?
            -Está em tudo.  Se ele está onipresente, não pode estar ausente de nenhum lugar. Vocês admitem onipresença de Deus ou não?
             -Admitimos.
-Está bem, em palavras, vocês admitem. Na realidade vocês negam. Porque se Deus está ausente desta pedra, já tem um buraco lá, um buraco da presença dele. Está esburacada a presença dele. E se Deus está ausente duma barata, ausente duma aranha e ausente duma galinha e ausente de um porco, então Deus não está onipresente. Porque vocês estão dizendo que está onipresente.
Eles não podiam compreender o monismo absoluto, a onipresença da essência na pluralidade das existências. É difícil para o analfabeto filosófico. E, por natureza todos nós somos filosoficamente analfabetos, embora sejamos doutores nisto, doutores naquilo. Eles nunca chegaram a compreender que Deus podia  estar presente em qualquer creatura. Eles pensam que a gente quebrando aquela creatura devia achar Deus lá dentro. Está encaixado lá dentro, eles pensam. Mas isto não é verdade.
Eu fui além com estes dois estudantes de teologia luterana lá de Campinas. Disse:
-Eu vou dizer mais ainda. Deus não está presente na pedra. Deus é a própria pedra, em forma de pedra.
-Mas isto, disseram, é panteísmo puro.
É pena que naquele tempo eu não tinha ainda o livro de Joel Goldsmith. “A arte de curar pelo espírito”. Leiam com atenção para ver quanto ele insiste na unidade da realidade. O poder único, ele chama aquilo. E ele curou todos os doentes durante trinta e tantos anos pela consciência da presença de Deus em tudo. Em tudo, não só em nós. Também nas plantas, também nas pedras. Então, Joel Goldsmith em seu livro diz:
Eu tomo nas mãos uma planta e digo, isto é Deus, com aparências de planta. Eu tomo na mão uma pedra e digo, isto é Deus em forma duma pedra. A essência é Deus, a existência é pedra. A essência é Deus e a existência é uma planta. Em mim, a essência é Deus e a existência é esta pessoa humana.
Isto Goldsmith diz lá no seu livro. É um ótimo tratado de filosofia monista, este livro de Joel Goldsmith;  porque ele tem uma certeza absoluta da onipresença de Deus. Seja aonde for, a essência está presente em todas as existências.
Nós não devíamos dizer, a essência está presente em todas as existências. Nós devíamos dizer, todas as existências são a própria essência. Isto estaria certo. Todas as existências, todas as creaturas são a própria essência divina, mas não é visível para nós. Então eu fiz estes desenhos.


Aqui há uma existência, uma creatura visível e para nós, isto aqui é invisível. Aqui eu fiz a mesma creatura e com uma consciência muito grande. Aqui alguém já descobriu que a essência que estava latente está manifesta aqui. Isto é uma transição da ignorância para a sapiência. Se alguém chega a este ponto de poder dizer;  eu vejo Deus, dentro desta creatura. Eu vejo a essência divina dentro da existência  duma pedra. Eu vejo a essência divina na existência duma planta. Eu vejo a essência divina na existência dum animal. Eu vejo a essência divina na existência dum homem”, já entrou num monismo absoluto.
Foi o grande privilégio de Francisco de Assis. Nunca estudou filosofia, no século XIII. Mas ele por natureza tinha uma intuição cósmica. Eu não sei como alguns homens são tão felizes e vêem Deus em tudo. Vêem Deus numa planta, vêem Deus num peixinho, vêem Deus num passarinho, vêem Deus em tudo. Até no irmão lobo, como ele dizia. Até na morte. Em tudo. No sol e na lua, em tudo. Eles têm uma visão cósmica. Eles vêem através dos invólucros existenciais e enxergam a realidade essencial.
É interessante. Alguns são tão felizes como Francisco de Assis e muitos outros que já nascem com uma tremenda facilidade de intuição cósmica. Eles vêem os invólucros duma pedra, mas não dizem que isto é uma pedra. Eles dizem, isto é Deus em forma duma pedra. Depois eles vêem uma flor e dizem, isto não é uma flor, isto é Deus em forma duma flor. E vêem um passarinho e dizem isto é Deus, em forma dum passarinho. E vêem um peixinho e dizem, isto é Deus em forma de um peixe.
Por isso Francisco de Assis falava com os passarinhos. E os passarinhos o entendiam. Os peixes o entendiam. E uma vez falou com o irmão lobo que estava matando ovelhas, lá embaixo. E disseram: estes lobos estão matando todas as ovelhas aqui embaixo, Francisco, pode matar este lobo?
Matar?” Ele disse, “não vão matar o lobo, não. Vou falar com ele, que ele não faça estas bobagens. Deixe-me subir o morro onde ele mora. Ele deve morar lá em cima do morro numa caverna”. Disseram, “você não leva arma consigo nem nada?” “Não, não, Deus está lá e Deus está nele e Deus está em mim, chega”. E Francisco de Assis foi subindo o morro, dizendo, “irmão lobo, onde é que tu moras?” Nada de resposta. Finalmente chegou diante de uma caverna e disse: “irmão lobo, parece que tu moras aqui”.
Saiu da caverna. “Uh!” Ficou diante de Francisco de Assis, olhou para ele e Francisco de Assis disse:
- “Irmão lobo, eu vi dizer muitas maldades de você. Você está matando as ovelhas da gente lá embaixo. Olha há tantos animais selvagens aqui no mato que não fazem falta a ninguém, por que você não caça estes animais. Por que você tem que apanhar as ovelhas lá embaixo, que estão encurralados e podem apanhar facilmente, faça um pouco mais de trabalho e vá caçar uma coisa aqui no mato”.
E irmão lobo fez “Uh!” E foi-se embora. E desde então ele nunca mais matou nada.
Muitos dizem que isto é uma fabula. Isto é  pura realidade. Para um homem que chegou à consciência cósmica de ver Deus em tudo, é claro que ele falou com Deus em forma dum lobo. Deus não fazia estas maldades. A essência não fazia estas coisas, mas a existência do lobo é que fazia estas coisas que ele não devia fazer. Então ele falou com a existência do lobo, mas sabia que a essência divina estava nesta existência visível.
 Bem, isto nós devíamos pouco a pouco chegar à visão cósmica, enxergar a realidade ou a essência, ou a Divindade em todas as facticidades, em todas as existências, em todas as creaturas. Isto seria o nascimento da nova humanidade.
A nova humanidade não vai aparecer no 3o milênio. Não tenha a menor esperança, no 3o milênio, nem no 4o milênio, nem no 10o milênio, nem no vigésimo milênio, não vai aparecer a nova humanidade. A nova humanidade é fenômeno individual. E Francisco estava na nova humanidade. Em Jesus, um dos maiores representantes da nova humanidade. Ele falava a um doente e o doente não estava mais doente. Ele falava até a um morto de 3 ou 4 dias, já, Lázaro, e a vida voltava para o morto. Ele curava a qualquer distância porque para a essência divina não há distâncias.
A distância é para a existência, Mas a distância não é para a essência. Então eles estavam todos em consciência cósmica que seria o início da 3a humanidade que está representada nesta humanidade de hoje em algumas pessoas, como em Francisco de Assis, como em Jesus, como em muitos outros aí. Isto é um tipo avançado da humanidade, em indivíduos, mas não como massa. A massa nunca será da nova humanidade. Eu não creio, não sou tão otimista que possa acreditar que dentro de mil anos ou dentro de 2000 ou de 10.000 anos estes analfabetos espirituais, embora doutores em letras, sejam capazes de enxergar Deus em tudo. Não é fácil. Isto supõe uma evolução de milhões e milhões de anos. E talvez uma evolução apenas parcial. Não uma evolução total da humanidade. A massa não passa por evolução rápida. O indivíduo às vezes passa por uma evolução rápida, mas as grandes massas, milhões e milhões vão com passos mínimos em espaços máximos.
A evolução progride um milímetro  em mil anos. No entanto, às vezes até atrasa, em vez de evolução sofremos uma estagnação, parando, ou uma involução, regredindo. É possível uma evolução para cima, uma involução para baixo ou uma estagnação no meio. Tudo é possível. E o grosso da humanidade está na estagnação e muitos estão na involução.  E uns poucos estão na evolução. A evolução é para cima, a involução é para baixo. E a estagnação é no meio... deixa como está para ver como fica. Parar, não fazer esforço. Não fazer nada. 
Outros ficam piores. Isto é involução e uns poucos têm a coragem de subir porque a subida é a única coisa difícil. Estagnar não é difícil. Ficar lá parado, deitar-se na cama e pronto. Involução também não é difícil. Deixar-se cair. A gente cai por si mesmo, sem nenhum esforço.
Quer dizer, a involução é o mais fácil de tudo. Estagnação também é fácil. Basta preguiça e nada mais. Agora vem o 3o de evolução.  Evolução é a única subida que existe. Evolução é sair do plano horizontal para cima e todo mundo sabe que subir é difícil. Ficar deitado é fácil e deixar-se cair para baixo é facílimo.
 De maneira que, há poucos que fazem evolução para cima. Há muitos que vivem na estagnação e há muitíssimos que vivem na involução. E o grosso da humanidade é isto. Nós não podemos pensar que o grosso da humanidade passe da estagnação ou até da involução para a evolução. É muito otimismo supor isto. Porque a evolução não acontece por si mesmo. Ela só acontece com esforço próprio.
 Tudo que é fácil não é evolução. Fácil, é somente a estagnação e a involução. São coisas fáceis. O que é difícil é subir. A evolução é a única coisa difícil. E quem é que gosta das coisas difíceis? É difícil encontrar uma pessoa que goste das coisas difíceis. Milhões gostam das coisas fáceis. Um ou dois também tem a coragem de fazer as coisas difíceis. O fácil é para os covardes. O difícil é para os heróis. Mas será que há muitos heróis por ai? Há muitos covardes, mas há poucos heróis.
Quantas vezes eu ouço dizer: “Ah! Mas isto é muito difícil, fazer meditação de meia hora cada dia e entrar na cosmoconsciência, sair da egoconsciência. Isto é muito difícil”. Ou como diz o nosso caipira “isto puxa muito pela idéia.”
Mas é claro, eu digo, se fosse fácil não valeria nada, porque o que é fácil geralmente não vale nada. O que é difícil é que tem valor. Mas, nós gostamos do fácil. E não gostamos do difícil, por isso não saímos da horizontal e não subimos para a vertical, nem sequer para a ascensional. Subir  da horizontal para a vertical são 90o segundo a geometria. Linha horizontal e a linha vertical são um ângulo reto, 90o , diz a geometria. Para eu chegar do ponto zero que é a horizontal, para o ponto 90, eu tenho que passar por muitos intermediários.


 Eu tenho que subir de zero para 1, de 1 para 2, de 3 para 4; porque eu não posso dar um pulo tão grande de zero para 90. Isto não é possível. Eu posso passar de zero para 1, não é vertical; é ascensional. Eu posso passar de 1 para 2, de 2 para 3, e posso chegar até 45 que é metade do ângulo reto. Já estou na metade do caminho  vertical, mas ainda não estou na vertical. Ainda estou numa linha ascensional. Já é evolução, mas ainda não é verticalidade. E se eu continuasse a subir...esforço e mais esforço...  até ficar na vertical...  uma linha vertical, então eu estaria seguro.

2a parte

Enquanto eu não estou na vertical a prumo, portanto, eu não estou seguro. Enquanto eu estou na ascensional eu posso recair para horizontal. Se eu estou na horizontal, é zero e eu quero ir à vertical que é 90, eu tenho que passar tudo isto aqui. Isto aqui, subindo cada vez um pouco. Mas, cada vez com esforço e cada vez com perigo de recair. A recaída é fácil. A gente se deixa cair e cai. Quando estou aqui a recaída ainda é possível.
 Quando eu estou na vertical acabou o perigo da recaída. Porque todo engenheiro sabe, se eu ponho um poste na vertical, não há perigo de cair. Mas se o poste está meio inclinado ou o edifício de muitos andares... se eu não ponho bem a prumo, na vertical, o edifício vai cair pouco a pouco, vira torre de pizza.
Então quando o indivíduo está aqui, bem na vertical; isto é que nós chamamos iniciação. O caminho para iniciação é isto aqui.  A iniciação mesmo é aqui, mas enquanto alguém não chegou à iniciação, ele está sempre em perigo de recair. Sem esforço ele recai, com esforço ele sobe. É evidente! É pura geometria.
Então, quando alguém chega aqui na iniciação, então ele vê a essência divina em todas as existências finitas. Ele vê a essência infinita em todas as existências finitas, ou em linguagem comum ele vê Deus em todas as creaturas. Nós usamos esta linguagem de teologia. Dizemos, ele vê o infinito em todos os finitos. O infinito está presente em todos os finitos, e todos os finitos estão dentro do infinito. Isto é absolutamente certo. O infinito está presente em todos os finitos e todos os finitos estão no infinito. Isto é tão certo como 2 vezes 2 são 4. Isto é um fato, é uma realidade, mas isto não é a nossa experiência.
A nossa experiência é muito vagarosa. A realidade já existe. A presença de Deus é um fato certo em todas as creaturas, mas até eu enxergar a presença de Deus em todas as creaturas, quanto tempo eu levo?
Paramahansa Yogananda, lá no livro dele Autobiografia de um yogue, (ele era um grande iniciado) diz: “muitos me perguntam quanto tempo eu levo para chegar à consciência cósmica, ou para intuição cósmica, será que vou alcançar isto em 50 anos? Em 100 anos, em 200 anos ou em 1000 anos?” E ele respondia “isto não é questão de tempo, é questão de intensidade e não de tempo”.Porque o homem comum pensa que ele tem que levar tanto tempo e tantas reencarnações para alcançar isto. Mas os iniciados sabem que não depende de tempo. Não depende de 1 século, nem de 2 séculos, nem de 1 milênio. Depende de que? Do esforço de consciência. Intensificar a consciência leva muito mais do que esperar mil anos.  Daqui a mil anos, quem não intensifica a consciência não está iniciado, daqui a 1 milhão de anos também não está iniciado, mas, se ele intensificar a sua consciência ele pode estar iniciado hoje, amanhã ou daqui a uma semana. Paramahansa Yogananda diz: “ nós podemos fazer em 20 anos aqui na terra o que outros não fazem em 20 séculos”.
Nós podemos fazer, mas depende da intensidade da consciência. Logo, não é questão de extensidade. É questão de intensidade. Extensidade é tempo, uma enorme extensão de séculos ou de milênios. Extenso. Com o extenso nós não podemos alcançar nada. Com o intenso nós podemos abreviar a nossa evolução por milhares e milhões de anos. É questão de intensidade. Que quer dizer intensidade? Chegar até o ponto central da sua própria consciência; porque geralmente nós andamos na periferia da nossa consciência, e é difícil entrar para o centro. E custa um esforço muito grande, uma meditação prolongada e intensa para chegar até o centro do meu ser.
No centro do meu ser eu me encontro com a essência divina. Na periferia do meu ser eu só me encontro com  as minhas existências humanas, cheias de misérias. Cheia de doenças, de maldades, cheia de doenças de toda espécie. Está tudo na periferia. Se eu chegasse até o centro, eu não só saberia nada destas maldades, nem desses males, porque na essência não há maldades e na essência não há males. Não há doença, também não há morte. Tudo isto, doenças, maldades, morte, são da periferia, são da existência finita.
As existências finitas podem ser más, podem ser doentes, podem ser infelizes. Podem sofrer morte. Tudo isto é da existência. Agora quando alguém chega em contato com a sua própria essência que está em cada um de nós, adeus. Adeus tudo isto que me atormentava na existência. E o interessante é que a própria existência muitas vezes melhora com a consciência da  essência.
Por que é que Jesus nunca esteve doente? Porque a existência humana dele estava permeada pela consciência da essência divina. E quando alguém está plenamente permeado, completamente permeado pela luz da essência divina como um cristal é permeado pela luz, então acabou tudo isto. Por isto ele nunca precisou de médico e nunca esteve doente, porque a existência humana de Jesus estava permeada pela consciência da essência divina do seu Cristo.
Com Moisés aconteceu uma coisa parecida; eu creio que Moisés foi o maior iniciado antes de Jesus.  Moisés viveu 1500 anos antes de Jesus, no Egito e na Arábia. Nunca se fala numa doença de Moisés. Ele viveu 120 anos. E a Bíblia diz a cada momento que Moisés, quando tinha 80 anos estava em plena juventude. Como é que está em plena juventude com 80 anos.
Depois antes de contar o fim de Moisés diz: e Moisés quando tinha 120 anos estava ainda em plena juventude, e não morreu. Transformou o seu corpo material num corpo astral. E o corpo astral se vai embora, não se vê. Isto é sinal de grande iniciação e de grande consciência cósmica. Mas isto supõe intensidade, intensificação da consciência. Com a nossa consciência extensa, mas não intensa, porque nós temos uma consciência extensa pelos sentidos e pela inteligência, mas não temos uma consciência intensificada pelo espírito.
Se nós conseguíssemos intensificar a nossa consciência, a nossa essência divina, portanto, porque a consciência é a essência divina em nós; então, nós viríamos o mundo com outros olhos. Nós tínhamos mais medo de ser maus do que de sofrer o mal. Hoje em dia todo mundo tem medo de sofrer males mas não tem muito medo de ser mau.
Uma vez eu encontrei um homem que parece que já estava iniciado. Ele me contou: Olhe esta noite eu fui roubado, um ladrão arrombou a minha porta e roubou tudo que eu tinha em casa, mas quem saiu pior foi ele. Eu disse: “Por que ele saiu pior?” Ele disse: “Porque ele roubou, eu só fui roubado.
Bem, quem pode falar assim já deve estar perto da iniciação. Ele roubou e eu só fui roubado. Roubar é ser mau. Ser roubado é apenas sofrer o mal. Mas ser mau é muito pior do que sofrer o mal; para quem tem intuição cósmica, não para os outros. Para o homem comum sofrer o mal é muito pior do que ser mau. Isto é muito atraso e muito analfabetismo espiritual, é claro. Mas, o grosso da humanidade pensa assim. É melhor ser mau do que sofrer males, mas, os iniciados, dizem, que ser mau é muito pior do que ser vítima de males.
Bem, quer dizer, nós estamos sempre num jogo de duas coisas: essência e existência, a realidade invisível e as facticidades visíveis. O infinito invisível e os finitos visíveis. O absoluto eterno e os relativos temporários. Depende o que vai prevalecer. Vai prevalecer o finito ou infinito em nós. Aqui eu fiz prevalecer o infinito. O infinito aqui ultrapassou as linhas do finito. Porque a linha vermelha aqui é o finito e a linha preta a cruz preta é o infinito. Aqui o infinito está muito pequenino e o finito é muito grande. Quer dizer aqui o homem ainda não chegou à consciência da sua realidade. Ele ainda não descobriu a sua verdadeira essência, ele apenas enxerga a sua existência.
Isto aqui  é um pequeno esforço de consciência e quase zero. Aqui é um grande esforço de consciência porque ele já percebe o infinito maior do que o seu próprio finito. Isto é progresso espiritual. Isto é iniciação. Aqui já está iniciado. Quem enxerga o infinito dentro de todos os finitos já está bem avançado. Não precisa ser dentro de si mesmo. Também pode ser dentro de outros. Quem enxerga o infinito dentro de qualquer creatura dentro de uma pedra, dentro de uma planta, dentro dum animal e dentro de seus companheiros já está com uma visão cósmica. Já ultrapassou a miopia da egoconsciência e já entrou na visão larga da cosmoconsciência.
Isto depende do nosso livre arbítreo. Isto não nos vai acontecer. Isto nós temos que fazer. As outras coisas nos acontecem, sem nosso merecimento nem nossa culpa. Isto não acontece a ninguém, porque ninguém pode ser iniciado por alguém.
Não acredite nesta história de iniciação que anda por aí.. Fulano iniciou sicrano. Bobagem. Ninguém pode iniciar alguém. Ninguém me pode iniciar, e eu não posso iniciar nenhum de vós. Mas eles pensam que pode. Andam por ai mestres de iniciação. Até dão livros para ser iniciados. Eu me posso auto-iniciar e cada um de vós se pode auto-iniciar. Isto pode, está certo. Só existe auto-iniciação. Não existe alo-iniciação.
O guru pode mostrar o caminho para o outro. Isto pode. E deve até. Ele pode dizer: olhe meu amigo, eu não te posso iniciar na consciência cósmica, eu não te posso iniciar na essência divina isto eu não posso fazer, mas se tu fores por este caminho que te estou mostrando, tu vais  auto-iniciar-te. No fim tu vais chegar à auto-iniciação. Eu não te posso iniciar, isto seria um contrabando. O mestre que pensa que pode iniciar alguém é um contrabandista. Nenhum mestre pode iniciar alguém. O mestre pode mostrar o caminho para alguém se auto-iniciar.
 Jesus mostrou o caminho aos seus discípulos. Mas não iniciou ninguém. É fantástico, no Evangelho, nunca lemos que Jesus tenha iniciado um só dos seus discípulos. Nunca. Ele mostrou o caminho do reino de Deus. “Vai por este caminho  e te iniciarás.” E eles se iniciaram. No dia do Pentecostes quando veio o Espírito Santo sobre eles, 120 pessoas, diz Lucas nos atos dos apóstolos, naquela manhã de domingo, foram auto-iniciadas. 
 Não tinha nenhum guru por aí. 120 pessoas, homens e mulheres foram auto-iniciadas no Cenáculo de Jerusalém, no dia de Pentecostes. Por quê?  Porque durante 3 anos tinham andado com o maior dos mestres e tinham ouvido o que ele dizia para a gente se iniciar e tinham cumprido, eles tinham entrado no caminho mostrado por Jesus, mas, depois eles se auto-iniciaram. Isto cada um de nós pode fazer. Outros podem mostrar-nos o caminho, mas outros não nos podem iniciar.
A minha consciência me inicia, se eu intensificar bastante a minha consciência.

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